segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A Judiaria de Santarém!


Santarém


Vista da Cidade


No coração da lezíria e com uma localização privilegiada no Centro do País, esta cidade foi desde sempre um próspero centro agrícola e comercial onde afluíram judeus.

A comunidade era numerosa e próspera já no período muçulmano e, em 1147, pela conquista da cidade aos mouros por D. Afonso Henriques (1139-1185), passa a integrar o reino de Portugal.

A Judiaria de Santarém constituía uma das sete comarcas definidas por D. Dinis (1279-1325) e reconfirmadas por D. João I (1385-1433). Localizava-se junto da Rua Direita e das portas da cidade, dinamizando o comércio local e a feira.





A comunidade era numerosa e próspera já no período muçulmano e, em 1147, pela conquista da cidade aos mouros por D. Afonso Henriques (1139-1185), passa a integrar o reino de Portugal.

A Judiaria de Santarém constituía uma das sete comarcas definidas por D. Dinis (1279-1325) e reconfirmadas por D. João I (1385-1433). Localizava-se junto da Rua Direita e das portas da cidade, dinamizando o comércio local e a feira.

Os judeus de Santarém dedicavam-se às actividades artesanais e intelectuais. Depois da expulsão, em 1497, muitos mantiveram-se como cristãos-novos e cripto-judeus. Um percurso pelo centro histórico evoca-nos hoje os lugares e as vivências da próspera comunidade judaica de Santarém durante a Idade Média.



Localização da Judiaria em Santarém


A presença judaica em Santarém é anterior ao século XI. Sabemos com certeza documentada que a presença judaica em Santarém é anterior ao século XI, uma vez que esta comuna é expressamente referida no foral concedido em 1095 a santarém por Afonso VI de Leão. Recordamos porém que a influência oriental (via fenícia) é bastante marcante em Santarém, urbe com forte pendor mercantil. O primeiro documento escrito relativo aos judeus na Península Ibérica, data do século III, pelo que não é inverosímil recuar alguns séculos a chegada dos judeus a Santarém.

Também de acordo com o foral de 1095, a sinagoga de Santarém era a mais antiga do país, embora não se saiba a data da sua construção. Ela vem expressamente mencionada nos Costumes de Santarém (c. 1268), sendo localizável junto à extremidade oriental da rua de S. João de Alpram. O cemitério judaico, identificado em 1301 pelo topónimo Creeiro, situava-se inicialmente num monte entre os Mosteiros de S. Francisco e Santa Clara, passando no século XIV para sudeste, junto à Leorosaria e à Fonte da Junqueira.



Fonte da Junqueira


A judiaria de Santarém localizava-se na paróquia de S. Martinho. Tinha, a nascente, o castelo, ou alcáçova (sede administrativa e militar da vila), e a poente a Igreja hospitalária de S. João de Alporão, com uma porta da muralha medieval. A sua morfologia é assim comum às restantes judiarias portuguesas: proximidade a portas de muralha, ruas direitas, centros de atividade económica e templos cristãos. 

É possível que a constituição da aljama date do reinado de Afonso III. Era ainda um espaço aberto, não delimitado por muralhas. Inicialmente parece ter-se estruturado a partir de uma artéria principal (Rua de Alpram), com casas de ambos os lados, encerrada por duas portas: uma a sul, junto à Casa dos Becos (demolida em 1860) e outra a poente, junto à Mosteiro de S. João do Hospital. Uma artéria transversal abria-se a norte, desembocando junto da Igreja de S. Martinho (a quem competia a cobrança dos dízimos). 

Durante os reinados de Afonso IV e Pedro I a comunidade judaica cresceu, tendo a aljama sido muralhada por muros próprios e reorganizada. Durante o reinado de D. Fernando (posterior a 1350) a entrada sul passa a ser feita através de uma ponte levadiça localizada no chamado Lugar da Ponte, ao cimo da calçada de Alfange. Em 1394 fala-se já da «judiaria nova» de Santarém e em 1408 «Rua Nova da Judiaria», coincidente com a atual Travessa da Judiaria. 




A partir da segunda dinastia (reinado de D. João I) parece ter-se assistido a uma retração da população judaica ao seu núcleo primitivo. Porém, com D. Afonso V, em 1440, a comunidade judaica de Santarém contribui com 36.000 reais para patrocinar a segunda expedição de D. Fernando de Castro às Canárias após uma tentativa para libertar o Infante D. Fernando do seu cativeiro em Tânger. Este confinamento culminará em alterações urbanas substanciais do bairro do Alpram (demolição da torre e da porta de Alpram e construção da Torre do Relógio) ocorridas durante o reinado de D. Manuel, altura em que a judiaria passa a chamar-se Bairro de Santa Cruz. Ainda assim, durante este reinado a comuna de Santarém era a segunda mais importante do país (apenas suplantada por Lisboa), contribuindo com 163.333 reais de tença. 

Data de 1219 a primeira referência documentada de um judeu de Santarém, Abraão, filho de Falafe.

A primeira referência documentada de um judeu de Santarém residente na paróquia de S. Martinho, de nome Isaac, data de 1259. Os documentos do século XIV deixam-nos a impressão de que o papel de banqueiros e prestamistas, que tradicionalmente era desempenhado pelos judeus no seio das sociedades cristãs medievais, é inegavelmente assumido. No princípio do século, Salomão Arame passa quitações de dívidas e em 1308 o mercador de Santarém, Isaque Azerique, fica rendeiro do serviço real dos judeus da vila e termo. Em finais do século XV documentamos 62 indivíduos, dos quais se destacam os mercadores (10), os alfaiates (8), os físicos (8) e cirurgiões (7), os ourives e os rendeiros.

Para saber mais sobre o assunto, assista ao programa emitido na RTP2.

A Fé dos Homens, através do seguinte link:




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