Garcia de
Orta (c1500-1568)
Garcia Abraão de Orta nasceu por
volta de 1500 em Castelo de Vide. Era filho de Fernando Isaac de Orta e de
Leonor Gomes, judeus de ascendência castelhana que vieram fugidos para
Portugal, aquando da expulsão de mouros e judeus de Espanha, em 1492, pelos
Reis Católicos. Estudou nas Universidades de Salamanca e Alcalá de Henares,
diplomando-se em Artes, Filosofia Natural e Medicina.
Em 1523 regressou a Portugal,
recebendo autorização para exercer medicina e em 1530 assumiu a cadeira de
Lógica na Universidade de Coimbra.
A partir de 1531 ensinou
Filosofia Natural na Universidade de Lisboa, acumulando o professorado com o
exercício da medicina e em 1534 embarcou para Goa, na armada capitaneada por
Martim Afonso de Sousa.
Já em Goa, continuou a exercer
medicina e foi aí físico-mor, sendo muito requisitado por algumas cortes hindus
para prestar assistência a Reis e grandes senhores. Interessou-se por estudar a
medicina indiana e árabe, com destaque para o uso das plantas medicinais e seus
fins terapêuticos. Trabalhou igualmente no comércio das drogas orientais e
pedras preciosas.
Em 1563 publicou a obra
«Colóquio dos Simples e Coisas medicinais da Índia», com informações
fundamentais para a medicina, botânica, química, farmacologia e biologia.
«Colóquio dos Simples e Coisas medicinais da Índia» é o primeiro registo
científico de plantas do Oriente feito por um europeu, escrito em português e
não em latim, como era costume na época, chegando assim a um público não
erudito.
Em 1543, Orta participou da
primeira autópsia realizada em Goa, por ocasião de uma epidemia de cólera,
tendo aliás feito a primeira descrição (europeia) da cólera-asiática.
A edição original
indo-portuguesa teve uma circulação muito limitada e praticamente desapareceu
graças à intervenção do Santo Ofício. Em 1564, o botânico flamengo Charles de L'Escluse ou Carolus Clusius, de visita a Portugal,
adquiriu o livro, traduziu-o para latim e publicou-o em 1567 numa versão que
foi amplamente divulgada por toda a Europa. Em Portugal, a obra de Orta foi
reeditada em português no séc. XIX pelo Conde de Ficalho.
Os últimos anos de vida de
Garcia de Orta foram difíceis. Enfrentou dificuldades financeiras e assistiu à
perseguição feroz da sua família por parte da Inquisição. A sua irmã Catarina
foi acusada de judaísmo e condenada à fogueira. Garcia de Orta faleceu em 1568.
Em 1580 foi condenado post-mortem
pelo Tribunal do Santo Ofício pelo “crime de judaísmo” e os seus ossos
desenterrados e queimados.
Este trabalho foi oferecido para este Blogue por,
Sónia Craveiro.
Muito
obrigada
Fonte:
Garcia de Orta, Dicionário Enciclopédico da História de Portugal,
Publicações Alfa; http://dererummundi.blogspot.com/2007/05/garcia-da-orta.html
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