Herberto Helder de Oliveira
Herberto Helder de Oliveira (Funchal, São Pedro, 23 de
Novembro de 1930)
é um poeta português de
ascendência judaica e é considerado como um dos maiores poetas europeus contemporâneos.
Filho de Romano Carlos de Oliveira (Funchal, Monte,
batizado a 26 de Novembro de 1895) e de Maria Ester dos Anjos Luís Bernardes
(c. 1900 - 1938), tem duas irmãs Maria Regina e Maria Elora.
A crítica literária aproxima sua linguagem poética do
universo da Alquimia, da mística, da Mitologia edipiana e da Imago da Mãe.
"Herberto Helder impulsiona a viva encantação
das palavras, o abalo que a sua poesia provoca é um dos mais profundos que a
literatura de língua portuguesa já sofreu."
(Carece do nome do pintor deste quadro)
Sobre
um Poema
Um
poema cresce inseguramente
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
na confusão da carne,
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.
Fora
existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
ou os bagos de uva de onde nascem
as raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
os rios, a grande paz exterior das coisas,
as folhas dormindo o silêncio,
as sementes à beira do vento,
- a hora teatral da posse.
E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.
E
já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
Insustentável, único,
invade as órbitas, a face amorfa das paredes,
a miséria dos minutos,
a força sustida das coisas,
a redonda e livre harmonia do mundo.
-
Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
a espinha do mistério.
- E o poema faz-se contra o tempo e a carne.
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