sexta-feira, 11 de abril de 2014

Cartas de Lisboa | Pesach





A narrativa na Hagadá traça as raízes e as origens do Povo Judaico.


Ao contar a nossa história, o contrastar com os nossos humildes começos é uma componente necessária para ilustrar quem nós somos.


De facto, o Talmude (Pessachim 116a) diz:

 "Começamos com vergonha e terminamos com glória”.

A evidenciar isto está o parágrafo que se inicia com, “No começo os nossos antepassados eram idólatras …” onde a Hagadá cita extensamente o livro de Joshua que descreve partes da nossa história (Capitulo 26).




Dom Abarbanel, no seu famoso trabalho intitulado "Zevach Pesach," um comentário à Hagadá, questiona a necessidade de tão longa elaboração nesta matéria.

Não teria sido suficiente começar com o Povo Judaico como escravos? Se começar com “vergonha” é um pré-requisito, não é a escravidão a mais humilhante das experiências?

Dom Abarbanel explica que frase no Talmude "começar na vergonha” é mais do que simplesmente enfatizar as nossas humildes origens. “E isso sim a Hagadá a mostrar-nos o nascimento e desenvolvimento dos Judeus em três dimensões vitais.

Em primeiro lugar, a nossa crença. Ainda que o pai de Abraão tenha sido um idólatra, D-us diz “Eu levei o vosso pai Abraão”. Trazendo-o mais junto a Si e permitindo o desenvolvimento da relação e da confiança que todos depositamos em D-us.

Em segundo lugar, o verso enfatiza que “Os vossos antepassados viviam do outro lado do rio”. Não na terra de Israel mas do outro lado do rio. A Terra de Israel é também algo que não era naturalmente nossa mas isso sim, foi uma dádiva de D-us.

Finalmente, “Eu multipliquei os seus descendentes.” A partir do nascimento de Isaque até aos milagrosos números de nascimentos no Egipto. Até o nosso próprio desenvolvimento como uma nação, é ele próprio um feito milagroso.




Esta é a razão, diz Dom Abarbanel, pela qual a Hagadá detalha a nossa humilde origem. Não é apenas um truque para chamar a nossa atenção mas sim uma clara ilustração dos três aspectos especiais e milagrosos que possuímos – a nossa Fé, a nossa Terra, e o nosso Povo.


Cortesia do Rabino
Eli Rosenfeld


Hag Sameah!

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