A judia portuguesa do Século XVI
que
desafiou o seu próprio destino
Por Esther Mucznik
A história judaica tem mulheres
extraordinárias. Da matriarca Sara à sionista Golda Meir, muitas mulheres
judias fizeram história. Grácia Nasi foi uma delas. Com uma fé inquebrável e
uma personalidade de ferro moldada pelas agruras da vida, esta mulher não teve
medo de desafiar homens, papas, reis e o seu próprio destino.
Nasceu em 1510 em Portugal no seio de
uma família expulsa de Espanha. Contudo não seria em Lisboa que encontraria a
tranquilidade desejada. Viúva aos 25 anos, herdeira de um império baseado no
comércio da pimenta e das especiarias e de uma incalculável riqueza cobiçada
por todos, revelou-se uma mulher de negócios excepcional, com o mesmo espírito
pioneiro e empreendedor que caracterizava os sefarditas judeus/cristãos novos.
Grácia Nasi percorre o mapa da Europa,
passando por cidades como Antuérpia e Veneza, até chegar ao Império Otomano,
onde finalmente pode praticar a sua fé às claras, sem recear qualquer
perseguição. Aí dedica-se a ajudar os seus correlegionários a escapar à
Inquisição, apoia o estudo e o ensino religiosos, bem como a edição de
traduções da Bíblia e estende a mão aos mais necessitados.
Esther Mucznik viveu em Israel e em Paris onde
estudou, respectivamente, Língua e Cultura Hebraicas e Sociologia na Sorbonne. É
membro da direcção da Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) desde 1992 e sua
vice-presidente desde 2000. Fundadora em 1994 da Associação Portuguesa de
Estudos Judaicos e desde então membro dos seus corpos dirigentes. É co-fundadora do Fórum Abraâmico de Portugal para o diálogo inter-religioso. Esther
Mucznik é membro da Comissão de Liberdade Religiosa. É colunista desde 2002 do
jornal Público e foi co-coordenadora do Dicionário do Judaísmo Português,
publicado em 2009. Estudiosa das questões judaicas, tem coordenado cursos e
seminários sobre história e cultura judaica, liberdade religiosa e diálogo
inter-religioso, sobre Israel e o Médio-Oriente, participado em inúmeros
colóquios em Portugal e no estrangeiro, publicado cerca de cinquenta trabalhos
sobre estas temáticas.
Artigo enviado
por Sónia Craveiro
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