segunda-feira, 30 de junho de 2014
domingo, 29 de junho de 2014
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Cartas de Lisboa | Música e Inspiração
*Esta terça-feira, o Terceiro Dia de Támuz marca o Vigésimo Yahrtzeit do Lubavitcher Rebbe. Em Portugal um evento em honra do legado e ensinamentos do Rebbe terá lugar no dia 10 de Julho.
Chukat
"Este é o estatuto
da Torá”.
Estas palavras são parte da secção de abertura da Parsha
desta semana.
Contudo, em vez de uma discussão profunda sobre a essência
da Torá, o que aqui encontramos é algo de âmbito bem mais limitado. O que se segue à grandiosa afirmação acima referida são os
muitos detalhes referentes a uma muito única Mitzvá, “parah adumah: o Bezerro Vermelho.
Porque será que uma lei na sua singularidade e esta secção
da Torá merecerão uma introdução tão abrangente?
Que lições genéricas poderão ser retiradas da lei do Bezerro
Vermelho para a Torá na sua totalidade?
Dom Isaac Abarbanel no seu comentário sobre esta Parsha
analisa em pormenor os detalhes desta Mitzvá.
Ele ilustra as importantes qualidades e lições que saem
desta Mitzvá tão única e como se relacionam com a nossa abordagem ao estudo da
Torá no geral.
Como é bem sabido, o animal em questão tinha de ser um
espécime perfeito, completo sem o menor defeito.
Isto, diz Dom Isaac Abarbanel, reflecte a nossa abordagem à
Torá. O conhecimento de que para nós a Torá é perfeita, deve-se cada um dos
seus detalhes ter sido cuidadosamente preparado por D-us para nós cumprirmos na
sua totalidade.
Além disso um animal em que tenha sido posta uma carga
estaria desqualificado para ser considerado para esta Mitzvá.
Do mesmo modo, no nosso cometimento para com a Torá, outros
interesses alternativos não se podem interpor no caminho do nosso estudo e
devoção. Mais, assim como o processo da matança revela o que estava
ocultado e escondido, também a Torá tem aspectos revelados e escondidos, cuja
profundidade tem de ser explorada e trazida à luz do dia.
Antes de se poder completar o processo de purificação
precisávamos de lavar as nossas roupas. Roupas são uma referência aos nossos
Midot – comportamentos.
Uma pessoa que estuda a Torá tem de garantir que este
estudo afecta o seu comportamento de modo a que possa reflectir com propriedade
as ideias que aprendeu, ou seja ser um embaixador da Torá e dos seus
ensinamentos.
Uma outra importante lição é a necessidade de incluir o
Cohen, o sacerdote, cuja função era de guiar os demais no serviço de D-us.
Isto recorda-nos da importância
de permitirmos a nós próprios ser inspirados e ensinados pelos nossos Rabinos e
Mestres.
Shabat Shalom
Cortesia do Rabino
Eli Rosenfeld
chabadportugal.com
Imagens:
Franz Marc
Tissot
quarta-feira, 25 de junho de 2014
O dia de hoje na história judaica | 28 Sivan 5774
O Rebbe chegou aos Estados Unidos
(1941)
Rabi Menachem Mendel Schneerson
Após escapar da Paris ocupada pelos nazis, e muitos meses
perigosos em Vichy, na França, o Rebe, Rabi Menachem Mendel Schneerson e sua
esposa, Rebetsin Chaya Mushka embarcaram no navio Serpa Pinto em Lisboa,
Portugal.
Na segunda-feira 23 de junho – 28 de Sivan no Calendário
Judaico – às 10:30 da manhã, eles chegaram a Nova Iorque.
Logo após sua chegada, o sogro do Rebe, então Rebe
Lubavitcher, Rabi Yossef Yitschac Schneersohn (que tinha sido resgatado da
Varsóvia ocupada pelos nazis em 1940), nomeou-o para liderar os programas
sociais e educacionais de Chabad-Lubavitch. Assim o Rebe começou sua obra
revolucionária, com décadas de duração, para revitalizar a vida judaica no
Hemisfério Ocidental, que se espalhou, através dos emissários (shluchim) que
ele despachou da sede em Nova Iorque para os quatro cantos do mundo.
Curiosidades
Visita a Lisboa
Entre os muitos refugiados que passaram por Portugal e
Lisboa na fuga do Shoah estava o grande tzadik, o Rabino Menachem Mendel
Schneerson, que mais tarde viria a ser o 7º Lubavitcher Rebbe. O Rebbe viajava
da França com a sua mulher a Rebetsin Chaya Moussia, filha do 6º Rebbe.
Pouco se sabe sobre a estadia do Rebbe em Portugal, uma vez
que falta fazer um trabalho de pesquisa nos arquivos nos Ministérios dos
Negócios Estrangeiros e da Administração Interna. O que se sabe é que deixou
Portugal no dia 17 de Sivan 5701 (12 de Junho 1941) no navio Serpa Pinto da
Companhia Colonial de Navegação para Nova Iorque. Viajaram 1ª Classe, Porão. A
mala de viagem utilizada para a travessia do Atlântico ainda existe na sede do
movimento Lubavitch em Nova Iorque.
Nos acervos do Rebbe existem notas para uma palestra,
escritas durante a estadia em Portugal, sobre um texto bastante obscuro, tirado
do tratado de Sanhedrim do Talmud, sobre a vinda de Moshiach:
"O filho de David só virá
quando procurarem peixe para os doentes e não encontrarem nenhum."
Desconhece-se onde o Rebbe deu a sua palestra mas terá sido
na Comunidade Israelita de Lisboa ou noutro local.
Aproveito para vos deixar um pequeno apontamento sobre: O navio
Serpa Pinto.
Foi o navio de passageiros que, durante a Segunda Guerra
Mundial mais viagens transatlânticas realizou entre Lisboa, Nova Iorque e Rio
de Janeiro, transportando refugiados da guerra em geral, e particularmente
judeus em fuga do nazismo, trazendo de volta à Europa, cidadãos de origem
germânica expulsos dos países americanos. Adquiriu assim popularidade, ficando
conhecido pelos epítetos de "Navio da Amizade", "Navio Herói" e "Navio do
Destino".
Fontes:
"O Rebe" | Pintura de
Michael Khundiashvili
segunda-feira, 23 de junho de 2014
Curiosidades Judaicas | Concelho de Portalegre
Carreiras
Vista
parcial da aldeia de Carreiras (Portalegre)
pelo
olhar de José Almeida.
Carreiras, é uma freguesia portuguesa do concelho de Portalegre, na região
do Alentejo, com cerca de 600 habitantes.
A aldeia de Carreiras, com mais do que provável origem
medieval, terá sido terra de acolhida de alguns Judeus vindos da Judiaria de
Castelo de Vide, estabelecendo-se aqui como cristãos-novos.
Rua
Nova (Carreiras, Portalegre)
É muito provável que o local da Judiaria de Carreiras
estivesse na zona da Rua Nova, como em qualquer povoação da Portugal onde
existiam Judeus.
Desde tempos recuados que existem em Carreiras os apelidos
Carvalho e Pereira, muito comuns a Judeus portugueses obrigados à conversão.
Até ao século XX as mulheres costumavam entrar na igreja pela porta lateral,
tal como nas sinagogas, enquanto os homens entravam pela principal.
Igreja
de São Sebastião e adro (Carreiras, Portalegre)
Ainda se conserva na tradição popular
a quadra:
"Adeus
porta pequeninha
Por
onde as mulheres se servem!
E
por causa das mulheres
Tantos
delitos sucedem..."
Travessa
do Cimo da Rua (Carreiras, Portalegre)
E esta foi mais uma aldeia por onde
passaram os nossos antepassados. Como podem verificar, muito pouco há para
contar sobre este pedacinho de terra, mas não consigo resistir à partilha deste
testemunho. À medida que vou pesquisando sobre a presença judaica no nosso
país, cada vez mais acredito que há ainda muito por descobrir!
Mas fico sempre com uma sensação de
vazio, descobrimos os locais, podemos ver provas vivas que deixámos para trás,
como Aron Kodesh, mezuzot, cartas forais, frases inscritas nas pedras, um sem
fim de marcas cruciformes, etc., mas...
Onde andam hoje os descendentes dos
filhos destas terras? Bom, sabemos que alguns continuam sem saber quem
são, outros continuam a não querer saber quem foram, outros partiram e não
voltaram e por fim, uma pequena percentagem; os que sabem e que procuram
provar as suas origens dando-nos a conhecer que afinal muitos ainda andam por
cá. Enfim, temos que ser pacientes.
Deixo-vos agora com mais algumas
aguarelas de João Salvador Martins
a partir de fotografias antigas de
Carreiras (Portalegre).
Casas
Nogueiras | Arco da Fonte Nova | Fonte Nova
Chaminé na zona da Fonte Nova | Rua
de Baixo
Fontes:
Por
Caeiro
Aguarelas
de Carreiras:
De
João Salvador Martins
GoogleMaps
domingo, 22 de junho de 2014
Curiosidades Judaicas | Vertente Norte da Serra da Estrela
GOUVEIA
Postal antigo com vista parcial de Gouveia
Gouveia é uma cidade portuguesa, no Distrito da Guarda,
situada na vertente norte da Serra da Estrela. Nesta cidade existiu uma
comunidade judaica bem organizada.
Em 1083 D. Fernando I, Magno, Rei de leão e Conde de
Castela, integrado no movimento chamado da Reconquista Cristã retomou Gaudela
aos Mouros. O primeiro foral de Gouveia foi concedido no ano de 1186 por El-rei
D. Sancho I e confirmado por D. Afonso II em Coimbra em 1217.
D. Sancho I e D. Afonso II de Portugal
Porém, esta carta foral desapareceu, como tantas outras.
Não se colocando a dúvida da concessão do foral por D. Sancho I, apesar do seu
“desaparecimento”, este está relacionado com uma Carta Régia datada de 15 de dezembro
de 1481, que determinou a remessa à Corte de todos os forais, a fim de se
proceder à respetiva reforma, sob pena de perderem validade. Tal revisão ainda
se encontrava por fazer quando D. Manuel I subiu ao trono - situação que levou
os munícipes a solicitarem novamente essa revisão, agora nas cortes de
Montemor-o Novo de 1495. Nessa altura, o rei impôs, em 1497, o envio à Corte
dos forais que ainda não tinham sido entregues, nomeando para tal uma Comissão. Esta, por exemplo, é uma carta foral já Manuelina e do ano 1514.
A Judiaria de Gouveia
A judiaria de Gouveia, rodeando a cidade a oeste, ter-se-ia
desenvolvido com orientação sul-norte. Iniciada com uma pequena comuna tendo
cerca de 50 Judeus em meados do século XV, no final da centúria, seriam quase
200 famílias. Encontravam-se aqui os Adida, Abenazo, Baruc, Faravam, Navarro e
Sacuto.
Os Judeus que habitavam Gouveia estiveram sempre ligados ao
trabalho da lã, atividade clássica desde há muito nesta cidade. Localizada nas
proximidades da Estremadura espanhola, depois da data de expulsão dos Judeus de
Espanha, a vinda dos refugiados provocou o desenvolvimento da indústria de
lanifícios, praticado então de jeito muito rudimentar, tendo-se modernizado e
intensificado o trabalho dos lanifícios. Nomeadamente utilizando engenhos movidos
a energia hidráulica, que provinha das ribeiras caudalosas da vila.
Homenagem aos operários dos lanifícios
Aliás, os judeus espanhóis expulsos construíram no
outono-inverno de 1496 uma sinagoga que não chegou a ser inaugurada por causa
da ordem de expulsão do Rei Manuel a I de dezembro desse ano. Porém, em 1967
foi encontrada uma pedra pertencente a essa sinagoga numa casa da Rua Nova em
plena judiaria de Gouveia. Nessa pedra pode ler-se:
«A glória desta Última casa
será maior que a primeira; Diz o "Hashem" (Senhor) dos Exércitos: a
casa da nossa santificação, da nossa glória, e os resgatados pelo Senhor,
voltarão e regressarão a Sião em alegria.»
Rua Nova, Gouveia
(não consegui identificar a casa
em questão L)
A judiaria de Gouveia englobava toda a parte oeste da
cidade, e tem como principais pontos a chamada hoje em dia Rua da República, as
Escadas do Ouvinho, a Rua das Flores, Travessa de Santa Cruz.
Fica para a história a força e o ódio, que no período entre
1525 e 1530, fomentado por D. João III atingiu, tornando conhecido este
episódio relatado por Meyer Kayserling:
«Em Gouveia foi encontrada em
pedaços uma imagem de Maria, muito adorada pelo povo. Este sacrilégio,
atribuído aos cripto judeus da cidade, levou à prisão de três deles, que foram
soltos após alguns dias. A massa enfurecida acusou os judeus de suborno. [...]
O inquérito contra os cripto judeus libertados foi reiniciado por insistência
dos moradores. Falsas testemunhas depuseram contra os acusados e, como ficou
provado mais tarde, devido a acusações caluniosas, morreram na fogueira como
hereges e profanadores de imagens sagradas.»
Vista de Gouveia 1925 | óleo sobre tela 31 x 40 | cm. Museu
Abel Manta Gouveia, Portugal
Fontes:
Por Caeiro
sábado, 21 de junho de 2014
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