1568) vulgarmente
conhecido como Amato
religião judaica
que viveu no Século XVI.
Amato Lusitano
nasceu em Castelo Branco, Portugal, em 1511, católico de pais
cristão-novos (convertidos do Judaísmo ao Catolicismo). Estudou Medicina na Universidade de Salamanca, tendo
regressado a Portugal em 1529. Por ser judeu, foi impedido de regressar a
Portugal devido às perseguições da Inquisição,
o que o levou a viajar para Antuérpia
(1534), onde publicou o seu primeiro livro Index Dioscoridis (1536). É
aí que adopta o nome de Amato Lusitano, com o qual passa a assinar as suas
obras.
Viajou por toda a Europa até se estabelecer na cidade de Ferrara (1541) em Itália, onde foi Professor de Anatomia na Universidade e assistente do então famoso Cananus. Aí inicia a escrita da primeira Centúria que dedica a Cosme de Médici.
A instabilidade
política e religiosa que então se vivia em Itália levou-o a Roma, onde foi médico
do Papa Júlio III, Ancona(1547), Pesaro(1555), mas a
intensificação da perseguição anti-semita — com a nomeação do Papa
Paulo IV — forçaram-no a abandonar a Itália e buscar refúgio no Império
Otomano. Primeiro em Ragusa, actual Dubrovnik, que na altura era uma República
Independente e, depois, em Tessalónica,
hoje Salónica,
Grécia,
cidade com grande população judaica; então parte do Império
Otomano, onde escreveu a sua sétima e última Centúria, local onde
pereceu, em 1569,
com 57 anos, vitimado pela peste que tentou combater.
Amato Lusitano
foi um poliglota.
Dominava o latim,
o grego,
o hebraico, o árabe,
o português, o castelhano, o francês,
o italiano, o alemão
e, presume-se, o inglês. Max Solomon, um seu biógrafo, considerou-o
como «o Homem que representa a Medicina do século
XVI, como erudito, anatomista e clínico». Era conhecido e respeitado,
privando de perto com importantes personalidades do mundo ocidental.
Descobriu,
enquanto assistente de Cananus
a circulação do sangue, através de inspecções da
veia Ázigos,
na qual descreveu também pela primeira vez as válvulas
venosas.
Escreveu os tratados Index Dioscoridis em 1536,In
Dioscorides de Medica materia Librum quinque enarrationis em 1556 e Curationium
Centuriae Septem em 1556.
As «Centúrias
das Curas Medicinais» são, entre as obras que escreveu, um dos seus maiores
legados à Humanidade.
Escreveu sete «Centúrias», originais em Latim, conhecendo-se 59 traduções em
diferentes línguas. Cada «Centúria» apresenta 100 casos clínicos («Curas», como
se dizia na época), com descrição exacta do caso, idade do doente, descrição da
doença e terapêutica utilizada. Estas reflexões permitem observar o mundo no
século XVI para lá dos
aspectos meramente médicos: hábitos alimentares, ritmos do quotidiano, guerras
e tensões económicas e políticas, hierarquias sociais, abertura às maravilhas
do mundo que ia sendo descoberto.
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