A
lei de Moisés em Trás-os-Montes
Foto de
Nick – Trás-os-Montes
Sobre os judeus de Trás os
Montes muito se tem dito e até fantasiado, parecendo-me mais correcto dar
crédito aos estudos bem documentados e alguma tradição oral que chegou até ao
século XX.
É do senso comum que Carção, no
conselho de Vimioso, é terra de descendentes judeus. A este pequeno polo de
comércio podem juntar-se mais três aldeias transmontanas. Duas no concelho de
Vinhais, Moimenta e Rebordelo. E Lebução no concelho de Valpaços. A origem
judaica de muitos dos seus habitantes foi descoberta durante a segunda Grande
Guerra Mundial, de que já estariam marcadas no mapa para extermínio por Hitler,
caso invadisse Portugal. Embora Torre de Moncorvo fosse um centro importante,
aquelas três alfeias, tal como Carção, são terras de negócio, quer de comércio
tradicional, quer de produtos agrícolas.
2-Edifício
onde se irá situar o museu judaico de Carção - Foto de Nick
3-
Moimenta,
Vinhais - Foto de Raul Coelho
4-
Rebordelo
- Marco de propriedade com a Estrela de David - Rebordelo, Trás-os-Montes - Foto
de Rafael Baptista
Conforme refiro em “Memória de
Maria Castanha”, Rebordelo, nas décadas de setenta e oitenta tinha os três
maiores e mais temidos “peleiros da castanha” ou armazenistas/ajuntadores.
5 e 6-
Lebução - Edifício identificado como sinagoga clandestina e
marca
cruciforme - Foto de Rafael Baptista
A este propósito, o contista
moimentano, Jorge Tuela (pseudónimo de Isaque barreira), passou a conto o dito “bem-aventurados
são os que não têm contas com os de Moimenta, Rebordelo e Lebução”. Nesta
última localidade, na primeira metade do Séc. XX havia um dos maiores
negociantes de cavalos de Trás-os-Montes, o Messias, amigo do meu avô materno,
Manuel Deimãos. Hoje os estudos e congressos judaicos estão na moda porque
respinga a dinheiro nos projectos de rotas das judiarias e das sinagogas.
Ainda
bem que assim é, pois vimos dinheiro tão mal empregue, que este pelo menos visa
em ensinar-nos quem fomos, para melhor sabermos quem somos, Investir na nossa
história e cultura, é dinheiro muito bem aplicado. ZD
Mirandela não pode ficar de
fora, havendo alguma tradição de judeus nesta cidade, e mais em Carvalhais e na
Torre Dona Chama.
Mirandela - Aguarela de Julio
F. Rodrigues
Numa
viagem que realizei à cidade de Mirandela no ano de 2010, recebi do posto de
turismo local a indicação da possível localização da antiga Judiaria da cidade.
A
Judiaria ficaria situada no que é actualmente as Ruas do Toural e do Rosário,
incluindo a Travessa do Quebra- Costas. ZD
Eis
as fotos das respectivas ruas:
A
Judiaria ficaria muito próxima da actual Câmara Municipal de Mirandela
Fotografias
de Carlos Baptista
Mirandela tem uma das sete
maravilhas da gastronomia nacional, a alheira, que a nossa tradição cola, de
forma não sustentável, a sua criação aos judeus. Haja audácia para na nossa
região se produzirem produtos kosher (produtos produzidos segundo o preceito
judaico) tais como este popular enchido, o azeite, o queijo e o vinho.
As alheiras de Mirandela não são kosher por lhe terem adicionado carne de porco e por serem produzidas também por outras carnes e produtos que não obedecem aos preceitos judaicos.
O mesmo se aplica aos outros produtos aqui mencionados, a menos que sejam vendidos numa loja da especialidade, ou numa outra com um espaço próprio para os mesmos e todos eles terão que ser identificados com o respectivo selo, ou marca confirmando a sua origem. ZD
Bragança na criação de infra
estruturas culturais e artísticas, passa por Mirandela à velocidade de um
comboio pendular, enquanto nós não vamos muito além dos movidos a carvão. E
assim, Bragança que aplaudimos, já está a construir um “Centro de interpretação
Judaico”, com o projecto do arquitecto Souto Moura. Sobre a história dos judeus
em Trás-os-Montes temos como grande especialista o moncorvense, António Júlio
de Andrade.
Arquitecto vai projectar espaço
que ficará num edifício contíguo ao Centro de Arte Contemporânea Graça de
Morais, da sua autoria.
Será
este o espaço dedicado à cultura sefardita e ficará junto ao Centro de Arte
Contemporânea Graça Morais.
Sobre a palavra “marrano”, o
Capitão Barros Basto, autor da obra “Resgate” dizia que a sua etimologia está na língua
hebraica: “mar” que significa “amargamente” e “anuss” que significa “forçado”.
Ou seja, os judeus são um “povo amargamente forçado” a errar pelo mundo, desde
que o Templo de Salomão foi arrasado pelos romanos. Na Idade Média sempre que o
número de judeus superava a dezena (minyam, ZD) era criada uma comuna ou aljama com uma sinagoga.
Por: Jorge Iage
In:jornal.netbila.net
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o texto ou palavras em itálico, assim como as imagens, foram acrescentadas ao artigo
original por Ziva David..
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das imagens:
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