Comunidade Judaica de Sintra
Antigo Mercado de Sintra
A primeira referência à judiaria de Sintra remonta ao século XII. Aqui se recolhiam os seguidores da Lei de Moisés, num beco que fechava as portas pelas Avé-Marias, ou Vésperas, impedindo os seus moradores de sair, salvo motivo especial. Esta Judiaria sintrense, a exemplo do que sucedia por todo o reino, tinha a sua própria gestão e funcionários, como, por exemplo, o tabelião, porteiro e rabi. A sinagoga, ponto central desta pequena comunidade, situava-se no terceiro prédio depois de transpormos os portais da judiaria, já que de acordo com uma carta de aforamento de dois prédios urbanos datada de 1407, afirma-se que eles ficavam entre a sinagoga e a porta da Judiaria. Esta comuna teve um relativo crescimento devido à necessidade de ferrar o cavalo, e ao aumento da produção económica da localidade. A judiaria situa-se na actual Rua das Padarias, (Rua Nova).
A partir do ano de 1480, têm um rabino de nome
Salomão ben Crespo. Nos finais do séc. XV, esta comunidade tinha um rendimento
aproximado de 600 reais, o que é relativamente modesto em relação a judiarias
como Lisboa, Santarém, Évora, Coimbra ou Porto.
A Judiaria
está localizada neste desenho de Duarte de Armas,
1509, no
canto inferior esquerdo.
Com o rei D. Afonso V, terá havido queixas por
parte dos cristãos, devido à tentativa de expansão do comércio dos judeus para
sectores mais alargados da urbe sintrense, o que levou o soberano de imediato a
ordenar, para que todo o judeu só pudesse utilizar a porta da judiaria como
local de comércio.
*Entrada
para a antiga judiaria e Beco da judiaria.
Nos finais do século XV, princípios do séc.
XVI, cristãos-velhos denunciam às autoridades da época, que crianças
cristãs-novas brincavam junto à igreja de S.Pedro de Canaferrim, num claro
“desrespeito por solo sagrado”. Desde o ano de 1493 a igreja já se encontrava
abandonada.
É curioso saber que ainda no início do século
XX, viviam ou trabalhavam nesta precisa área, taberneiros, alfaiates e
sapateiros, havendo nomes como Gabriel David Cardoso, nome tipicamente
cristão-novo, a viver e a fazer a sua vida naquele local.
Levantamento
das principais famílias judaicas de Sintra, durante os finais do séc. XIV e XV:
1390 – Lecim-Ledi, profissão desconhecida; 1382
– Jacob Navarro, arredentário das sizas gerais e dos vinhos de Sintra, Cascais
e da povoação de Cheleiros: 1405 – Mousem, ferreiro; 1441 – Samuel Weemias,
sapateiro; 1441 – Juda Almate, desconhecida; 1441 – Salomão Falaz, tecelão;
1442 – Jach Alufe, sapateiro; 1442 – Judas Guedelha, alfaiate; 1442 – Jacob de
Baiona, ferreiro; 1449 – Yoce Fadalley,desconhecida; 1456 – Judas Guedelha,
sapateiro; 1457 – Anto Cohen, alfaiate; 1457 – Abraão Ruivo, ferreiro; 1463 –
Salomão Palaçano, desconhecida; 1468 – Isaac Alcaide, desconhecida; 1469 –
Salomão Palaegno, filho de Palaçano,mercador; 1471 – José, ferrador; 1480 –
Moisés Sassor, neto de Palaçano, desconhecida; 1490 – Salomão ben Crespe,
rabino; 1496 – Moisés de Saragoça, cirurgião.
Ilustração
da segunda metade do século XIX
E é em 1503 que
aparece a última referência documentada da sinagoga de Sintra (esnoga).
Judiaria
de Sintra
Aguarela
de John Constable
Fontes:
Biblioteca
Municipal e Obra em seis volumes, ano de 1997/8, dedicada a Alfredo da Costa
Azevedo. CMS.
Fotos* e Vídeo de
Rafael e Carlos Baptista
http://www.cm-sintra.pt/ItinerariosPontoInteresse.aspx?IDItinerario=4&ID=8
http://photoconversa.blogspot.pt/2010_12_01_archive.html
http://www.aminhasintra.net/sintraclopedia/duarte-de-armas
http://www.serradesintra.net/fotos-de-sintra
http://caminhandoporsintra.blogspot.pt/2013/07/igreja-de-sao-pedro-de-canaferrim.html
http://riodasmacas.blogspot.pt/2010/11/o-antigo-mercado-de-cintra.html
http://desenhoaguarela.blogspot.pt/2012_02_01_archive.html
Me sobrenome é Cintra. Fico curioso a saber se acaso tenho sangue judeu.
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