Um médico judeu português
JACOB DE CASTRO SARMENTO
(Bragança, 1691 – Londres, 1762)
Médico português, de origem judaica, estudou Medicina na Universidade de Évora e, posteriormente, em Coimbra, onde se licenciou em Medicina. Fugido ao clima de intolerância religiosa que se vivia em Portugal, abandonou a Pátria em 1721, fixando-se em Londres como rabi dos judeus portugueses. Foi membro do Colégio Real dos Médicos de Londres, sócio da Royal Society e membro do corpo docente da Universidade de Aberdeen, na Escócia.
Em
1737, escreveu a Teórica verdadeira das marés, conforme à filosofia do incomparável
cavalheiro Isaac Newton, o primeiro livro em português onde se introduzem
as teorias de Newton.
Na matéria
médica (1735) ele tratou detalhadamente do estudo químico das águas
doces e minerais, sendo o primeiro autor português que se encontra a par dos
mais recentes autores sobre esta matéria, como Robert Boyle, Martin Lister, Friedrich
Hoffmann, Thomas
Short e Peter
Shaw, com quem trabalhou. Descreveu, também, o modo de utilizar
vários reagentes e instrumentos para o exame das águas e descreveu vários tipos
de águas minerais, referindo as suas propriedades terapêuticas e várias
técnicas utilizadas na sua análise. Defendendo a necessidade de exame químico
próprio, Sarmento procedeu, entre Junho de 1743 e Fevereiro de 1744, às
primeiras análises químicas qualitativas das águas das Caldas da
Rainha, as mais importantes termas portuguesas da época. Os
resultados foram descritos no Apêndice
ao que se acha escrito na Matéria Médica (...) sobre a natureza, contentos,
efeitos, e uso práctico, em forma de bebida, e banhos, das Águas das Caldas da
Rainha (1753).
Entre Junho de 1743 e Fevereiro de 1744, Jacob de Castro Sarmento procedeu às primeiras análises químicas das águas das Caldas da Rainha,
as mais importantes termas portuguesas da época. Pela primeira vez, foi
possível determinar com critérios de rigor os elementos constituintes das águas
sulfúreas das Caldas da Rainha, a fim de descrever com exatidão as suas
virtualidades terapêuticas e as suas contra indicações.
Definidas
como sulfúreas, cálcicas, cloretadas e mais uma série de termos cujo
significado só os entendidos são capazes de descodificar, as águas termais
das Caldas da Rainha, que nascem a uma temperatura de 34,5 graus, são especialmente
indicadas no tratamento de reumatismos (nomeadamente alterações do aparelho
locomotor, dada a sua ação regeneradora das articulações) e doenças das vias
aéreas superiores (como bronquite, sinusite, asma ou renite alérgica). Têm,
também, uma ação benéfica sobre a pele, atenuando a psoríase e os eczemas.
Parte do seu efeito deve-se à faculdade de produzir substâncias quase parecidas
aos corticóides, os anti-inflamatórios mais potentes que se conhecem. Com tais
propriedades, é natural que ao longo dos tempos tenham atraído inúmeros doentes
de todo o país. A maioria chega ao hospital por iniciativa própria, normalmente
seguindo o conselho de um familiar ou conhecido que ficou satisfeito com os
resultados obtidos após os tratamentos. Outros vêm por indicação do médico de
família.
Com os agradecimentos já habituais à minha amiga
Sónia Craveiro
Fontes:
Bibliografia:
Sem comentários:
Enviar um comentário