KI ESHMERA SHABBAT
Abraham ibn Ezra
Ki eshmera Shabbat/E-l Yishmreini, ot he l’olmei ad beino
uveini.
“Se
observo o Shabbat, D’us me
protegerá/Este é o sinal eterno da aliança entre Ele e eu.”
Ki Eshmera el Shabbat é um poema
de Abraham ibn Ezra (Rabino Abraham ben Meir ibn Ezra/Abenezra - Tudela, 1089/Calahorra
1167?). O poema explica o que é o Shabbat,
o que é permitido e o que é proibido fazer nesse dia. Explica igualmente que
nesse dia não se fazem tarefas quotidianas, que o melhor é estudar a Torá. Shabbat é um dia solene, mas de prazer e
alegria.
Propomos a audição de Ki Eshmera Shabbat pelo
Grupo Música Antigua, sob a direção de Eduardo Paniagua (especialista de
músicas da Espanha medieval) e de Jorge Rozemblum (especialista em canto
hebraico).
Abraham
ibn Ezra
(Tudela,
1089/Calahorra, 1167?)
Abraham ben Meir ibn Ezra nasceu
em Tudela (Navarra), quando a cidade estava sob domínio muçulmano. Ali passou a
sua infância e juventude, tendo estudado tanto a cultura judaica, como a árabe,
nos seus diversos campos. Ibn Ezra, além de profundo estudioso e conhecedor da
Torá, foi poeta litúrgico e secular, filósofo, gramático, tradutor, matemático,
médico, astrónomo e astrólogo.
Ibn Ezra era amigo de Judah Halevi. Diz a tradição que casou com a filha
de Judah Halevi. Depois da morte de três dos seus filhos e de um outro se ter
convertido ao Islão, Ibn Ezra tornou-se um viajante. Viajou pela África do
Norte, passando pelo Egipto e atingindo Terras de
Israel; na Europa, por Itália, França e Inglaterra. Foi durante o exílio que
impôs a si mesmo, que escreveu algumas das suas obras mais brilhantes. Em
Itália, descobriu que os judeus não conheciam a gramática hebraica. Escreveu,
então, um tratado sobre a língua hebraica que se tornou um best-seller do seu tempo.
Introduziu o sistema decimal nas
comunidades judaicas da Europa cristã, usando as letras hebraicas de alef a tot, para os números de 1 a 9, acrescentando um sinal especial para
o número 0.
Página com um dos
manuscritos de comentários da Torá, de Abraham ibn Ezra (Manuscritos, séc.
XIV-XV, Seminário Teológico Judaico, Wrocław)
“No
princípio criou D’us os céus e a terra”
Segundo Ibn Ezra a descrição
bíblica da Criação, relata apenas no que concerne ao mundo terrestre. De acordo
com esta posição, Ibn Ezra interpreta a palavra Elohim (“D’us” – Génesis 1:1) como o mundo inteligível ou os anjos,
e a palavra bará (criou) como “Ele
limitou”.
Ibn Ezra dividiu o Universo em três
“mundos”: “o mundo superior” da inteligibilidade ou dos anjos; “o mundo
intermédio” das esferas celestes; e o, “mundo inferior sublunar”, que teria sido
criado no tempo.
As suas imagens da Criação influenciaram
profundamente gerações futuras de cabalistas.
Gén.
1:1
Nota: A cratera Abenezra, da Lua, foi assim chamada em homenagem a Abraham ibn Ezra.
Este
artigo foi elaborado na íntegra pela minha querida amiga,
Sónia
Craveiro,
que me presenteou com mais uma magnífica partilha.
Muito
obrigada J
Imagens: Fig. 1, 2 e 3 –
Kaufmann Haggadah (Catalunha), séc. XIV.
Fontes:
Muito obrigada
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