Beshalach
Pintura de Myriam Yugoslavia - Crossing the Sea
Como separar as águas …
Para entender bem a razão pela
qual o mar foi separado, precisamos de perceber antes do mais a razão pela qual
o mar foi criado.
Por que razão criou D-us o mar?
E já que estamos nesta linha de investigação, porque é que D-us criou o mundo?
Qual é o propósito da Criação?
A filosofia hasídica traça o
propósito da Criação a uma fonte específica: o desejo Divino de disfrutar de um
lar no nosso mundo físico.
Antes da Criação nada existia a
não ser D-us. O que D-us queria era criar um lugar onde a Sua presença não fosse
trivialmente vista ou reconhecida, e ainda assim, onde Ele pudesse sentir-se
confortável e bem-vindo.
O primeiro passo nessa direcção
requer uma intensa ofuscação Divina. Se a Sua existência fosse aparente para
todos neste nosso mundo, que valor teria o nosso esforço em O buscar e em O
ouvir?
Através da Criação D-us
escondeu de nós a Sua presença. Depois deu-nos a Torá como instrumento para O
encontrar. Através do cumprimento do que D-us espera de nós ou seja, dos
Mandamentos que nos permitem que a Luz Divina brilhe através do véu da Criação
de modo a ser vista e sentida por todos.
Com isto em mente podemos
voltar à cena do êxodo em que os nossos antepassados se encontraram tendo
apenas o mar pela frente. Agora, como naquele momento, o desafio é claro.
Quando os Egípcios estavam atrás de nós e o mar à nossa frente, o que é que
fazemos?
Pintura de Frederick Arthur Bridgman
E aqui é importante recordar o
propósito da existência deste mundo. Se a Criação existe para nos permitir
buscar a D-us e escolher seguir os Seus desígnios, então claramente que nada na
Criação nos pode deter!
Nesse momento quando os Judeus
se encontravam face a uma barreira de água que parecia intransponível, eles
conseguiram ver através dela directamente para a Sua fonte. Eles não olhavam
para a realidade física de uma massa líquida mas sim para o facto de que existe
uma outra dimensão da realidade que D-us criou.
A esse nível, e com uma
perspectiva Divina, o mar e a terra seca não são realidades fundamentalmente
diferentes. Cada uma é apenas um veículo para nos permitir cumprir o desígnio
Divino de ser reconhecido neste mundo.
Quando nos ligamos ao poder
desta profunda verdade todos os nossos desafios e obstáculos mundanos
desaparecem e até mesmo o mar pode ser transformado em terra seca.
*Este Shabat é Yud Shevat, o
Décimo dia do mês de Shevat, data do falecimento do anterior Rebe de Lubavitch
em 1950, bem como o dia em que o Rebe assumiu a liderança do Chabad. Estas
ideias foram discutidas pelo Rebe neste dia em 1974.
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