terça-feira, 26 de agosto de 2014

Mishná - Etimologia | Estrutura | Lista de Ordens



O que é a Mishná?




A Mishná, também conhecida como Mixná ou Mixa *1 (em hebraico משנה, "repetição", do verbo שנה, ''shanah, "estudar e revisar") é uma das principais obras do judaísmo rabínico, e a primeira grande redação na forma escrita da tradição oral judaica, chamada a Torá Oral. Provém de um debate entre os anos 70 e 200 da Era Comum por um grupo de sábios rabínicos conhecidos como 'Tanaim' e redigida por volta do ano 200 pelo Rabino Judá HaNasi.



Traditional burial place of Judah the Prince, 
at Beit She'arim National Park, Israel.


A razão da sua transcrição deveu-se, de acordo com o Talmude, à perseguição dos judeus às mãos dos romanos e que à passagem do tempo trouxeram a possibilidade que os detalhes das tradições orais fossem esquecidos. As tradições orais que são objecto da Mishná datam do tempo do judaísmo farisaico*2. A Mishná não reclama ser o desenvolvimento de novas leis, mas meramente a transcrição de tradições existentes.

A Mishná é considerada a primeira obra importante do judaísmo rabínico e é uma fonte central do pensamento judaico posterior. A lista dos dias de festa conhecida como Meguilat Taanit é mais antiga, mas de acordo com o Talmude já não está em vigor. 



Um dos feriados da antiga Judeia: Yom Nicanor - 13 de Adar
Os acontecimentos históricos que cercam o feriado, Yom Nicanor, eram considerados como marcantes na nossa história. Hoje, os 13 º de Adar no calendário hebraico, é Ta'anit Esther, o Jejum de Ester, e assinalado como um dos "menores dias de jejum".


Comentários rabínicos à Mishná nos três séculos seguintes à sua redação (guardados sobretudo em aramaico) foram redigidos, como a Guemará.


Etimologia

O plural de tana que se refere aos sábios rabínicos judeus cujas opiniões são gravadas na Mishná. Na história judaica, o período dos 'Tanaim' é também referido como período mishnaico. Seguiu-se ao período dos Zugot ("pares") e foi precedido pelo período dos Amoraim. A raiz tana (תנא) é o equivalente aramaico para a raíz hebraica shaná (שנה) que é também a palavra raiz de "Mishná". O verbo shaná (שנה) significa literalmente "repetir [aquilo que se ensinou]" e é usado para indicar "aprender".


Estrutura

A Mishná está ordenada em seis ordens (em hebraico sedarim, plural de seder, סדר), cada uma contendo 7 a 12 tratados (masechtot, plural de masechet, מסכת, "rede"). Existem 63 tratados no total. Cada masechet é dividida em capítulos (perakim, plural de perek) e depois em parágrafos e versículos (mishnaiot, plural de mishná). A Mishná é também chamada de Shás, uma abreviatura de Shishá Sedarim – as "seis ordens"). O termo Shas é usado também para se referir a um Talmude completo, o qual segue a estrutura da Mishná.

A Mishná ordena o seu conteúdo por assuntos temáticos, em vez de contexto bíblico e discute temas individuais mais profundamente que o Midrash. Inclui uma seleção mais alargada de assuntos haláquicos (da Lei Judaica) do que o Midrash.



An illuminated manuscript of the Mishna, part of the Palatina Library's De Rossi collection, 
dated to the 11th century. (Courtesy: National Library of Israel)



As seis ordens são:


Zeraim ("Sementes"), discute sobre rezas e bênçãos, dízimos e leis agrícolas (11 tratados).

Moed ("Festival"), referente às leis do Shabat e das Festas Judaicas (12 tratados).

Nashim ("Mulheres"), acerca do casamento e divórcio, algumas formas de juramentos e as leis do nazir (7 tratados).

Nezikin ("Danos"), ocupa-se da lei civil e criminal, o funcionamento dos tribunais e juramentos (10 tratados).

Kodashim ("Coisas Sagradas"), acerca dos rituais de sacrifícios, as actividades do Templo e as leis alimentares (11 tratados).

Tahorot ("Purezas"), relativo às leis de pureza e impureza, incluindo a impureza do morto, as leis da pureza ritual dos sacerdotes ('Cohanim'), as leis da "pureza familiar" (as leis menstruais) e outras (12 tratados).
Em cada ordem (com a excepção de Zeraim), os tratados estão organizados do maior (em número de capítulos) para o menor.



Jewish cemetery in the time of the Mishnah and the Talmud


O Talmude Babilónico (no tratado Hagigá 14a) declara que havia seiscentas ou setecentas ordens da Mishná. Hillel, o Velho organizou-as em seis ordens para torná-la mais fácil de memorizar. Porém, é disputado o rigor histórico desta tradição. Existe também a tradição de que Ezra, o escriba, ditou de memória não apenas os 24 livros do Tanakh mas também 60 livros esotéricos. Não é absolutamente certo que isto seja uma referência à Mishná, mas existirá razão para o dizer, já que a Mishná é composta realmente por 60 livros. (O total actual é de 63, mas Makkot era originalmente parte de Sanhedrin, e Baba Kamma, Baba Metzia e Baba Batra podem ser vistos como subdivisões de um único tratado, Nezikin.)

A palavra 'Mishná' pode também indicar um único parágrafo ou verso do próprio trabalho, ou seja, a mais pequena unidade da estrutura da Mishná.

Curiosamente, o rabino Reuvein Margolies defendeu que existiam originalmente sete ordens da Mishná.3 Ele cita uma tradição dos Gueonim (os maiores sábios judeus da Babilónia) sobre a existência de uma sétima ordem. A ordem em falta continha as leis de Sta'm (prática dos escribas) e Berachot ("bênçãos").





Por agora vou terminar este artigo, mas vou tentar durante esta semana colocar aqui mais em pormenor, cada uma das ordens. Mas quero alertar-vos para o facto de que este, à imagem da maior parte dos meus artigos, não tem qualquer supervisão rabínica, pelo que podem existir alguns erros sobre alguns factos, ou datas. Por este motivo aconselho a todos que retirem qualquer dúvida com o vosso rabino. Eu farei o mesmo! J



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