Preconceitos e mitos
Gostaria de saber: qual é o papel da
mulher no judaísmo, além de criar os filhos segundo a orientação da Torá? Como
o judaísmo vê a mulher? O que fez de Débora juíza sobre o nosso povo em uma
época em que a mulher não podia ocupar nenhum cargo de liderança?
Primeiramente, gostaria de fazer
algumas perguntas: por que é que a Torá louvaria e descreveria histórias de
várias mulheres que lideraram e foram exemplo no povo judeu, como Miriam,
Débora e Yael, se sua função fosse apenas criar filhos? Se seu papel fosse
apenas em casa, porque seria mencionado um "mau exemplo" de
envolvimento com a comunidade?
"E D'us criou a Mulher..."
Porque é que no judaísmo, mesmo os
homens mais elevados são considerados incompletos até que não se casem e
unam-se a uma mulher?
Porque há tantas leis na Torá
referentes ao casamento que considerem a mulher, entre as quais a de que o
consentimento da mulher é imprescindível para que possa haver uma união, e a
que obriga um homem a conceder o divórcio a sua esposa, caso seja essa a vontade
dela?
A resposta para estas e muitas outras
perguntas é: o judaísmo é igualitário, tanto os homens quanto as mulheres têm a
mesma importância e são imprescindíveis para nosso povo. O que existe é o
preconceito do preconceito.
Infelizmente é comum ouvir por aí que
no judaísmo existe um preconceito contra as mulheres. Muita gente acha, que o
facto das mulheres se sentarem na sinagoga atrás de uma mechitsá (elemento
físico utilizado como divisória em um ambiente que serve para separar os homens
das mulheres), e de não cumprirem certas mitsvot, as torna "segunda
categoria". Se descobrissem e pesquisassem os verdadeiros motivos,
certamente mudariam completamente de opinião.
Estes são os argumentos de quem olha
de fora, superficialmente. Porém, pergunte a uma mulher religiosa, e ela
responderá: não é nada disto! O judaísmo é uma construção, precisa de arquitectos,
pedreiros, pintores, decoradores. Todos são igualmente imprescindíveis. Cada um
tem sua função, e se não for ele, ninguém a fará. Não adianta colocar um pincel
na mão de um pedreiro, ou uma pedra na mão do pintor. Da mesma forma, o homem e
a mulher receberam as mitsvot e funções necessárias para efetuar sua parte na
construção e se completarem nesta tarefa.
Mitsvot são meios de chegar a D'us.
Uma mulher não precisa ser chamada na Torá ou ser chazan, porque, neste aspeto,
já está próxima a D'us. Já o homem necessita destas mitsvot para alcançar a
proximidade que lhe falta.
A mulher é chamada de "Akeret
Habayit" - a fundação do lar. É ela que tem a capacidade e as
características de segurar uma casa. Devemos estar conscientes do grande mérito
que é esta função, já que, analisando bem, toda a base da sociedade e de cada
indivíduo está em sua casa. Seu principal investimento é na sua família, sim,
mas não pelo falso argumento dela ser inferior ou incapaz de fazer outra coisa.
É justamente pela importância e
delicadeza desta "mini empresa", que exige a astúcia e o toque de uma
mulher. Porém, tendo em mente a importância e a proporção certa das coisas,
nada impede que uma mulher exerça também outras funções, que esteja envolvida
com a sociedade. E mais, se possui talentos e dons, estes lhe foram dados para
usá-los. Se D'us os deu, porque deveria abrir mão de suas habilidades?
Nenhum rabino dirá que a mulher é
apenas uma reprodutora e deve ficar trancada em casa. Talvez quem diga isto seja
um grupo de pessoas preconceituosas, discursos e filmes que deturpam o sentido
do judaísmo e danificam a sua imagem.
Devemos sempre procurar o verdadeiro
porque e como das coisas com quem realmente lida com elas, e livrarmos-mos dos
preconceitos que acabam por penetrar na nossa maneira de pensar e de ver as
coisas.
Pintura de Jacob Pichhadze
Fonte:
Muito bom!
ResponderEliminarMuito obrigada Suh.
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