quarta-feira, 21 de março de 2012

“GO DOWN MOSES”





ESPIRITUAL NEGRO





Ao longo dos séculos XVII, XVIII e XIX mais de quinze milhões de escravos africanos foram levados para aquilo que na altura era chamado de “Novo Mundo”. Consigo levavam as memórias das suas tradições, nomeadamente no que diz respeito à música e à dança. Inseridos numa sociedade protestante anglo-saxónica, estes povos viriam a desenvolver novas tradições musicais, adaptadas ao seu novo modo de vida, inicialmente a escravatura e mais tarde a segregação.


     Da sua cultura, os escravos trouxeram o conceito de música comunitária, social e funcional, com um repertório de música de índole religiosa, como os espirituais negros, canções de trabalho, música de dança, etc.
A igreja dos negros norte-americanos teve um papel fundamental no desenvolvimento de uma música religiosa afro-americana distinta. A partir do século XVIII, os negros começaram a criar as suas próprias congregações ao invés de participarem no culto dos brancos, como até então. É neste contexto que surge o espantoso “Go Down Moses”, que descreve os acontecimentos narrados nas Sagradas Escrituras, especificamente em Êxodo 7:14-16, onde D’us ordena a Moisés que peça pela libertação dos Israelitas do cativeiro no Egito.

E disse o Eterno a Moisés: (…) Vai ter com o Faraó pela manhã, (…) E lhe dirás: O Eterno dos hebreus enviou-me a ti, dizendo: Envia o meu povo e me servirão no deserto, (…).”
Nesta canção “Israel” representa o conjunto dos escravos negros, enquanto que o “Egito” representa os senhores brancos esclavagistas.

 
When Israel was in Egypt's land: Let my people go,
Oppress'd so hard they could not stand, Let my People go.
Go down, Moses,
Way down in Egypt's land,
Tell old Pharaoh,
Let my people go.

Com a cortesia da minha amiga
Sónia Craveiro. 
Obrigada  :-)


Fonte:
O Sentido da Música, Lina Trindade Santos, Carlos Carlos, LISBOA Editora;
Imagens:
Johann Moritz Rugendas, Navio Negreiro, 1830; Anónimo, Dança de Escravos numa Plantação de Virgínia, c. 1790-1800

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