Jacob Camille Pissarro (Charlotte Amalie, na
ilha de São Tomás nas Índias Ocidentais Dinamarquesas, hoje Ilhas Virgens
Americanas, 10 de Julho de 1830 — Paris, 13 de Novembro de 1903) foi um pintor
francês, co-fundador do impressionismo, e o único que participou nas oito
exposições do grupo (1874-1886).
Seu pai, Abraham Frederic Gabriel Pissarro, era
português criptojudeu de Bragança, que, no final do século XVIII, quando ainda
pequeno, emigrara com a sua família para Bordéus, onde na altura existia uma
comunidade significativa de judeus portugueses refugiados da Inquisição. A mãe
de Camille Pissarro era crioula e tinha o nome Rachel Manzano-Pomie.
Com 11 anos Camille Pissarro foi enviado a
Paris para estudar num colégio interno. Voltou para a ilha São Tomás, a fim de
tomar conta do negócio da família. Algum tempo depois, a sua paixão pela
pintura fê-lo mudar de vida: fez em 1852 amizade com o pintor dinamarquês,
Fritz Melbye e a oportunidade de concretizar seu sonho surgiu com um convite
para acompanhar uma expedição do Fritz Melbye, enviado pelo governo das
Antilhas Dinamarquesas, para estudar a fauna e a flora da Venezuela, onde
passou dois anos.
Pissarro conquistou sua liberdade aos 23 anos.
Em 1855, ele já estava em Paris com ajuda de Melbye, tentando iniciar sua
carreira. O jovem antilhano fascinou-se com as telas de Camille Corot e travou
amizade com Paul Cézanne, Claude Monet, Charles-François Daubigny, entre outros
pintores impressionistas. Com Monet passou a sair para pintar ao ar livre, em
Pontoise e Louvenciennes. Em 1861 casou com Julie Vellay, com quem teve oito
filhos.
No decorrer da guerra franco-prussiana (1870-1871), na qual praticamente todos os seus quadros foram destruídos, residiu em Inglaterra. Quando voltou, começou a pintar na companhia de Cézanne. Com o objectivo de descobrir novas formas de expressão,
Pissarro foi um dos primeiros impressionistas a recorrer à técnica da divisão
das cores através da utilização de manchas de cor isoladas – o seu quadro
"The Garden of Les Mathurins at Pontoise" (1876) é um exemplo.
Em 1877 pintou "Les toits rouges, coin du village, effet d'hiver". Durante os anos 1880 juntou-se a uma nova geração de impressionistas, os "neo-impressionistas", como Georges Seurat e Paul Signac, pintando em 1881 "Jeune fille à la baguette, paysanne assise" e experimentou com o pontilhismo.
A partir de 1885,
militou nas correntes anarquistas, criticando severamente a sociedade burguesa
francesa, deixando-nos "Turpitudes Sociales" (1889), um álbum de
desenhos.
Nos anos 1890 abandonou gradualmente o
"neo-impressionismo", preferindo um estilo mais flexível que melhor
lhe permitisse captar as sensações da natureza, ao mesmo tempo que explorou a
alteração dos efeitos da luz, tentando também exprimir o dinamismo da cidade
moderna, de que são exemplos os vários quadros que pintou com vistas de Paris
("Le Boulevard Montmartre, temps de pluie, après-midi", 1897),
Dieppe, Le Havre e Ruão.
A obra de Pissarro
se caracterizou por uma paleta de cores cálidas e pela firmeza com que consegue
captar a atmosfera, por meio de um trabalho preciso da luz. Seu material
predileto foi o óleo, mas também fez experiências com aquarelas e pastel.
A
estrutura dos quadros de Pissarro encontra total correspondência na obra de
Cézanne, já que foi mútua a influência entre ambos. Como professor teve como
alunos Paul Gauguin e seu filho Lucien Pissarro. Ao jovem Gauguin aconselhou a
utilização das cores - esses conselhos surtiram efeito e Gauguin começa a
utilizar a cor no seu estado puro.
Durante seus últimos anos, realizou várias viagens pela Europa, em busca de novos temas. Hoje é considerado um dos paisagistas mais importantes do século XIX. Os seus trabalhos mais conhecidos são "Le Verger", "Les châtaigniers à Osny" e "Place du Théâtre Français". Camille Pissarro morreu a 13 de Novembro de 1903 em Paris.
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