quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Tesouro judaico em Lisboa


 
BÍBLIA DE LISBOA


A Bíblia de Lisboa é o códice mais completo da Escola Medieval Portuguesa de Iluminuras Hebraicas. Completada em 1482, a Bíblia de Lisboa é o testemunho de uma vida cultural de elevado nível intelectual no seio da comunidade judaica portuguesa, até à expulsão e às conversões forçadas que tiveram lugar em 1496, no reinado de D. Manuel I.

 Bíblia Hebraica (Tanach)
 
A primeira parte da Bíblia Hebraica (Tanach) é a Torah, também chamada “Os Cinco Livros de Moisés” ou Pentateuco. A Torah é a parte mais sagrada do Tanach, porque segundo a tradição Deus ditou-a diretamente a Moisés. Os Cinco Livros que compõem a Torah são Be-reshit, Shemot, Va-Yikrah, Be-Midbar e Devarim, que na Bíblia Cristã correspondem a Génesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuterónimo. A segunda e terceira partes contêm Profetas (Neviim) e Escritos (Ketuvim), respetivamente.
Como complemento, constam listas dos Mandamentos (Mitzvot) da Torah, bem como textos massoréticos (exame crítico do texto da Bíblia, com notas sobre a escrita, vocabulário, pronúncia e outros comentários).

 Lista dos 613 mandamentos da Torah, vol.1, folios 7v e 8r

(Estas páginas contêm os Mandamentos 164-183, que se referem, principalmente, a rituais de purificação da família)





Lista dos mandamentos, vol.1, folios 13v e 16r
(A página direita contém os Mandamentos 338-351, e a esquerda contém os 403-415, dos 613 mencionados na Torah. Estas leis cobrem uma variedade de regras que dizem respeito ao tratamento a ter com os escravos, ou a ofensas punidas criminalmente).





Início dos Livros de Isaías e de Jeremias, vol.2, folios 136v e 168r







Os autores da Bíblia de Lisboa


Samuel ben Samuel Ibn Musa, conhecido como Samuel o Escriba, copiou o texto bíblico numa escrita elegante, para o patrono Yosef ben Yehudah al-Hakim, que encomendou este manuscrito. As decorações sumptuosas têm influências dos estilos italiano, espanhol e flamengo e foram criadas por uma equipe de artistas altamente especializados.
 


No colofón do copista podemos ler, não só, o nome do escriba, como também a data em que terminou a obra – o mês judaico de Kislev do ano de 5243, que corresponde a Novembro/Dezembro de 1482 da era comum. Um segundo escriba não identificado, o copista da massorah escreve minuciosos comentários e notas nas margens do texto bíblico. O escriba anónimo, em vez de escrever estritamente em linhas retas, criou desenhos circulares com as linhas do texto, uma técnica conhecida por micrografia.

O manuscrito pertence à British Library desde 1882. A presente encadernação é de 1954, substituindo a capa de couro do século XVI.




Com os agradecimentos sinceros a Sónia Craveiro.
 
 
 
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