Santarém
Vista da Cidade
No coração
da lezíria e com uma localização privilegiada no Centro do País, esta cidade
foi desde sempre um próspero centro agrícola e comercial onde afluíram judeus.
A
comunidade era numerosa e próspera já no período muçulmano e, em 1147, pela
conquista da cidade aos mouros por D. Afonso Henriques (1139-1185), passa a
integrar o reino de Portugal.
A Judiaria
de Santarém constituía uma das sete comarcas definidas por D. Dinis (1279-1325)
e reconfirmadas por D. João I (1385-1433). Localizava-se junto da Rua Direita e
das portas da cidade, dinamizando o comércio local e a feira.
A
comunidade era numerosa e próspera já no período muçulmano e, em 1147, pela
conquista da cidade aos mouros por D. Afonso Henriques (1139-1185), passa a
integrar o reino de Portugal.
A Judiaria
de Santarém constituía uma das sete comarcas definidas por D. Dinis (1279-1325)
e reconfirmadas por D. João I (1385-1433). Localizava-se junto da Rua Direita e
das portas da cidade, dinamizando o comércio local e a feira.
Os judeus
de Santarém dedicavam-se às actividades artesanais e intelectuais. Depois da
expulsão, em 1497, muitos mantiveram-se como cristãos-novos e cripto-judeus. Um
percurso pelo centro histórico evoca-nos hoje os lugares e as vivências da
próspera comunidade judaica de Santarém durante a Idade Média.
A presença
judaica em Santarém é anterior ao século XI. Sabemos com certeza documentada
que a presença judaica em Santarém é anterior ao século XI, uma vez que esta
comuna é expressamente referida no foral concedido em 1095 a santarém por
Afonso VI de Leão. Recordamos porém que a influência oriental (via fenícia) é
bastante marcante em Santarém, urbe com forte pendor mercantil. O primeiro
documento escrito relativo aos judeus na Península Ibérica, data do século III,
pelo que não é inverosímil recuar alguns séculos a chegada dos judeus a Santarém.
Também de
acordo com o foral de 1095, a sinagoga de Santarém era a mais antiga do país,
embora não se saiba a data da sua construção. Ela vem expressamente mencionada
nos Costumes de Santarém (c. 1268), sendo localizável junto à extremidade
oriental da rua de S. João de Alpram. O cemitério judaico, identificado em 1301
pelo topónimo Creeiro, situava-se inicialmente num monte entre os Mosteiros de
S. Francisco e Santa Clara, passando no século XIV para sudeste, junto à
Leorosaria e à Fonte da Junqueira.
Fonte da Junqueira
A judiaria
de Santarém localizava-se na paróquia de S. Martinho. Tinha, a nascente, o
castelo, ou alcáçova (sede administrativa e militar da vila), e a poente a
Igreja hospitalária de S. João de Alporão, com uma porta da muralha medieval. A
sua morfologia é assim comum às restantes judiarias portuguesas: proximidade a
portas de muralha, ruas direitas, centros de atividade económica e templos
cristãos.
É possível
que a constituição da aljama date do reinado de Afonso III. Era ainda um espaço
aberto, não delimitado por muralhas. Inicialmente parece ter-se estruturado a
partir de uma artéria principal (Rua de Alpram), com casas de ambos os lados,
encerrada por duas portas: uma a sul, junto à Casa dos Becos (demolida em 1860)
e outra a poente, junto à Mosteiro de S. João do Hospital. Uma artéria
transversal abria-se a norte, desembocando junto da Igreja de S. Martinho (a
quem competia a cobrança dos dízimos).
Durante os
reinados de Afonso IV e Pedro I a comunidade judaica cresceu, tendo a aljama
sido muralhada por muros próprios e reorganizada. Durante o reinado de D.
Fernando (posterior a 1350) a entrada sul passa a ser feita através de uma
ponte levadiça localizada no chamado Lugar da Ponte, ao cimo da calçada de
Alfange. Em 1394 fala-se já da «judiaria nova» de Santarém e em 1408 «Rua Nova
da Judiaria», coincidente com a atual Travessa da Judiaria.
A partir da segunda
dinastia (reinado de D. João I) parece ter-se assistido a uma retração da
população judaica ao seu núcleo primitivo. Porém, com D. Afonso V, em 1440, a
comunidade judaica de Santarém contribui com 36.000 reais para patrocinar a
segunda expedição de D. Fernando de Castro às Canárias após uma tentativa para
libertar o Infante D. Fernando do seu cativeiro em Tânger. Este confinamento culminará
em alterações urbanas substanciais do bairro do Alpram (demolição da torre e da
porta de Alpram e construção da Torre do Relógio) ocorridas durante o reinado
de D. Manuel, altura em que a judiaria passa a chamar-se Bairro de Santa Cruz.
Ainda assim, durante este reinado a comuna de Santarém era a segunda mais
importante do país (apenas suplantada por Lisboa), contribuindo com 163.333
reais de tença.
Data de
1219 a primeira referência documentada de um judeu de Santarém, Abraão, filho
de Falafe.
A primeira
referência documentada de um judeu de Santarém residente na paróquia de S.
Martinho, de nome Isaac, data de 1259. Os documentos do século XIV deixam-nos a
impressão de que o papel de banqueiros e prestamistas, que tradicionalmente era
desempenhado pelos judeus no seio das sociedades cristãs medievais, é
inegavelmente assumido. No princípio do século, Salomão Arame passa quitações
de dívidas e em 1308 o mercador de Santarém, Isaque Azerique, fica rendeiro do
serviço real dos judeus da vila e termo. Em finais do século XV documentamos 62
indivíduos, dos quais se destacam os mercadores (10), os alfaiates (8), os
físicos (8) e cirurgiões (7), os ourives e os rendeiros.
Para saber
mais sobre o assunto, assista ao programa emitido na RTP2.
A Fé dos
Homens, através do seguinte link:
Fontes:
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