Castelo Rodrigo
Vista de Castelo Rodrigo
A vila de Castelo Rodrigo é hoje uma freguesia de 500
habitantes pertencente ao concelho de Figueira de Castelo Rodrigo. Situado numa
elevação de 820 metros, da que se pode vislumbrar a Serra da Marofa, a vila de
Figueira e paisagens que se estendem até Espanha.
Serra da Marofa
Castelo Rodrigo teve importância no século XIII em
consequência do progresso da Reconquista. Conquistada por Afonso Henriques, em
1161 o rei galego Fernando II mandou repovoar a região. Poucos anos depois, em
1209 Afonso VIII da Galiza concede-lhe foral, visitando-a em várias ocasiões. A
última visita, em 1230, quando se dirigia para Compostela para cumprir a
promessa que contraíra em agradecimento pela tomada das cidades de Mérida,
Cáceres e Badajoz. O monarca não conseguiu chegar a Compostela porque caiu
doente e morreu perto de Sárria.
Pela sua localização geoestratégica, Castelo Rodrigo, que
passou a domínio português em 1297 pelo Tratado de Alcanices, teve importância
nas guerras de libertação de Portugal contra Castela. Foi o rei Dom Dinis quem
mandou edificar as grossas muralhas reforçadas por cubos semicirculares que
protegiam o casario.
A 7 de Julho de 1664 travou-se nesta vila a famosa batalha
de Castelo Rodrigo, onde as tropas portuguesas comandadas por Pedro Jacques de
Magalhães derrotaram o exército espanhol do Duque de Osuna.
Legenda do Painel da batalha de
Castelo Rodrigo
Situada sobre um outeiro, hoje constitui um notável testemunho
para estudar a realidade de uma pequena cidade dos séculos XV e XVI, já que com
o seu declínio, ao perder importância como praça militar e fortaleza, os seus
habitantes, a partir do século XVI, foram abandonando o recinto murado na
procura de uma maior comodidade e foram-se assentando no que seria a nova
cidade, localizada na encosta da colina: Figueira de Castelo Rodrigo. Isto fez
com que a velha cidade amuralhada tenha permanecido praticamente congelada
desde então.
Muralhas de Castelo Rodrigo
Castelo Rodrigo teve, em relação ao seu tamanho, uma
importante colónia judia e, quando os Reis católicos expulsaram os Judeus dos
seus domínios, o rei português Dom João II - (foto à esquerda) assinalou Castelo Rodrigo como um
dos cinco pontos para permitir a sua entrada em Portugal, juntamente com
Olivença, Arronches, Bragança e Melgaço, devendo pagar cada judeu oito cruzados.
Nessa altura a população de Castelo Rodrigo andava por volta das 300 pessoas.
Milhares de Judeus súbditos dos reinos de Espanha
refugiaram-se em Portugal, assentando muitos deles nas principais judiarias da
zona: Castelo Rodrigo, Guarda, Trancoso e Sabugal. Em consequência, a próspera
comunidade judaica de Castelo Rodrigo, viu-se incrementada. Porém, muitos dos
seus membros converter-se-iam em cristãos-novos por causa da expulsão decretada
pelo rei português Dom Manuel I em 1496 e que deu lugar aos chamados
"baptizados em pé". D. Manuel I concedeu um novo foral à cidade em
1508 e reedificou o castelo. A fasquia da cidade de então foi recolhida nos
desenhos de Duarte de Armas no seu "Livro das Fortalezas".
Desenho de Duarte de Armas
Os Judeus de Castelo Rodrigo, como em outras judiarias,
desenvolveram múltiplas actividades. Enquanto os mais formados exerciam as
profissões de escrivães ou doutores, outros dedicavam-se a ofícios de
artesanato, tais como alfaiates, sapateiros, curtidores, ferreiros e uns outros
dedicavam-se ao comércio como arrieiros e transportadores comerciando com
tecidos, vinho, óleo e outras mercadorias.
Alguns Judeus eram penhoristas, actividade muito ligada à
prosperidade financeira de alguns membros da comunidade, o que promoveu invejas
e queixas por parte da população cristã, que quando pedia dinheiro emprestado
aos Judeus, não aceitavam que estes cobrassem juros tão altos. Uma das queixas
aconteceu em 1321 onde o concelho de Castelo Rodrigo se queixou ao rei D. Dinis,
de que os juros praticados pelos judeus arruinavam os moradores da vila e de
aldeias vizinhas. Além disso, também havia os que se dedicavam à agricultura ou
gadaria, actividade que alguns realizavam como complemento das suas ocupações
habituais.
Brasão de Castelo Rodrigo
No ponto mais elevado da colina em que se implanta a vila,
localiza-se o castelo de planta trapezoidal com diversas torres. A povoação era
protegida por um muro de cerca com torreões redondos adossados, actualmente
muitos deles arruinadas ou então ocultos sob construções mais modernas. A cerca
tinha duas portas: a de Alverca, orientada a Oeste, e a do Sol, virada a
Nascente. Existia ainda um postigo do lado Norte.
Porta da Nascente – de fora para
dentro e vice-versa.
O traçado urbano no interior da cerca mostra um plano
ortogonal que se adapta à configuração do terreno e se desdobra em dois blocos.
Registam-se no início do séc. XIV três igrejas paroquiais: Santa Maria (Senhora
de Rocamador) e S. João, ambas intramuros, e S. Bartolomeu, no exterior, já
desaparecida, situada onde está hoje o cemitério paroquial.
Mapa do traçado urbano.
A antiga judiaria de Castelo Rodrigo localizava-se por volta
das actuais Rua da Cadeia, Rua do Relógio e a Rua da Sinagoga que desemboca
frente o prédio que ainda se conserva em relativo bom estado a sua mikvé, onde os judeus efectuavam os
banhos rituais.
Planta de Castelo Rodrigo
Um dos vestígios da presença hebraica em Castelo Rodrigo
está no Poço-Cisterna, construção que apresenta duas estruturas arquitectónicas
distintas, uma ao estilo gótico, a outra com arco em ferradura, denotando uma
influência islâmica que, supostamente terá sido edificada ainda no século XIII.
Segundo a tradição local, poderá ter pertencido à cisterna/mikvé existente na
sinagoga desta povoação.
Cisterna de Castelo Rodrigo
Castelo Rodrigo conserva um grande número de prédios, cujos
muros exteriores, acima de tudo na sua parte correspondente aos pisos baixos
com os seus ocos de portas e janelas, são originais da Idade Média, mormente
dos séculos XV e XVI. É por todo isso que se trata de um bom local onde levar a
cabo a identificação das possíveis habitações de Judeus ou conversos.
R. da Cadeia de Castelo
Rodrigo
Várias casas mostram nos seus muros gravadas cruzes de
conversos, mas sem edificações com a concavidade para a mezuzá. Um outro número significativo de habitações possuem uma pequena concavidade polida na
altura da ombreira onde estaria colocada a mezuzá. Por exemplo, o número 32
da Rua da Cadeia.
Casa da R. da Cadeia nº
32
Na porta do número 36 desta rua existe o mesmo tipo de
concavidade na ombreira esquerda, com uma cruz de converso na mesma pedra. A habitação
do número 25 apresenta a concavidade na pedra central da ombreira direita da
porta.
Casa da R. Cadeia nº 36
Casa da R. Cadeia nº 25
O número 14 da Rua do Relógio mostra uma cruz e uma
concavidade na pedra da ombreira direita.
Casa da R. Relógio nº 14
Na Rua da Sinagoga é singular uma porta parcialmente
enterrada abaixo o nível actual da rua que apresenta concavidades nas suas
ombreiras, com duas cruzes gravadas no lado esquerdo e uma cruz de três braços
horizontais e a concavidade para a menorá no lado direito.
Casa da R. Sinagoga de
Castelo Rodrigo
Mais casas de Castelo Rodrigo mostram
concavidades nas suas portas ou cruciformes gravados ou as duas situações.
Fontes:
http://questomjudaica.blogspot.com.es/2013/11/castelo-rodrigo.html
(Por Caeiro)
http://www.feriasemportugal.pt/pt/galerias/aldeia-de-castelo-rodrigo/
http://tempocaminhado.blogspot.pt/2012/05/vila-nova-de-foz-coa-curso-de.html
http://paidobicho.blogspot.pt/2009_12_01_archive.html
http://www.sargacal.com/2009/11/14/castelo-rodrigo/
http://www.hospedariadoconvento.pt/c/regiao
http://pt.wikipedia.org/wiki/Figueira_de_Castelo_Rodrigo
Fotos: Google Maps
Fotos: Fonseca Moretón
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