Chayei Sarah
O falecimento de Sara e os eventos que o rodeiam ocupam lugar central
na parte inicial da Parshat desta semana.
Xilogravura
por Gustave Doré retratando o enterro de Sarah na caverna
O Rabino Avraham Saba, no seu
comentário Tzror Hamor, refere o Midrash segundo o qual a morte de Sara se
deveria ao choque que teve ao ouvir as notícias sobre a "Akeidah" de
Isaque.
Tomando este difícil episódio
como ponto de partida, ele inicia um extenso tratado sobre "Tov
v'Ra", o bem e o mal, e como estes se nos afiguram. Sem comentar sobre
como Sara se terá sentido, ele lembra-nos da complexidade envolvida em julgar
apenas pelas aparências.
Ainda que possamos desfrutar o
sucesso dos nossos feitos, a nossa satisfação tem de ser mitigada pela
realidade de que nós apenas conseguimos enxergar uma visão parcial das coisas.
O mesmo é certo para os desafios com que nos deparamos. Não sabemos na verdade
como os acontecimentos se vão desenrolar.
Mesmo quando passamos
dificuldades e desafios a nossa fé diz-nos que há mais do que se vê à primeira vista.
O Rabino Saba acrescenta: “Eu próprio vi isto na minha própria vida.”
Imagem: Segunda edição do livro Tzor Hamor em Veneza
1545
Para fazer sentido da vida, diz o Rabino Saba, precisamos de adicionar a este cenário o elemento que lhe falta – a Torá, a qual é comparada ao sal. Quando adicionado a qualquer comida, o sal extrai o seu sabor e amplia a nossa capacidade sensorial. Ao avaliar as nossas experiências a Torá faz isso mesmo.
Quando as coisas parecem
confusas e pouco claras, a perspectiva que a Torá nos traz é o que nos permite
descodificar as complexidades do que em última análise é bom ou mal.
Estas directivas incluem
“mastigar bem” para poder descobrir o que de bom existe em toda e qualquer
situação.
De facto, em Pirkei Avot (6:4)
é-nos dito para “comer o nosso pão com sal”.
O Rabino Saba sofreu imensamente
em Portugal durante o período da Expulsão, mas a sua inquebrável dedicação à
Torá mesmo na presença de todas estas dificuldades é representada pelo seu comentário no Tzror Hamor, o seu legado perpetuará em todos nós.
Cortesia de:
Rabino Eli Rosenfeld
chabadportugal.com
Shabat
Shalom!
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