Torres Vedras
É uma cidade portuguesa no
Distrito de Lisboa, região Centro e sub-região do Oeste, com cerca de 24 600
habitantes.
É sede do maior município do Distrito de
Lisboa com 405,89 km² de área e 79 465 habitantes (2011), subdividido em 13 freguesias.2
O município é limitado a norte pelo município da Lourinhã, a nordeste pelo
Cadaval, a leste por Alenquer, a sul por Sobral de Monte Agraço e Mafra e a
oeste tem litoral no oceano Atlântico. Torres Vedras foi elevada à categoria de
cidade a 2 de março de 1979. Dista cerca de 41 km a noroeste de Lisboa
A presença de judeus em Torres
Vedras aparece testemunhada na documentação a partir da segunda metade do
século XIII.
Página da Bíblia de Cervera:
Menorah – Biblioteca Nacional (Lisboa)
Todavia, Pedro Gomes Barbosa coloca a
hipótese da comunidade ser anterior ou consentânea à Reconquista da vila,
vindo, neste caso, os seus membros dos centros urbanos então integrados no
espaço cristão. Certo é que o poder económico e a influência política de alguns
dos seus membros parecem reforçar a tese de uma presença antiga e bem
consolidada.
Eram naturais de Torres Vedras os dois
rabis-mor de D. Dinis (1279-1325), D. Judah Guedelha e seu filho D. Guedelha
bem Judah, tendo este permanecido no cargo ainda em parte do reinado de D.
Afonso IV. Ambos foram agraciados por aquele monarca com numerosas doações
patrimoniais, nomeadamente no sul do reino, tendo ampliado de forma
considerável as suas fortunas.
Também durante o reinado de D. Dinis,
alguns judeus proprietários no termo torriense obtiveram elevados lucros com a
compra e venda de propriedades, assim como através do empréstimo de dinheiro a
juros, uma actividade que tradicionalmente estava associada à comunidade. A par
destes, alguns eram simples artesãos ou camponeses, enquanto outros se
dedicavam ao arrendamento de rendas régias e ao artesanato, sendo esta uma
actividade bastante lucrativa, que levou a igreja de S. Pedro a exigir-lhes o
pagamento de dízimas pessoais. No que diz respeito às rendas régias, por
exemplo, Guedelha Frade arrendou, em 1381, as sisas gerais da vila e termo, por
um período de três anos, pela quantia de seis mil libras.
No seguimento das suas lutas com
o clero, D. Dinis comprometeu-se a obrigar os judeus a morarem separados dos não-judeus.
Castelo de Torres Vedras
Uma prática de segregação de tipo
religioso que não era, porém, inédita, uma vez que já era feita no seio dos
centros urbanos islâmicos.
Para Torres Vedras não temos
conhecimento da existência de qualquer judiaria anterior ao reinado de D.
Afonso IV (1325-1357), altura em que o monarca asynara a dita judaria aos
judeus da dita villa que pellos tempos fossem pera morarem em ella e que era
isenta.
É provável que no mesmo reinado a Comuna se tivesse constituído,
dotando-se dos foros e privilégios habituais, apesar dos dados sócio-económicos
que possuímos serem escassos. Mas a separação de facto parece ser anterior, uma
vez que, em 1322, aparece num documento a referência a um filho de João Pais da
Judaria, denunciando o elemento toponímico a existência de um lugar apartado
para os seguidores da Thorah.
Localização da judiaria
A Judiaria torriense ocupava uma só rua
(sensivelmente no sítio da actual rua dos Celeiros de Santa Maria), onde, no
início, conviviam homens das duas religiões.
Rua dos Celeiros de Santa Maria
Para a formação de uma Comuna Judaica
era necessário o número mínimo de dez judeus, tendo como centro aglutinador a
sinagoga. A comuna tinha o poder de se organizar e viver como entidade
administrativa independente do concelho, dispondo de um rabi, encarregado do
ministério religioso e da educação das crianças, e de um escrivão, que anotava
todos os negócios de importância. Quanto à população, os testemunhos também
parecem ser escassos, comparados com o conjunto de pelo menos vinte e seis
famílias na vila de Torres Vedras, em 1381, número correspondente aos fogos
tributáveis.
A partir do século XV, multiplicam-se os
dados referentes a judeus torrienses, denunciando uma intensa actividade
comercial da comunidade, autorizando-os a comerciar com cristãos. Nesta altura
a Comuna contava com um cirurgião (Judas Lexorda, a partir de 1471, e José
Mouçam, a partir de 1482), vinte e um mesteirais.
Rua dos Celeiros de Santa Maria
A comunidade judaica torriense conheceu
um enorme crescimento nesta centúria, tornando-se necessário o alargamento da
Judiaria, em 1469, cuja porta avançou de modo a incluir as casas onde
paulatinamente se instalaram os judeus que não tinham encontrado espaço para
morar dentro dela.
Todavia, nos finais do século XV
aumentara um sentimento anti-semita na Península Ibérica. Os membros da
comunidade judaica eram acusados e julgados como culpados de crimes de
feitiçaria, más palavras e roubo, culminado, no reino de Portugal, com a
expulsão decretada em Dezembro de 1496, de todos os homens que não quisessem
converter-se ao cristianismo.
SAIBA MAIS: VICENTE, António Maria Balcão – Judeus em Torres
Vedras. In Turres Veteras II: Actas de história Moderna. Torres
Vedras: Câmara Municipal de Torres
Vedras/ Instituto de Estudos Regionais e do Municipalismo Alexandre Herculano,
2000. p. 21-31. (Turres Veteras, )
Fontes:
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