ESPIRITUAL
NEGRO
Ao longo dos séculos XVII,
XVIII e XIX mais de quinze milhões de escravos africanos foram levados para
aquilo que na altura era chamado de “Novo Mundo”. Consigo levavam as memórias
das suas tradições, nomeadamente no que diz respeito à música e à dança.
Inseridos numa sociedade protestante anglo-saxónica, estes povos viriam a
desenvolver novas tradições musicais, adaptadas ao seu novo modo de vida,
inicialmente a escravatura e mais tarde a segregação.
Da
sua cultura, os escravos trouxeram o conceito de música comunitária, social e
funcional, com um repertório de música de índole religiosa, como os espirituais negros, canções de trabalho,
música de dança, etc.
A igreja dos negros
norte-americanos teve um papel fundamental no desenvolvimento de uma música
religiosa afro-americana distinta. A partir do século XVIII, os negros
começaram a criar as suas próprias congregações ao invés de participarem no
culto dos brancos, como até então. É neste contexto que surge o espantoso “Go
Down Moses”, que descreve os acontecimentos narrados nas Sagradas Escrituras,
especificamente em Êxodo 7:14-16, onde D’us ordena a Moisés que peça pela
libertação dos Israelitas do cativeiro no Egito.
“E
disse o Eterno a Moisés: (…) Vai ter com o Faraó pela manhã, (…) E lhe dirás: O
Eterno dos hebreus enviou-me a ti, dizendo: Envia o meu povo e me servirão no
deserto, (…).”
Nesta canção “Israel”
representa o conjunto dos escravos negros, enquanto que o “Egito” representa os
senhores brancos esclavagistas.
When
Israel was in Egypt's land: Let my people go,
Oppress'd
so hard they could not stand, Let my People go.
Go down,
Moses,
Way down
in Egypt's land,
Tell old
Pharaoh,
Let my
people go.
Fonte:
O Sentido da
Música, Lina Trindade Santos, Carlos Carlos, LISBOA Editora;
Imagens:
Johann Moritz
Rugendas, Navio Negreiro, 1830;
Anónimo, Dança de Escravos numa Plantação
de Virgínia, c. 1790-1800
Sem comentários:
Enviar um comentário