O Hallel é uma das orações mais
famosas na liturgia Judaica, a qual é recitada várias vezes ao ano em louvor e
agradecimento a D-us.
Isaac
Abravanel
Dom Abrabanel, no seu
comentário ao Hallel e ao Salmo 115, oferece uma nova e bonita interpretação do
que de outro modo seria uma sequência de versos algo intrigante.
Ao contrastar a nossa crença em
D-us com a de um idólatra, o verso diz: “Os seus ídolos são de prata e de ouro,
artesanato de seres humanos.”
O Salmo continua depois com uma
detalhada descrição de vários aspectos dos ídolos. “Eles têm boca mas não
falam, têm olhos mas não vêem. Têm ouvidos mas não ouvem …”
Dom Abarbanel pergunta-se –
porque é que precisamos de toda esta descrição? Porque é que o grosso de uma
inteira canção dedicada a D-us, enfoca as deficiências dos ídolos?
A palavra em hebraico para
descrever um ídolo é "Atzabeihem," a qual deriva ou tem a sua raiz
“shoresh” na palavra "Atzav," a qual por sua vez significa triste ou
deprimido.
Ainda que esta palavra seja de
facto tipicamente interpretada com referência a ídolos, Dom Abarbanel oferece
uma abordagem completamente diferente.
Em vez de meramente descrever
os ídolos feitos de prata e de ouro, Dom Abarbanel interpreta a palavra "Atzabeihem"
como descrevendo as pessoas em questão. Quão triste e infeliz é se o nosso
“trabalho de artesão” for apenas na busca de “prata e ouro”.
Com esta leitura do verso, a
sua continuação faz todo o sentido. “Eles têm boca” - D-us deu-lhes a capacidade
de O louvar, mas infelizmente “Eles não falam”.
“Eles têm olhos”, ou seja a
capacidade de ver a presença e as maravilhas Divinas, “mas eles não vêem”.
“Eles têm ouvidos” ou seja a
capacidade de ouvir e seguir a vontade Divina “mas não ouvem”.
"Eles têm nariz," ou
seja a capacidade de “cheirar” o que é certo e o que é errado "mas eles
não cheiram."
"Eles têm mãos,” ou seja a
oportunidade de cumprir os Mitzvot, "mas não sentem.”
"Eles têm pés," para
dar os passos necessários a ajudar outrem, "mas não caminham."
A estra luz, o Salmo torna-se
um muito pessoal e emocional diálogo interno, recordando a cada um de nós, as
oportunidades e possibilidades que D-us nos deu.
À medida que nos aproximamos de
Yom Kippur (e de Sukkot, altura em que recitaremos o Hallel todos os dias)
vamos então fazer o possível para aproveitar ao máximo as capacidades que D-us
nos deu para atingirmos o nosso potencial em termos da Torá e dos Mitzvot.
Gmar Chatima Tova!
Fonte:
Rabino Eli Rosenfeld
chabadportugal.com
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