terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Garcia de Orta



Garcia de Orta (c1500-1568)







Garcia Abraão de Orta nasceu por volta de 1500 em Castelo de Vide. Era filho de Fernando Isaac de Orta e de Leonor Gomes, judeus de ascendência castelhana que vieram fugidos para Portugal, aquando da expulsão de mouros e judeus de Espanha, em 1492, pelos Reis Católicos. Estudou nas Universidades de Salamanca e Alcalá de Henares, diplomando-se em Artes, Filosofia Natural e Medicina.

Em 1523 regressou a Portugal, recebendo autorização para exercer medicina e em 1530 assumiu a cadeira de Lógica na Universidade de Coimbra.

A partir de 1531 ensinou Filosofia Natural na Universidade de Lisboa, acumulando o professorado com o exercício da medicina e em 1534 embarcou para Goa, na armada capitaneada por Martim Afonso de Sousa.


Já em Goa, continuou a exercer medicina e foi aí físico-mor, sendo muito requisitado por algumas cortes hindus para prestar assistência a Reis e grandes senhores. Interessou-se por estudar a medicina indiana e árabe, com destaque para o uso das plantas medicinais e seus fins terapêuticos. Trabalhou igualmente no comércio das drogas orientais e pedras preciosas.


Em 1563 publicou a obra «Colóquio dos Simples e Coisas medicinais da Índia», com informações fundamentais para a medicina, botânica, química, farmacologia e biologia. «Colóquio dos Simples e Coisas medicinais da Índia» é o primeiro registo científico de plantas do Oriente feito por um europeu, escrito em português e não em latim, como era costume na época, chegando assim a um público não erudito.

Em 1543, Orta participou da primeira autópsia realizada em Goa, por ocasião de uma epidemia de cólera, tendo aliás feito a primeira descrição (europeia) da cólera-asiática.


A edição original indo-portuguesa teve uma circulação muito limitada e praticamente desapareceu graças à intervenção do Santo Ofício. Em 1564, o botânico flamengo Charles de L'Escluse ou Carolus Clusius, de visita a Portugal, adquiriu o livro, traduziu-o para latim e publicou-o em 1567 numa versão que foi amplamente divulgada por toda a Europa. Em Portugal, a obra de Orta foi reeditada em português no séc. XIX pelo Conde de Ficalho.


Os últimos anos de vida de Garcia de Orta foram difíceis. Enfrentou dificuldades financeiras e assistiu à perseguição feroz da sua família por parte da Inquisição. A sua irmã Catarina foi acusada de judaísmo e condenada à fogueira. Garcia de Orta faleceu em 1568. Em 1580 foi condenado post-mortem pelo Tribunal do Santo Ofício pelo “crime de judaísmo” e os seus ossos desenterrados e queimados.


Este trabalho foi oferecido para este Blogue por,

Sónia Craveiro.


Muito obrigada
Fonte:
Garcia de Orta, Dicionário Enciclopédico da História de Portugal, Publicações Alfa; http://dererummundi.blogspot.com/2007/05/garcia-da-orta.html

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