Sinagoga
Staronová e Câmara Municipal
Judaica, Adolf Kohn (1868-1953)
Kosmas,
Decano do Capítulo de Praga
No século XIII, após o Quarto
Concílio de Latrão, a situação dos judeus não melhora, e estes passam à
condição de servos da Casa Real, o que na prática significava que eram
propriedade do rei.
Massacre
dos judeus no Gueto de Praga, Páscoa de 1389
Durante a Páscoa de 1389, membros
do clero de Praga acusaram os judeus de terem profanado a hóstia eucarística, encorajando
a arraia-miúda à pilhagem e a incendiar o bairro judeu. Praticamente toda a
população dos judeus de Praga (3000 pessoas) pereceu. O Rabino Avigdor Karo, um
dos poucos sobreviventes do massacre, escreveu uma elegia comovente descrevendo
o ataque; esta elegia continua a ser lida em Praga, no Yom Kippur.
Hagadá
de Praga, 1526
O século XVI é considerado o
período do Renascimento em Praga. De toda a Europa ocorrem artesãos, artistas e
intelectuais, para se congregarem na “Cidade Dourada”. O imperador Rodolfo II,
grande amante das artes, ciência e educação, rodeia-se dos mais proeminentes
intelectuais, e a comunidade judaica da Boémia prospera. O gueto transforma-se
num centro de misticismo judaico.
Rabino Loew (detalhe),
Ladislav Šaloun (1870-1946)
Uma das personalidades mais representativas do Judaísmo em Praga foi o
Rabino Judah Loew ben Bezalel (1525-1609), também conhecido pelo seu acrónimo hebraico -
MaHaRal. O Rabino Loew publicou mais de 50 livros, versando temas religiosos e
filosóficos, e tornou-se uma figura lendária, a quem o povo atribuiu a
milagrosa criação do Golem. Duas outras figuras de relevo da comunidade judaica
desta época foram David Gans (1541-1613), matemático, historiador e astrónomo,
e Mordechai Maisel, brilhante financista, homem de negócios e filantropo.
Saque da Praga judaica,
Dezembro de 1744
Sinagoga Staronová e Câmara
Municipal Judaica (Židovská Radnice)
Josefov
antes do saneamento
Franz
Kafka (1883-1924)
Em meados de 1800, os judeus
foram apanhados na guerra cultural entre os falantes de checo e os falantes de
alemão. Entretanto, no último quartel do século XIX emergiram numerosas
instituições dedicadas à cultura checo-judaica. Mas nem todos os judeus se
sentiam confortáveis com a situação; alguns permaneciam fiéis à cultura e
língua alemãs, enquanto que outros favoreciam uma nova ideologia – o Sionismo.
Durante as primeiras décadas do século XX,
judeus falantes de alemão, em Praga, produziram um corpo de literatura aclamada
internacionalmente. Os mais famosos desses escritores foram Franz Kafka, Max
Brod e Franz Werfel. Esta foi a última geração de intelectuais antes da Segunda
Guerra Mundial.
Judeus de
Praga deportados para Terezín
A anexação dos territórios da Boémia e da Morávia à
Alemanha – o Protetorado Nazi – teve lugar a 15 de Março de 1939. No dealbar da
Segunda Guerra Mundial viviam em Praga mais de 92000 judeus, cerca de 20% da
população da cidade. Pelo menos dois-terços da população judaica de Praga
pereceu no Holocausto.
Em Maio
de 1945 a Alemanha Nazi é derrotada e o Exército Vermelho Soviético entra em
Praga. Em 1948 é instaurado o regime comunista, e em 1950 cerca de metade dos
15000 judeus checos que sobreviveram à guerra, emigra para Israel.
Václav Havel,
primeiro Presidente da República Checa (1993-2003)
Em Novembro de 1989, o Partido Comunista resigna e
Václav Havel, o célebre dramaturgo que liderou a chamada “Revolução de Veludo”,
é nomeado presidente. Em Junho de 1990, o país tem as suas primeiras eleições
livres, desde 1946. Em Janeiro de 1993, a Checoslováquia divide-se em dois
países – a Eslováquia e a República Checa. Praga, a histórica capital da
região, desde o Antigo Regime, torna-se a capital da República Checa.
Após a eleição do Presidente Havel, os assuntos
judaicos tornam-se enormemente populares. As relações diplomáticas com Israel,
que haviam sido rompidas em 1967, aquando da Guerra dos Seis Dias, foram
restauradas. O processo de restituição de propriedade aos judeus, começou
imediatamente.
Marionetas de
judeus
Atualmente, a Federação Checa das Comunidades
Judaicas conta com cerca de 3000 membros, 1600 dos quais vivem em Praga.
Embora o
antissemitismo não seja considerado um problema na nova República Checa,
mantém-se na periferia da sociedade. Em Novembro de 2007 um grupo de extrema-direita
ligado aos neonazis, planeou uma marcha no bairro judeu, que logo foi
contestada pelos líderes judeus e prontamente proibida pela Câmara Municipal de
Praga. Em 2000 foi aprovada uma lei que prevê penas de prisão, que podem ir de
6 meses a 3 anos, para quem negar publicamente o Holocausto, questionar, tentar
justificar ou aprovar o genocídio nazi.
Membros
da Comunidade Judaica sopram os shofroth
durante uma demonstração contra a marcha de neonazis, no histórico bairro judeu
de Praga, no dia 10 de Novembro de 2007
Praga, no século XIX, converteu-se no centro de um movimento
nacionalista que se manifestou na literatura, no teatro, na música e, claro, na
afirmação da língua checa. Deste modo, em 1848, a cidade uniu-se às revoluções
democráticas que floresciam na Europa, e foi a primeira do Império
Austro-Húngaro a manifestar-se a favor da reforma. Foi neste cenário que o
compositor checo Bedřich Smetana compôs um ciclo de seis poemas sinfónicos, que
intitulou Má Vlast (“A Minha
Pátria”), que representam a história, as lendas e a paisagem da Boémia,
pátria do compositor. Propomos a audição da parte dedicada ao rio Moldava – Vltava -, que tem como tema melódico uma
adaptação de La Mantovana, uma
melodia antiga do século XVII. Esta melodia ganhou
popularidade pela Europa, tendo surgido em alguns países com outros títulos,
como por exemplo "Pod Krakowem" na Polónia, ou “Cucuruz cu frunza-n sus” na Roménia. Em 1888, crê-se que o compositor Samuel Cohen, colono de Rishon le
Tzion, tenha adaptado a melodia romena para Hatikvá. Desde então, com
várias modificações na letra, a melodia foi adotada como hino do movimento
sionista e é hoje o Hino do Estado de Israel.
Este artigo é o
resultado das muitas e excelentes pesquisas da minha querida amiga,
Sónia Craveiro.
Muito obrigada Sónia
Fontes:
http://www.praguecityline.com/jewish-prague/history-of-the-jewish-inhabitants-in-the-czech-lands;
http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/vjw/Prague.html;
Obrigada por um relato simples esclarecedor desta parte da história, que pouco sabemos.
ResponderEliminarAdorei ouvir o hino ao final mostrando um pouquinho de Praga
Grata a todos que colaboraram para isto
Priscila
Muito obrigada Priscila.
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