sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Cartas de Lisboa | Vayishlach




Vayishlach



Muitos sermões e muitos discursos começam com uma citação ou um verso da Torá. O Rabino Isaque Aboab* explica a motivação subjacente a este fenómeno.


Um rabino numa das suas palestras poderá querer encorajar uma mudança de comportamento entre os seus ouvintes. O começar com um verso da Torá pode mitigar um pouco a dureza das suas palavras mudando o tom da conversa de uma perspectiva de crítica pessoal para uma perspectiva de encorajamento a uma melhoria no comportamento colectivo.

Uma outra possibilidade, sugere o Rabino Aboab, é a de exemplificar que muitas das ideias da grande actualidade em tópicos actualmente prementes, podem ser encontradas na sagacidade imemorial da Torá.

Com esta ideia em mente, um verso especificamente da parashat desta semana, assume uma dimensão completamente diferente. Ao descrever a luta entre Jacó e o Anjo, está escrito no verso que “Um homem lutou com ele até de manhã.” (Bereishit 32:26)



Desenho de Julius Schnorr von Carolsfeld


A palavra em Hebraico para “lutar” é "Vayei'avek," a qual é composta da mesma raiz que a palavra tocha "Avukah". Uma tocha é composta por vários componentes que são agrupados de forma muito apertada para virem a constituir um grande pavio no seu centro de modo que conseguir distinguir os diferentes componentes seria tarefa fútil.

De facto, isto é exactamente o que a luta de Jacó e a sua inclusão na Torá nos ensina de acordo com os ensinamentos da filosofia Hasídica.(Como o Grande Rabino de Lubavicth nos ensinou em 19 Kislev 5721 - 1961).

Distinguir entre o bem e o mal parece muitas vezes tao difícil como tentar separar os diferentes componentes de uma tocha. Como se podem diferenciar dois caminhos de acção distintos? A abordagem correcta parece muitas vezes obscura e confusa. Por vezes o bem está entrelaçado com outras coisas que precisam de ser evitadas.

Por muito difícil que tal seja, temos de nos recordar que como Jacó antes de nós, a nossa luta é apenas temporária. Quando chega a manhã o adversário já desapareceu.

Nas nossas vidas, o fardo de tomarmos decisões positivas é algo que D-us nos dá a capacidade de poder carregar. Podemos ter a certeza que quando tentamos a sério, como Jacó antes de nós, seremos capazes de chegar ao “manhã” como ele chegou. Então, toda a escuridão do exilio desaparecerá e uma era de clareza se iniciará com a chegada do Messias.

*O Rabino Isaque Aboab viveu no Porto no período de 1492-93. Esta observação pode ser encontrada nas suas notas sobre a Parsha Vayishlach no seu trabalho Nachal Pishon.


Cortesia do Rabino
Eli Rosenfeld
Shabat Shalom!
chabadportugal.com

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