sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

Cartas de Lisboa | Lâmpada e Luz





Lâmpada e Luz



Em Tehilim, há um belo verso descrevendo o efeito que a Torá tem sobre nós,
 usando a analogia da luz:

"As suas palavras são uma lâmpada para o meu pé e a luz para o meu caminho." (Tehilim 119: 105)



Apesar das palavras em si mesmas serem muito bonitas, qual é a mensagem que pretendem transmitir?


Rabi Yosef Chayon, Rabino de Lisboa no século XV, explica este versículo de maneira muito inspiradora:



O caminho mencionado é a viagem pela vida. Ao caminhar ao longo da vida devemos sempre ter cuidado para não tropeçar. No entanto, uma lâmpada só ilumina a vizinhança imediata, para iluminar completamente todo o caminho é preciso uma luz adicional.



Diz o Rabino Chayon, que esta é a garantia  que estamos recebendo. A Torá e as Mitzvot que fazemos ajudam-nos em todo o percurso da vida. Ao fazer uma Mitsvá, estamos imediatamente seguros de que isso nos ajudará a permanecer na posição vertical iluminando o chão que pisamos. No entanto, iluminar a nossa localização imediata é apenas o começo. À medida que o versículo prossegue, alcançamos a luz e o brilho iluminando todo o "caminho", mesmo a distâncias longas. Segurando firmemente a nossa lâmpada da Torah e das Mitzvot, o nosso percurso na sua totalidade vai-se transformado da escuridão até à luz.



Nesta veia, o Rebe ensinou-nos a aumentar sempre uma Mitsvá com outra Mitsvá, outra luz. Especialmente durante Chanucá, estamos todos focados em trazer o calor e a luz do Judaísmo para o mundo inteiro. Temos a certeza de que colectivamente podemos fazer o mundo brilhar com a luz e a beleza da Torá e Mitzvot.




Junte-se a nós e vamos todos juntos "iluminar" Lisboa e Cascais esta semana com as Velas de Chanucá.



Shabbat Shalom e Chanucá Sameach!

Cortesia do Rabino
Eli Rosenfeld


chabadportugal.com

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Revivendo o Passado sempre Presente!


Avec le peintre:   Lionel Cohen


Hannukah, voyage dans le temps.
Acrylique sur toile 90x70 cm



Tableau réalisé en exclusivité pour l'expo à Marseille.

Mélange du passé et du futur, du noir et blanc avec la couleur.... Début d'une série que je vous ferai découvrir très prochainement.


Hannukkah Movie
Acrylique sur toile 56 x 45 cm


Disponible.
Dans la série noir blanc et couleur.
Visible à la galerie Sebastopol à Marseille.


Plus d'informations sur:



sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Cartas de Lisboa | Dar e Receber




Vayeitzei




Caridosos actos de dádiva e de bondade são parte do tecido da vida, da história e da lei judaica. Desde as primeiras histórias dos nossos antepassados que lemos como eles sempre se comprometeram em designar parte de suas posses para um propósito mais elevado.


Na nossa parashá, lemos as palavras de Jacó afirmando a D-us: "De tudo o que Me der, eu darei um dízimo (dez por cento) para Ti". (Bereishit 28:22)


Para além do costume e da obrigação da caridade, também encontramos palavras fortes associadas ao seu mérito. No livro de Mishlei (Provérbios) encontramos as famosas palavras "e a caridade salvará da morte" (Mishlei 10: 2)


Embora a intenção do verso pareça clara, o uso especifico destas palavras requer explicação. Por que é que a caridade salva da morte? A morte de quem?


O Rabino Ya'akov Tzemach, um cabalista nascido no Portugal do século XVI, expõe os elementos místicos e ocultos dessas palavras. "E a caridade salvará da morte" no hebraico é "u'tzedakah tazil mimavet". As primeiras letras destas palavras são, "Vav", "Tav" e "Mem". Quando rearranjado, essas são as próprias letras que compõem a palavra "mavet" - a morte.


Diz o Rabino Tzemach, o verso realmente fala não de uma, mas duas mortes que estão sendo evitadas.


Em primeiro lugar, a vida daquele que recebe o ato de caridade. As necessidades da sua vida, estão agora satisfeitas, enquanto que as necessidades e carências inerentes à pobreza (que o Talmude diz serem semelhante à morte) são agora evitadas. Esta vida que é salva está clara e aparente na menção da morte no verso.


No entanto, há realmente outra menção da morte, a que o versículo alude. Esta menção é enigmática e não é claramente enunciada. Refere-se à segunda vida que está sendo salva, a vida do doador.


O sistema de recompensa da Torá é sempre, "midah k'neged midah", uma medida precisa de justiça e de recompensa que se encaixa na acção específica que teve lugar. Assim como o doador claramente salvou a vida dando e ajudando, também a sua vida é salva. É-lhe assegurada a bênção da vida e a bondade que ele próprio tinha dado a outrem.


Shabat Shalom!
Cortesia do Rabino

Eli Rosenfeld
chabadportugal.com




With Love


Shabat Shalom!




http://www.lesliepinto.com/blog

sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Cartas de Lisboa | Vayeira







     O nascimento milagroso de Isaque é descrito na Parashá desta semana. Sara que está muito além dos seus anos de vida fértil, dá à luz uma criança saudável, que continuará o legado de seus pais.







Em comemoração deste importante evento, lemos na Torá, que Abraão 
"fez uma grande festa" (Bereshit 21: 8)


     Os comentaristas têm diferentes opiniões sobre quando exactamente ocorreu esta festa. Alguns entendem esta festa como fazendo parte da celebração da Mitzvá de Brit Mila (circuncisão) e vêem isto como precursor da maneira como tal evento é celebrado tradicionalmente.


     No entanto, a leitura do verso, parece indicar algo inteiramente diferente. O versículo descreve muito claramente, como esta festa aconteceu "no dia em que Isaque foi desmamado".





Por que é que Abraão escolheu este momento em particular para 
comemorar publicamente?


      Explica Dom Abarbanel, que esta celebração estava directamente ligada a outro milagre especial, um milagre que D-us não tinha sequer mencionado a Abraão.


     O fato de que Sara em sua idade avançada tinha dado à luz, era sem dúvida milagroso, mas havia um outro milagre especial. Não só Sara deu à luz Isaque, como foi capaz de o amamentar e dele cuidar, com a saúde e a força necessária para cuidar de um bebé tão jovem.


       O nascimento de Isaque fora realmente milagroso e muito público. No entanto, houve um outro milagre pelo qual Abraão e Sara ficaram muito gratos: o de terem a força e a capacidade de criar este seu filho.



Receber este presente inesperado e especial foi a razão para esta celebração, e constitui uma lição importante para todos nós.

Que todos nós aprendamos com Abraão e Sara a reconhecer e a ser gratos por tudo o que D-us nos dá.



Shabbat Shalom!
Cortesia do Rabino
Eli Rosenfeld
chabadportugal.com



1ª Pintura - http://themaskery.com/art/paintings/
2ª Pintura - When Abraham was 100 years old, Sarah gave birth to a son. (1984 illustration by Jim Padgett, courtesy of Distant Shores Media/Sweet Publishing)
3ª Pintura - Ahuva Klein - The Great Feast

domingo, 13 de novembro de 2016

Leonard Cohen (1934-2016)





A despedida de um grande artista


Leonard Cohen no Festival Internacional de Benicàsim (Valência, Espanha), 20 de Julho de 2008. Fotografia de Diego Tuson/AFP.


        Humilde, de uma generosidade de espírito imensa, Leonard Cohen deixou-nos. E a sua partida deixou-nos uma grande saudade. Felizmente, uma saudade que podemos enganar ouvindo a sua música, a sua poesia. Melhor, graças à tecnologia podemos ouvir a sua voz quente, muito grave, quase mística.


     Muito foi dito sobre este grande artista. Portanto, não vou alongar-me. Quero apenas prestar-lhe a minha homenagem, o meu profundo agradecimento por ter sido uma inspiração na minha vida.


     Num artigo publicado neste blogue, no ano de 2013, por altura das Grandes Festas (Yamim Noraim), apresentei a versão de Leonard Cohen do poema litúrgico Unetaneh Tokef – Who by Fire. Em Who by Fire, composto em 1973 em resposta à Guerra do Yom Kippur, Cohen debate-se com a nossa mortalidade e com o conceito de Deus, a quem dirige, num misto de devoção e de fúria, estas palavras: «And who, shall I say is calling?».


     No tema The Captain, de 1984, Cohen atreve-se a tocar num assunto tabu, quando diz: «Complain, complain, that’s all you’ve done ever since we lost. If it’s not the Crucifixion, then it’s the Holocaust. »






“The Captain”

Now the Captain called me to his bed
He fumbled for my hand
"Take these silver bars," he said
"I'm giving you command."
"Command of what, there's no one here
There's only you and me --
All the rest are dead or in retreat
Or with the enemy."
"Complain, complain, that's all you've done
Ever since we lost
If it's not the Crucifixion
Then it's the Holocaust."
"May Christ have mercy on your soul
For making such a joke
Amid these hearts that burn like coal
And the flesh that rose like smoke."
"I know that you have suffered, lad,
But suffer this awhile:
Whatever makes a soldier sad
Will make a killer smile."
"I'm leaving, Captain, I must go
There's blood upon your hand
But tell me, Captain, if you know
Of a decent place to stand."
"There is no decent place to stand
In a massacre;
But if a woman take your hand
Go and stand with her."
"I left a wife in Tennessee
And a baby in Saigon --
I risked my life, but not to hear
Some country-western song."
"Ah but if you cannot raise your love
To a very high degree,
Then you're just the man I've been thinking of --
So come and stand with me."
"Your standing days are done," I cried,
"You'll rally me no more.
I don't even know what side
We fought on, or what for."
"I'm on the side that's always lost
Against the side of Heaven
I'm on the side of Snake-eyes tossed
Against the side of Seven.
And I've read the Bill of Human Rights
And some of it was true
But there wasn't any burden left
So I'm laying it on you."
Now the Captain he was dying
But the Captain wasn't hurt
The silver bars were in my hand
I pinned them to my shirt.


     Em Outubro de 2016, Leonard Cohen editou o seu último álbum. Intitulado You Want It Darker, afinal uma despedida, é uma longa reflexão sobre a sua própria mortalidade. O álbum, visto como um retorno de Cohen às suas raízes judaicas, apresenta o Cantor Gideon Zelermyer e o Coro da Sinagoga Shaar Hashomayim, da sua cidade natal, Montreal.

     O tema You Want It Darker, que dá o nome ao álbum, inclui passagens da liturgia hebraica, como por exemplo versos do Kaddish - «Magnified and sanctified be Thy holy name»; Cohen, cita também, em hebraico e em inglês, passagens do Livro de Génesis, da história do Sacrifício de Isaac (Gen. 22:1 - E foi depois destas palavras que Deus experimentou a Abraão. E disse-lhe: «Abraão!» E disse: Eis-me aqui.) – «Hineni, 

hineni, I’m ready my Lord» - «Eis-me aqui, estou pronto meu Senhor».








“You Want It Darker”

If you are the dealer, I’m out of the game
If you are the healer, it means I’m broken and lame
If thine is the glory then mine must be the shame
You want it darker
We kill the flame
Magnified, sanctified, be thy holy name
Vilified, crucified, in the human frame
A million candles burning for the help that never came
You want it darker
Hineni, hineni
I’m ready, my lord
There’s a lover in the story
But the story’s still the same
There’s a lullaby for suffering
And a paradox to blame
But it’s written in the scriptures
And it’s not some idle claim
You want it darker
We kill the flame
They’re lining up the prisoners
And the guards are taking aim
I struggled with some demons
They were middle class and tame
I didn’t know I had permission to murder and to maim
You want it darker
Hineni, hineni
I’m ready, my lord
Magnified, sanctified, be thy holy name
Vilified, crucified, in the human frame
A million candles burning for the love that never came
You want it darker
We kill the flame
If you are the dealer, let me out of the game
If you are the healer, I’m broken and lame
If thine is the glory, mine must be the shame
You want it darker
Hineni, hineni
Hineni, hineni
I’m ready, my lord
Hineni
Hineni, hineni
Hineni


Shalom, Leonard!


Artigo de Sónia Craveiro

Numa homenagem muito merecida


Obrigada


Fontes:

https://www.youtube.com/watch?v=okaqXB6Ns5s

http://www.oldielyrics.com/lyrics/leonard_cohen/the_captain.html
http://observador.pt/2016/11/11/10-poemas-10-cancoes-palavra-de-cohen/
http://jewishstandard.timesofisrael.com/leonard-cohen-says-hineni
http://www.timesofisrael.com/leonard-cohen-donald-trump-and-their-songs-of-love-and-hate/?utm_source=The+Times+of+Israel+Daily+Edition&utm_campaign=c73ca6b3da-EMAIL_CAMPAIGN_2016_11_11&utm_medium=email&utm_term=0_adb46cec92-c73ca6b3da-55377193

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Lech Lecha




Areia, Estrelas e Poeira



Na Parashá desta semana lemos sobre o futuro do Povo Judeu, 
os descendentes de Abraão e Sara.



     
    
    D-us diz a Abraão que os seus filhos serão como a "poeira da terra". (Bereshit 13:16). Tal como é impossível contar as partículas de poeira que existem na terra, também não se pode contar o Povo Judeu.






     O líder português, Rabino Menashe ben Israel, resume as três diferentes terminologias com que D-us descreve a singularidade do Povo Judeu.





As três descrições são "poeira", "areia do mar", e "estrelas do céu". Esses diferentes termos, diz o Rabino Menashe, descrevem diferentes elementos e períodos da história judaica.






     A analogia da "areia do mar", alude à simples impraticabilidade de medir a quantidade do Povo Judeu. Este termo diz-nos pouco sobre sua natureza ou comportamento, mas apenas sobre a sua existência.






     O termo "estrelas do céu" tem um significado completamente diferente. A descrição de luz e brilho, iluminando o ambiente, refere-se a momentos de grandeza espiritual. Os tempos em que o Povo Judeu alcança seu potencial máximo.






Ainda assim é a descrição "poeira da terra", que tem a mensagem mais profunda.





     Por um lado, isso parece ser o oposto completo da analogia das estrelas. Em vez de incandescer e guiar de cima, a poeira é pisada e desprezada. No entanto, mesmo nessas situações, a poeira nunca se instala completamente, ela sempre é soprada e levantada novamente pelo vento.



Mesmo em momentos e tempos difíceis, o espírito e a fé judaica sempre se elevam acima de todas as circunstâncias.

Shabat Shalom!



Cortesia do Rabino
Eli Rosenfeld
 
chabadportugal.com
Muito obrigada