A sinagoga Torrazzo Norsa foi construída em 1513 e reconstruída em 1751. Está localizada no prédio Govi n.º 11.
Existia um total de seis sinagogas
no gueto de Mântua. No final do século XIX, foi
decidido demolir o Bairro Judeu; entre 1899 e 1902, procedeu-se à transferência
e reconstrução fiel de uma delas no pátio do edifício actual, que a partir de 1825 foi uma casa de
repouso. A sinagoga Torrazzo Novi, de rito italiano, foi a única de Mântua que
sobreviveu com o seu mobiliário original do século XVIII. As outras sinagogas foram demolidas no início
do século XX e seu mobiliário perdido quase na totalidade e algum transferido para Israel.
A sala de oração é de
matriz retangular. As paredes e o teto são cobertos com estuque, a
magnificência emocionante da Norsa é a sua reprodução de versículos da Bíblia
em hebraico. O Aron e tevah estão frente a frente, um à esquerda e outro à
direita da entrada, colocados em dois nichos, criados em três etapas e
iluminados por janelas. Ambos são feitos de madeira e estão decorados com
tecidos bordados finamente. Existem ainda duas fileiras de bancos paralelos e
de madeira escura. Pendurados no teto têm belissimos lustres de ferro forjado.
Aron Kodesh
Direita - Interior da sinagoga
A galeria está localizada
na parede de entrada e tem vista para a sala de estar que é aberta com uma
balaustrada de colunas.
A sinagoga Torrazzo Norsa é
um monumento nacional e é agora regularmente aberta ao público.
As instalações do edifício
da sinagoga abrigam a comunidade judaica de Mântua e a Associação
Cultural de Mântua. Na entrada existe uma
placa, colocada em 25 de Abril de 1998, que lembra os "64 cidadãos judeus
deportados" daquela cidade, durante o ' Holocausto 'para
campos de concentração nazis, dos quais eles não voltaram. " O piso
superior é ocupado pelo rico acervo histórico, que abriga documentos de 1522
até ao presente, assim como manuscritos, livros e partituras.
Curiosidades
Foi na cidade de Mântua,
que pereceu às mãos da inquisição italiana, o tão célebre português, Solomon
Molcho.
Assinatura de Salomon Molcho
Diogo Pires (Lisboa, 1500 – Mântua, 1532), secretário de D.
João III, depois da visita a Lisboa do misterioso David Reubeni, vindo da
Arábia, mudou o seu nome para Salomão (ou Solomon) Molcho, circuncidou-se a si
mesmo (quase encontrando a morte) e, fugindo de Portugal, assumiu a sua
condição judaica. Na Arábia do século XVI havia judeus e, no entanto, Salomão
Molcho haveria de fugir de Portugal e morrer às mãos dos inquisidores italianos…
Vestes de Solomon Molcho
Visionário, cabalista inspirado, assistido por um maggid
(um guia celeste) segundo a lenda: um Maggid apareceu-lhe, encorajando-o
e guiando-o desde então, numa altura em que ele, desanimado e cansado de
perseguições, pediu um sinal aos céus. O maggid dá-lhe indicações para
seguir para a Terra Santa.
O nosso compatriota, Salomão Molcho, passou ainda por Safed,
onde, tal como nos outros locais por onde passou, deixou forte impressão.
Misteriosamente, regressa a Roma, a “cidade iníqua”, onde é aclamado por prever
com exactidão a cheia do Tibre (a 8 de Outubro de 1530). Ele e Reubeni
conversam com o cruel Carlos V em Ratisbona. Ambos foram presos e levados para
Itália. Molcho foi condenado à morte, considerado renegado da fé católica e
levado para Mântua. Com as chamas lentas já a arder, ainda perguntaram se ele
queria reintegrar na fé católica em troca da sua vida, mas Molcho morreu judeu.
A morte deste cabalista e misterioso português causou um choque tremendo em toda a comunidade judaica. Em Safed dizia-se que por lá aparecia Molcho todos os fins de tarde de Sexta-feira, entoando a bênção do Kiddush sobre um copo de vinho.
Uma nota muito interessante para portugueses interessados nos seus: ainda em
1923, a comunidade judaica de Praga tinha em sua posse uma capa de seda preta e
uma bandeira de seda preta que pertenceram ao nosso Salomão Molcho. Na bandeira
estavam bordados, em seda amarela, vinte e três versículos da Bíblia hebraica,
dezanove dos quais retirados dos Salmos.
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