quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Monsaraz na Rota Sefardita.



Os Judeus de Monsaraz




Monsaraz evoluiu do Monte Xarez ou Xaraz, do árabe saris ou sharish, designado a vegetação de estevas (xaras), na altura muito abundante nas margens do rio Guadiana.




Em Monsaraz, uma das vilas medievais portuguesas mais bem preservadas, existiu uma judiaria dentro das muralhas nas imediações da Rua Direita. Este centro histórico, que no passado acolheu muitos judeus e "marranos" vindos de Espanha, apresenta hoje um conjunto muito uniforme de ruas e edifícios da época.





Rua Direita


Foi durante o reinado de D. Dinis, que se edificou o núcleo primitivo do Castelo, este com quatro entradas: a Porta Velha, a Porta de Évora, a Porta de el rei D. Dinis ou do Buraco, e finalmente, a Porta da Traição, esta última permitia a entrada directa para a Judiaria e Mouraria desta vila alentejana.




A economia de Monsaraz, no século XIII, seguia o modelo da época nas terras do sul de Portugal acabadas de reconquistar aos mouros e era, fundamentalmente, agrícola e pastoril.

Ao lado desta economia agro-pastoril de base e na continuidade das tradições romana e muçulmana temos como certo um apreciável desenvolvimento das pequenas indústrias da olaria tosca – ainda hoje persistente e florescente em Aldeia do Mato – dos cobres martelados e dos chocalhos ao artesanato grosseiro dos tecidos de lã e linho – saragoças, estamenhas, buréis e mantas regionais.




O núcleo demográfico inicial era constituído por cristãos, moçárabes, mouros e judeus.


A comunidade hebraica, quase sempre segregada para a periferia arrabaldina das povoações, instalou aqui em Monsaraz, excepcionalmente a sua judiaria intramuros da vila. 

Na base da tolerância religiosa pelos judeus e pelos mouros encontrava-se, fundamentalmente, o problema do repovoamento das terras acabadas de reconquistar pelos cristãos, tantas vezes sujeitas a um regime de penúria demográfica incompatíveis com o seu ulterior progresso económico e social. 




Nesta política de repovoamento, como tão lucidamente opinou Vallecillo Ávila num belo estudo publicado a propósito dos judeus de Castela:


“Os cristãos, poucos em número e pobres de recursos, aceitavam a colaboração de quantos a isso se prestavam”.


Os judeus de Monsaraz, principalmente devotados às operações da banca e aos complicados e equívocos tratos da mercadoria, não devem, contudo, ter sido apenas financeiros e mercadores. Foram, também, com certeza, lavradores e coureleiros, dado que a toponímia montesarense do século XIII regista parcelas agrárias que pertenceram ao famoso bispo eborense da Reconquista D. Durando Pais e que se encontravam, precisamente, localizadas em sítio já conhecido, nessa época, pelo Vale do Judeu.




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