Oppenheim, pintou os humildes, mas foi também pintor dos grandes. Dele se diz que foi o pintor dos Rothschild e o Rothschild dos pintores. Mas a sua grande façanha, foi ter vingado numa sociedade que negava a cidadania aos judeus – havia os alemães e havia os judeus -, e ter permanecido fiel à sua herança judaica.
Auto retrato do artista ainda jovem
Moritz Daniel Oppenheim
(1800-1882)
Moritz Daniel Oppenheim,
auto-retrato, 1822
Moritz Daniel Oppenheim foi um pintor e
impressor judeu alemão, nascido em 1800 no ghetto
de Hannau, na Alemanha, numa família humilde de judeus ortodoxos. Foi o
primeiro pintor judeu a ganhar aceitação na sociedade alemã.
Enquanto que muitos judeus, ao longo dos
séculos XVIII e XIX, se converteram ao cristianismo em ordem a serem aceites
pela sociedade não judaica, Moritz Daniel Oppenheim permaneceu até ao fim da
vida um judeu observante e dedicado aos valores da sua fé, da sua cultura e dos
seus, nomeadamente através da divulgação de usos e costumes judaicos.
Até à emancipação dos judeus na Europa, os
artistas judeus estavam confinados aos seus ghettos
e proibidos de estudar nas escolas clássicas com os grandes mestres. Moritz
Daniel Oppenheim foi o primeiro pintor judeu a receber formação artística
clássica, a ganhar projeção e reconhecimento oficial na sociedade não judaica.
Em 1825 estabeleceu-se em Frankfurt e em
1832, Goethe, a figura máxima da cultura alemã da sua época, recomendou-o ao
Grão-Duque Karl Friedrich de Saxe-Weimar e Eisenach, que lhe concedeu o título
honorífico
de professor. Foi também por
intermédio de Goethe que Oppenheim, em 1839, recebeu a encomenda para pintar os
retratos do Kaiser Otto IV e de Joseph II. Em 1852, foi-lhe concedida a
cidadania de Frankfurt, uma conquista ímpar para um judeu daquele tempo.
Na sua qualidade de retratista, Oppenheim
foi ao longo de vinte anos o pintor da família Rothschild.
Charlotte von Rothschild e o seu primo Lionel Nathan von Rothschild (retratos de casamento), 1836
O Iluminismo do século XVIII,
entre outras coisas, abriu caminho à emancipação dos judeus na Europa – a Haskalah.
Neste quadro – “O Regresso do Voluntário” (1833-34), Oppenheim mostra-nos um
soldado judeu ferido em combate, que regressa ao seio da família, depois de ter
ajudado a Alemanha na guerra contra as forças de Napoleão.
Este artigo foi uma trabalho efectuado pela minha amiga Sónia Craveiro, a quem deixo desde já o meu muito obrigada.
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