sábado, 27 de junho de 2015

Cartas de Lisboa | Chukat




Chukat



Na parsha desta semana encontramos o episódio da serpente de cobre.


Depois de mais uma rodada de denúncias onde as pessoas falam novamente de voltar para o Egipto, acontece uma cena aterrorizante: Cobras invadem o acampamento e as pessoas morrem vítimas das suas mordidas.





O que se segue é um remédio fascinante. Sob instruções de D-us, Moisés cria uma cobra feita a partir de cobre, e a qual foi colocada no alto de um poste.

O versículo descreve então o efeito disto em quem tivesse sido mordido por uma cobra; "Ele, então, olha momentaneamente para a serpente de cobre e vive." (Bamidbar 21: 9)





Sendo um feito bastante milagroso, fica a questão de saber como é que esta serpente de cobre permitiu às pessoas que para ela olhavam ficarem curadas e viverem?

O Rabino Yosef Karo, que viveu em Portugal quando era um jovem, aporta uma explicação mística fascinante na sua obra o Magid Meisharim.

Sendo um feito bastante milagroso, fica a questão de saber como é que esta serpente de cobre permitiu às pessoas que para ela olhavam ficarem curadas e viverem?




O Rabino Yosef Karo, que viveu em Portugal quando era um jovem, aporta uma explicação mística fascinante na sua obra o Magid Meisharim.

A cura diz ele, não vem de dentro da serpente, mas sim de dentro da pessoa que olha para ela.

A cobra representa o ietser hará, a inclinação natural para a prossecução de objetivos físicos e materiais.

A chave para lidar com o desafio da abundância material, explica, é a de usar somente o que é necessário e realmente necessário.

O bem-estar material não é o objetivo, mas sim e apenas uma ferramenta necessária para a nossa vida e vitalidade, permitindo-nos cumprir a missão que D-us nos reservou.

Quando nos deparamos com uma cobra, ou pior ainda, quando somos mordidos por uma, o mundano torna-se o nosso foco central, já que estamos em grave perigo.

A solução está com um desprendimento cuidadoso e deliberado. "Olha momentaneamente para a serpente de cobre e vive."

Olhando ligeiramente para a cobra, ele explica, é uma alusão a apenas ter um envolvimento ligeiro com itens de natureza material. Não é um envolvimento profundo, apenas um ligeiro, somente o suficiente para estar saudável e bem.

Isto, diz ele, é a solução para esta doença. Quando cercado por cobras, ou seja, do excesso do físico e material, precisamos mudar o foco.

As nossas posses e coisas que desfrutamos não podem distrair-nos. Elas são apenas as ferramentas para ajudar com o que mais importa, a nossa alma e o nosso espírito.



Shabat Shalom!
Cortesia do Rabbi
Eli Rosenfeld
chabadportugal.com




1ª pintura de Shoshannah Brombacher
Restantes pinturas de artistas não identificados

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Cartas de Lisboa | Peixe‏




Korach



Todos nós sabemos as implicações de ter um peixe fora da água. Mas o que dizer de um peixe dentro de água?





Esta questão é de fato sujeito de um debate talmúdico no contexto referente às leis de imersão na Mikvá.






De acordo com a Lei Judaica, nada pode separar ou interpor-se entre o indivíduo ou objecto que está a ser imerso e o corpo de água onde está a ser imerso.

E os peixes?



Em Junho de 1941, o Lubavitcher Rebe estava em Lisboa. Um dia antes de embarcar no Serpa Pinto a caminho de Nova Iorque, o Rebe abordou este assunto.




Enquanto é certo que os peixes são uma parte muito importante da vida em Portugal, o Rebe estava neste caso a abordar um tema central no judaísmo - a vinda de Moshiach.


Se é certo que a vinda de Mashiach inaugura uma era de paz e prosperidade, a descrição do Talmude dos momentos anteriores à sua chagada, pinta um retrato de um mundo em caos.




"O filho de David (Mashiach) só virá, quando se procurar peixe para uma pessoa doente e nenhum for encontrado" (Talmude Sinédrio)






Em vez de abundância e felicidade, descreve-se um mundo de escassez e desafios. Como pode ser isso?


O Rebe, ao escrever em Lisboa, examina esta passagem talmúdica, à luz do pensamento chassídico e dos seus ensinamentos. O que emerge não é uma descrição de uma sociedade em colapso, mas uma de ambição espiritual e de beleza.


Um peixe submerso em água é um peixe conectado com a sua fonte de vida e vitalidade. Isto é de acordo com a Cabala o objectivo do ser humano, estar conectado com D-us, e completamente envolto por espiritualidade.


É aí que o debate talmúdico anterior entra em jogo. Um peixe na água é considerado como uma entidade separada, em cujo caso invalidaria uma imersão por limitar o alcance da água, ou não?


O Rabino Shimon ben Gamliel, diz que não. Um peixe na água é realmente uma parte integrante da existência marítima e não pode portanto criar uma separação que invalide a imersão.


No que respeita ao "peixe humano" a ambição de ser completamente conectado com D-us e absorvido em Sua aura, é exactamente o mesmo, a meta é a de estar completamente conectado com D-us.


No entanto, diz o Rebe, a Halacha, a decisão prática tomada de acordo com a Lei Judaica, é que os peixes não são completamente uma parte do mar e podem, portanto, invalidar a imersão.


Isto diz o Rebe, é o significado da declaração talmúdica na sua essência. "A procura de peixe" é uma alusão ao nosso desejo de ser completamente um com o nosso Criador. No entanto, "nenhum será encontrado", ou seja na era pré-Mashiach não é completamente possível ser-se totalmente espiritual.


No entanto, o estar incompleto, a incapacidade de completamente nos unirmos com D-us, é de acordo com a abordagem do Rebe, uma referência a um mundo que está quase nessa fase.


Não é um mundo a escorregar para o caos mas sim um mundo à beira de grandeza. No limiar de cumprir o sonho da humanidade e criar um mundo perfeito, onde estar em sincronia total com D-us, já não é só a nossa ambição mas sim a nossa realidade.



 Shabat Shalom!


* Este Shabat, o Terceiro de Tamuz marca o vigésimo primeiro Yahrtzeit, - aniversário de falecimento - do Rebe. A vida e os ensinamentos do Rebe estão repletos do anseio e da esperança pela vinda de Mashiach. Que possamos merecer a sua chegada imediatamente.


Cortesia do Rabino
Eli Rosenfeld


chabadportugal.com



Fonte das Imagens:




domingo, 14 de junho de 2015

O dia de hoje na história judaica ! 27 Sivan 5775




R. Chananya ben Tradyon é assassinado 
(II séc. EC)



Pintura de Michel D'Anastacio | “Shemá Israel”


Rabi Chananya ben Tradyon, um dos "Dez Mártires", foi morto nesta data. Quando os Romanos o descobriram ensinando Torá, (algo que era proibido pela lei), eles o embrulharam num Rolo de Torá, empilharam gravetos sobre ele e antes de atear fogo puseram tecido de lã humedecido sobre ele para prolongar a agonia de ser queimado até a morte.


Quando as chamas o estavam a engolir, os seus discípulos perguntaram-lhe: 

"Mestre, o que vê?"

Rabi Chananya respondeu: "Vejo um Rolo queimando, mas as letras voando até o Céu."




Fonte:
http://www.pt.chabad.org/calendar/view/day.asp?tdate=6/14/2015&id=907119


terça-feira, 9 de junho de 2015

O dia de hoje na história judaica | 22 Sivan 5775





Miriam entra em Quarentena
(1312 AEC)


Gravura de James Tissot


Miriam, a irmã mais velha de Moisés, foi afligida por tsaarat (lepra) após falar negativamente sobre Moisés, e ficou de quarentena e fora do acampamento por sete dias – como está relatado em Bamidbar 12.



Fonte:

http://www.pt.chabad.org/calendar/view/day.asp?tdate=6/9/2015&id=907099

segunda-feira, 8 de junho de 2015

"Not in My Name"




'Not in God's Name'


Watch Rabbi Sacks talk about why he wrote his new book 
'Not in God's Name' - out this Thursday!


"Too often in the history of religion, people have killed in the name of the God of life, waged war in the name of the God of peace, hated in the name of the God of love and practised cruelty in the name of the God of compassion. When this happens, God speaks, sometimes in a still, small voice almost inaudible beneath the clamour of those claiming to speak on his behalf.


 What he says at such times is: Not in My Name."





To Order:


Fontes:

Rabbi Sacks

https://www.youtube.com/watch?v=m6GCnzfenWY

domingo, 7 de junho de 2015

"Bsorot Tovot"




Shavua Tov!


Boris Shapiro 
Painting -“Good News”

Fonte:

https://www.facebook.com/boris.shapiro9?fref=nf

sexta-feira, 5 de junho de 2015

Cartas de Lisboa | Menorá



Beha'alotecha


Char Vanderhorst sculpture



A nossa Parsha começa com instruções a Aaron sobre as leis referentes à iluminação da Menorá. "Fala a Aaron ... Quando acender as luzes ... as sete lâmpadas lançam a sua luz para o centro ..." (Bamidbar 8: 2)


Após os versos de abertura descreverem o procedimento do acendimento da Menorá, a Torá continua com os detalhes de como a Menorá foi feita.




"Este é o método de construção da Menorá" (Bamidbar 8: 3) após o que a Torá descreve o processo de construção da Menorá, a partir de um único bloco de ouro forjado até possuir os famosos sete ramos.





O Rabino Abraão Sabá, na sua obra o Tzror Hamor, deixa as seguintes perguntas:


"O que está sendo discutido são as leis que dizem respeito ao uso da Menorá, não à sua construção. Assim sendo por que é que se vai ao detalhe no que respeita à sua construção?"


"Qual a importância de incluir aqui os detalhes sobre a construção da Menorá, uma vez que a Torá já tinha discutido isso longamente no início do Livro de Shemot?"


O Rabino Sabá explica que, na realidade, a descrição da criação da Menorá é essencial para o seu uso e a sua função?


A Menorá precisava de ser formada a partir de um bloco maciço de ouro. Uma Menorá criada a partir de sete ramos separados e posteriormente fundidos, seria imprópria para uso.



Rafael Abecassis painting


A Menorá, explica ele, representa a unidade - a unidade de D-us e a unidade do povo judeu.


A iluminação da Menorá simboliza a união da Menorá física existente neste nosso mundo a qual espelha a Menorá espiritual do reino do Divino. A Menorá conecta todas as coisas ao seu Criador, e os membros do povo judeu uns aos outros.


Ao acender a Menorá, Aaron não só estava a acender sete ramos individuais, mas também a salientar o denominador comum da Menorá, a sua unidade. O facto de todos os sete ramos serem essencialmente expressões de um núcleo comum.


Na verdade, diz o Rabino Sabá, podemos ver esta ideia reflectida na escolha da Torá sobre a palavra que descreve a iluminação da Menorá. "Beha'alotecha" o nome da nossa Parsha, no contexto quer dizer ‘para acender’, mas também pode significar ‘levantar-se’ ou ‘para elevar’.


É por isso que a Torá inclui as informações sobre como a Menorá era feita, lembrando-nos sobre a sua finalidade.


O objectivo de acender a Menorá, era “levantar-se” e "elevar" para revelar a sua verdadeira realidade interior, a nossa conexão com D-us, onde separação se torna unidade.



Shabat Shalom!

Cortesia do Rabino


Eli Rosenfeld
chabadportugal.com

quinta-feira, 4 de junho de 2015

O dia de hoje na história judaica | 17 Sivan 5775





Arca de Noé no Monte Ararat


(2105 AEC)



Pintura de Leonora Carrington
“Arca de Noé”


Sete meses depois do início do dilúvio, e 17 dias após as águas que cobriam a terra começaram a recuar. A arca de Noé, era uma Arca que abrigava o próprio e a sua família, assim como um casal de todas as espécies animais. A arca pousou sobre no (AINDA submerso) Monte Ararat.



Pintura de Iba Mendes 
“Arca de Noé”



Fonte:

http://www.pt.chabad.org/calendar/view/day.asp?tdate=6/4/2015&id=907081