A Sinagoga de Ben-Ezra, por
vezes conhecida como sinagoga El-Guenizah, está situada no distrito de Fustat
no Egipto, mais concretamente no Cairo cóptico. Para além de ser a mais antiga
sinagoga egípcia, é também caracterizada pela fusão entre uma arquitectura
cristã com arabescos islâmicos e ornamentos judaicos. A sua história é também
ela uma fusão: entre realidade e lenda. Por exemplo; diz a lenda que é o local
onde a cesta com o profeta Moisés foi recolhida das águas.
Sob o reino do rei babilónio
Nabuchadnezzar II, os Judeus retornados ao país guiados pelo profeta Jeremias,
encontraram acidentalmente vestígios de Moisés, e lá, muito perto da cidade de
Guizeh, criaram uma sinagoga com o nome “Jeremias”. Dentro deste santuário foi
edificado um lugar especial chamado Guenizah onde um rolo de uma Torah
incompleta atribuído a Ezra Sofer (Ezra, o Escriba), foi enterrado.
Em várias obras, muitos
historiadores citam a sinagoga como situada nestas paragens. Um deles, Benjamin
de Tudèle, vindo de Espanha em 1169 escreve no seu livro escrito (em 1170) que
visitou a sinagoga num lugar chamada Antiga Cairo e que lá, descobriu o rolo da
Torah de Ezra, o Escriba. Outro historiador, o famoso historiador judeu
italiano Jacob de Vittelina, chegado ao Egipto antes do anterior faz alusão a
esta sinagoga. Um terceiro, Rabbi Yosef relata na sua obra redigida em 1630 que
a inscrição original de Sambar à Universidade de Bodelaine (Oxford) contém
várias referências relativas à sinagoga de Ben-Ezra da Antiga Cairo. Entre
estas referências, há uma passagem assinalada na obra “Khetat” do historiador
El-Makrizi que viveu no século XIV:
«Durante a
minha visita à sinagoga da Antiga Cairo, encontrei do lado do sul um lugar onde
vários séculos anteriormente, o antigo Sefer Torah de Ezra, o Escriba foi
depositado».
O Dr. Salomon Schechter da
Universidade da Columbia, chegado ao Egipto no tempo de Lorde Cromer, apoiou os
relatórios precedentes a respeito da sinagoga.
Aquando da invasão do Egipto
pelos Romanos (Ano 30 antes da Era Comum), os invasores destruíram a sinagoga
do profeta Jeremias. No ano 641, Amr Ibn Al-Ás, o grande general árabe, venceu
os Romanos na Babilónia e restituiu aos seus proprietários os bens usurpados
pelos Romanos. Os Coptas reclamaram então o terreno sobre o qual tinha sido
edificada a antiga sinagoga de Jeremias, justificando a sua queixa pelo facto
de Jeremias ser citado no Novo Testamento como um dos seus profetas. Como eram
mais numerosos que os judeus, tiveram êxito a convencer Amr Ibn Al-Ás e o
terreno foi-lhes atribuído. Sobre este mesmo terreno, os Coptas construíram
então uma igreja que o historiador El-Makrizi chama na sua obra a Igreja do
Anjo Gabriel. Quanto aos outros historiadores, referem-se chamando-o Igreja de
São Miguel. O Dr. Richard Gotheil da Universidade de Columbia e o professor
William Worell da Universidade de Michigan, na sua obra “Cairo” reportam que a
Igreja foi destruída pelo califa fatímida El-Hakim BI Amr-Ellah.
Em 868,
Ahmed Ebn Touloun, governador do Egipto, impôs ao Coptas um tributo anual de
20.000 dinares de ouro.
No ano 1115, o Grão-Rabino
Abraham Ibn Ezra viajou de Jerusalém ao Egipto. Dirigiu-se às altas patentes
estatais e fez-lhes saber que estava a par da história da sinagoga afirmando
direito de possessão do terreno. Seguidamente interveio junto do Patriarca
Alexandre 56 dizendo-lhe que a sinagoga devia ser restituída aos Judeus. O
Patriarca respondeu que o governador reclamaria o tributo anual de 20.000
dinares. Por último, foi decretado que a sinagoga era restituída aos Judeus
quando o tributo fosse vertido. Ben-Ezra (correspondente hebraico para Ibn
Ezra) reconstrói então a sinagoga que tem ainda hoje o seu nome.
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