segunda-feira, 18 de junho de 2012

Amato Lusitano







Dr. João Rodrigues (Castelo Branco, 1511 -
1568) vulgarmente conhecido como Amato
Lusitano foi um notável médico português de
religião judaica que viveu no Século XVI.






Amato Lusitano nasceu em Castelo Branco, Portugal, em 1511, católico de pais cristão-novos (convertidos do Judaísmo ao Catolicismo). Estudou Medicina na Universidade de Salamanca, tendo regressado a Portugal em 1529. Por ser judeu, foi impedido de regressar a Portugal devido às perseguições da Inquisição, o que o levou a viajar para Antuérpia (1534), onde publicou o seu primeiro livro Index Dioscoridis (1536). É aí que adopta o nome de Amato Lusitano, com o qual passa a assinar as suas obras.





Viajou por toda a Europa até se estabelecer na cidade de Ferrara (1541) em Itália, onde foi Professor de Anatomia na Universidade e assistente do então famoso Cananus. Aí inicia a escrita da primeira Centúria que dedica a Cosme de Médici.








A instabilidade política e religiosa que então se vivia em Itália levou-o a Roma, onde foi médico do Papa Júlio III, Ancona(1547), Pesaro(1555), mas a intensificação da perseguição anti-semita — com a nomeação do Papa Paulo IV — forçaram-no a abandonar a Itália e buscar refúgio no Império Otomano. Primeiro em Ragusa, actual Dubrovnik, que na altura era uma República Independente e, depois, em Tessalónica, hoje Salónica, Grécia, cidade com grande população judaica; então parte do Império Otomano, onde escreveu a sua sétima e última Centúria, local onde pereceu, em 1569, com 57 anos, vitimado pela peste que tentou combater.




Amato Lusitano foi um poliglota. Dominava o latim, o grego, o hebraico, o árabe, o português, o castelhano, o francês, o italiano, o alemão e, presume-se, o inglês. Max Solomon, um seu biógrafo, considerou-o como «o Homem que representa a Medicina do século XVI, como erudito, anatomista e clínico». Era conhecido e respeitado, privando de perto com importantes personalidades do mundo ocidental.




Descobriu, enquanto assistente de Cananus a circulação do sangue, através de inspecções da veia Ázigos, na qual descreveu também pela primeira vez as válvulas venosas.







Amato Lusitano foi um dos primeiros médicos a comentar a obra de Dioscórides no século XVI.
Escreveu os tratados Index Dioscoridis em 1536,In Dioscorides de Medica materia Librum quinque enarrationis em 1556 e Curationium Centuriae Septem em 1556.









As «Centúrias das Curas Medicinais» são, entre as obras que escreveu, um dos seus maiores legados à Humanidade. Escreveu sete «Centúrias», originais em Latim, conhecendo-se 59 traduções em diferentes línguas. Cada «Centúria» apresenta 100 casos clínicos («Curas», como se dizia na época), com descrição exacta do caso, idade do doente, descrição da doença e terapêutica utilizada. Estas reflexões permitem observar o mundo no século XVI para lá dos aspectos meramente médicos: hábitos alimentares, ritmos do quotidiano, guerras e tensões económicas e políticas, hierarquias sociais, abertura às maravilhas do mundo que ia sendo descoberto.





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