A parashá Toledot
fala-nos acerca dos três poços que Yitshac cavou. O comentarista Ramban explica
que esses poços estão relacionados aos três Templos Sagrados. Para entender
melhor essa relação, sigam esta história:
O
Rabino Brenenbard nasceu e cresceu num grupo de judeus religiosos rigorosos
chamados ‘Litaim’ (judeus da Lituânia, especialmente Vilna, conhecidos como
‘opositores’) que prezam a seriedade do Judaísmo e se opõem a ‘frivolidades’
como alegria, cantar e dançar - como praticados pelos Chassidim, especialmente
de Chabad-Lubavitch que acreditam que a alegria seja essencial e ajude a trazer
Mashiach.
O Rabino Brenenbard era um excelente orador e não foi uma
surpresa quando foi convidado para falar na cidade Israelita de Efrat, na
inauguração de um novo centro Talmúdico doado pelo famoso filantropo Rabino
Yossef Gutnickum Chassid Chabad.
No entanto foi uma surpresa geral, quando anunciou que iria
contar o seu encontro pessoal com o Rebe de Lubavitch, Rabino Menachem Mendel
Shneerson.
Quando
era apenas um jovem decidiu seguir o conselho de seus professores e que ao
longo de sua vida se dedicaria ao estudo da Torá. Quando chegou o momento de
casar encontrou uma noiva que o apoiaria em seu objetivo sagrado de estudo
integral. Assim foi, e o casal estabeleceu-se em Jerusalém.
Durante os primeiros anos tudo correu tudo bem. Ele era
inteligente, dedicado e motivado. Conseguiu assentar e estudar sem parar. Sua
esposa ficou muito feliz, assim como os seus sogros de ter um genro como esse.
Mas, ao longo dos anos uma nuvem negra lentamente veio pairar sobre sua
harmoniosa paz: não conseguiam ter filhos.
Pensaram que tefilá e tsedacá, preces e caridade, ajudariam
a mudar sua sorte, mas não adiantou. Então tentaram conseguir bênçãos e
conselhos de estudiosos da Torá. Mas também não trouxe resultado. Realizaram
paralelamente consultas a médicos especialistas que prescreveram à sua esposa
tratamentos especiais e vários remédios alternativos, mas nada funcionou. O
prognóstico era sempre negativo e os anos se passaram. Mas sua esposa nunca
desistiu. Ela sabia que deveria existir uma solução. E, de fato, a mudança veio
de uma fonte completamente inesperada.
Mas
quando a Sra. Brenenbard contou ao marido sobre essa sugestão, ele reagiu
negativamente.
“Rebes
Chassidicos?! O Lubavitcher!?”. Indagou incrédulo, vetando imediatamente a
ideia.
Passaram-se
mais dois anos e ele começou a conformar-se definitivamente com sua situação,
mas a esposa persistiu. Toda semana lhe implorava. “Por que não tentar? O que
temos a perder? Quem sabe funcionará? Por favor, somente uma vez.”
Sua consciência começou a pesar até que não se conteve com
seu sofrimento e concordou em ir até o Rebe. Uma semana depois entraram no
escritório do Rebe no Brooklyn.
Assim que a porta se fechou atrás deles sua esposa explodiu em lágrimas incontroláveis. Mas o Rebe olhou para ela com olhos sábios e gentis e a confortou dizendo para não se preocupar, pois certamente seria abençoada com uma criança.
Então,
quando ela se acalmou, o Rebe se virou para o marido e perguntou o que ele
fazia. O Rabino Brenenbard respondeu que estudava Torá o dia inteiro.
Rabino Menachem Mendel Shneerson
“Mas
o que o senhor FAZ?” O Rebe perguntou novamente, enfatizando a última palavra.
A
mente do rabino começou a acelerar-se. Ele sempre achou que o caminho ideal era
passar a vida inteira imerso na Torá sagrada e evitar o mundo o máximo
possível.
Mas o Rebe parecia estar dizendo que isso não era bom, ou
então não era suficientemente bom. Ele queria que ele FIZESSE algo para
melhorar o mundo à sua volta. Poderia ser que o Rebe lhe estivesse a sugerir
para ele tirar tempo de seu precioso estudo de Torá? De jeito nenhum!
O Rabino Brenenbard deu seu endereço numa pequena ruela
obscura em Jerusalém e ficou imaginando onde o Rebe queria chegar.
“Ora, nessa rua,” falou o Rebe, “existem dois prédios. Em um deles há uma mercearia no rés-do-chão e no outro não há nada. Em qual deles o senhor mora?”
O
Rabino ficou estarrecido! O Rebe nunca esteve em Israel e mesmo se estivesse
nunca poderia ter percebido esses pequenos detalhes. Como ele poderia conhecer
uma rua minúscula que a maioria das pessoas que moram em Jerusalém desconhece!
Ele
respondeu ao Rebe com olhos arregalados, ‘no prédio sem a mercearia’ e o
encontro se encerrou.
Enquanto
ele contava essa história, era nítido como seu rosto ainda estampava sua
surpresa com o que o Rebe havia falado sobre o seu prédio talvez ainda mais do
que o fato de sua esposa realmente ter engravidado logo em seguida e dar à luz
a seu primeiro filho!
Ele
concluiu dizendo que então decidiu mudar sua vida e seguir o conselho do Rebe.
Abriu um Colel, instituição para estudiosos avançados da Torá, e começou a
ensinar Torá para outros e a mudar o mundo à sua volta ao invés de ficar
somente estudando sozinho.
Esta história responde à nossa pergunta.
Milagres
e religiões não fazem muito para mudar o mundo. Yitshac cavava poços na areia
deserta até revelar a água capaz de transformar o deserto em terra habitável e
fértil.
Isso
nos ensina que nosso propósito é ‘elevar’ o mundo físico e torná-lo mais
elevado que o céu. Esse também era o objetivo dos dois Templos Sagrados.
D’us
revelar-se por meio de milagres não é
nada fora do comum. D’us está acima da natureza (como no milagre da esposa do
Rabino Brenenbard tendo um filho). Mas para D’us se revelar numa casa física, o
Templo sagrado, isso é realmente impressionante.
Esse
é o trabalho do Yitshac e é o nosso, revelar o Criador na Sua criação.
Fontes:
Texto:
Alex Levin - 3
pinturas:
Sherrf Haim – 1 pintura:
http://www.aliyaharts.com/artist/sherrf-haim/
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