Tetzave - Zachor
"Lembre-se ... de Amaleque”
(Devarim 25:17)
Este Shabat vamos ler dois rolos
da Torá. Além da leitura da parsha regular, uma segunda leitura seguir-se-á,
onde nos é implorado lembrar a história dos amalequitas.
O que é que sobre os amalequitas a Torá quer que nós nos
lembremos constantemente?
Muitas nações enfrentaram o povo judeu no campo de batalha,
por que é que a de Amaleque é apontada como a pior de todas elas?
O ataque de Amaleque à nação
judaica é resumido neste versículo:
"Eles surpreenderam-vos na estrada e cortaram nas vossas
traseiras todas as pessoas fracas, quando vocês estavam sequiosos e cansados, e
eles não temeram a D-us." (Devarim 25:17)
Dom Abarbanel no seu comentário aponta quatro aspectos que ilustram a essência da luta de Amaleque contra o povo judeu.
1) As guerras
não ocorrem num vácuo, diz ele, as batalhas são geralmente disputadas sobre
questões territoriais. Neste caso, no entanto, o povo judeu não tinha terra, e
foram atacados "na estrada" e muitos anos antes que de terem entrado
em Israel.
2) Além disso,
as batalhas são travadas após uma declaração de guerra, os amalequitas não
fizeram tal coisa, mas atacaram de "surpresa".
3) Ao se
aproximar do acampamento judaico, Amaleque não atacou as pessoas que tinham
capacidade de serem soldados ou guerreiros, mas sim "as pessoas
fracas."
4) Com medo de
uma batalha direta, ele caçava os fracos, sem questões morais e sem "medo
de D-us."
A guerra de Amaleque, diz Dom
Abarbanel, "foi motivada pelo ódio, na esperança de retornar o povo judeu
à escravidão e assim profanar D-us e Sua honra."
Curiosamente, a Torá não só nos diz para
"destruir" os amalequitas, mas sim para os "recordar". Na
verdade, estes são listados como dois Mitzvot separados. Não seria a destruição
de Amaleque suficiente? Por que é que a Torá nos pede também para nos
lembrarmos dos amalequitas?
A filosofia hasídica explica que Amalek é mais do que uma
mera nação. Amaleque representa a antítese da inspiração espiritual. Embora
hoje em dia, não possamos identificar os amalequitas como nação, podemos, sem
dúvida identificar a sua manifestação espiritual.
Quando confrontados com problemas ou obstáculos, precisamos
de ser activos e tentar redirecionar os nossos esforços no sentido de nos
conformarmos com o que acreditamos ser o correcto.
O "desafio de Amaleque", no entanto, não pode ser
racionalizado ou ignorado, mas precisa de ser "lembrado" e afastado,
"destruído".
Na maioria das vezes, o "desafio de Amaleque" não
é uma influência externa, mas sim interna, dizendo-nos para pararmos, "acalmarmos",
para sermos "realistas", e para não nos "exagerarmos" com o
ser judeu.
É aí que a importância de "lembrar" entra em
jogo, para podermos reconhecer e destruir este tipo de sentimentos precisamos
de estar cientes e conscientes desse fenômeno. Só então, podemos abraçar
plenamente o nosso orgulho judaico e a nossa paixão pelo judaísmo.
Shabat Shalom!
Cortesia do Rabino
Eli Rosenfeld
chabadportugal.com
Fontes das Imagens:
http://abrancoalmeida.com/tag/museu-do-prado/
Sem comentários:
Enviar um comentário