quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Jacob de Castro Sarmento

Um médico judeu português
 
 
JACOB DE CASTRO SARMENTO
(Bragança, 1691 – Londres, 1762)
 
 
Médico português, de origem judaica, estudou Medicina na Universidade de Évora e, posteriormente, em Coimbra, onde se licenciou em Medicina. Fugido ao clima de intolerância religiosa que se vivia em Portugal, abandonou a Pátria em 1721, fixando-se em Londres como rabi dos judeus portugueses. Foi membro do Colégio Real dos Médicos de Londres, sócio da Royal Society e membro do corpo docente da Universidade de Aberdeen, na Escócia.
 

Em 1737, escreveu a Teórica verdadeira das marés, conforme à filosofia do incomparável cavalheiro Isaac Newton, o primeiro livro em português onde se introduzem as teorias de Newton.
 

Na matéria médica (1735) ele tratou detalhadamente do estudo químico das águas doces e minerais, sendo o primeiro autor português que se encontra a par dos mais recentes autores sobre esta matéria, como Robert Boyle, Martin Lister, Friedrich Hoffmann, Thomas Short e Peter Shaw, com quem trabalhou. Descreveu, também, o modo de utilizar vários reagentes e instrumentos para o exame das águas e descreveu vários tipos de águas minerais, referindo as suas propriedades terapêuticas e várias técnicas utilizadas na sua análise. Defendendo a necessidade de exame químico próprio, Sarmento procedeu, entre Junho de 1743 e Fevereiro de 1744, às primeiras análises químicas qualitativas das águas das Caldas da Rainha, as mais importantes termas portuguesas da época. Os resultados foram descritos no Apêndice ao que se acha escrito na Matéria Médica (...) sobre a natureza, contentos, efeitos, e uso práctico, em forma de bebida, e banhos, das Águas das Caldas da Rainha (1753).
 

SAÚDE E BANHOS CALDOS

Entre Junho de 1743 e Fevereiro de 1744, Jacob de Castro Sarmento procedeu às primeiras análises químicas das águas das Caldas da Rainha, as mais importantes termas portuguesas da época. Pela primeira vez, foi possível determinar com critérios de rigor os elementos constituintes das águas sulfúreas das Caldas da Rainha, a fim de descrever com exatidão as suas virtualidades terapêuticas e as suas contra indicações.

Definidas como sulfúreas, cálcicas, cloretadas e mais uma série de termos cujo significado só os entendidos são capazes de descodificar, as águas termais das Caldas da Rainha, que nascem a uma temperatura de 34,5 graus, são especialmente indicadas no tratamento de reumatismos (nomeadamente alterações do aparelho locomotor, dada a sua ação regeneradora das articulações) e doenças das vias aéreas superiores (como bronquite, sinusite, asma ou renite alérgica). Têm, também, uma ação benéfica sobre a pele, atenuando a psoríase e os eczemas. Parte do seu efeito deve-se à faculdade de produzir substâncias quase parecidas aos corticóides, os anti-inflamatórios mais potentes que se conhecem. Com tais propriedades, é natural que ao longo dos tempos tenham atraído inúmeros doentes de todo o país. A maioria chega ao hospital por iniciativa própria, normalmente seguindo o conselho de um familiar ou conhecido que ficou satisfeito com os resultados obtidos após os tratamentos. Outros vêm por indicação do médico de família.
 
Com os agradecimentos já habituais à minha amiga
Sónia Craveiro
 
 
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