terça-feira, 20 de março de 2012

Acima da Lógica



Agora que o Pessach se aproxima...



O oitavo (Shemini) foi o último dia da inauguração do Tabernáculo no deserto. A princípio não dá para entender por que teve que ser no oitavo dia. No judaísmo o número sete não é mais sagrado? Para responder aqui está uma história atribuída ao Rabino Yonatan Eibeshitz há mais ou menos quatrocentos anos na Europa. Ele era uma pessoa famosa e importante em sua cidade e foi convidado pelo rei para uma audiência privada.
 
 
O rei se considerava um intelectual também e não demorou para que provocasse o rabino com questões difíceis comparando o Judaísmo às outras religiões, tentando apanha-lo numa armadilha.
Claramente nesses casos era tão perigoso ganhar como perder. Uma palavra contra a religião do rei poderia resultar num desastre assim como uma resposta insuficiente.
 
Finalmente o rei perguntou o que é mais difícil de responder; o que significa quando a Torá se refere aos judeus como o povo eleito de D’us? Como nós vemos a diferença entre os judeus e qualquer outro povo? Justamente o contrário! Os judeus são uma minoria e oprimidos por todas as outras nações! Obviamente o “Velho Testamento” está falando de antigamente,mas não agora! O Rabino Eibeshitz pensou um momento e respondeu.
 
 

“Posso mostrar para vossa majestade a diferença mas com a condição que vossa majestade dê sua palavra que não fará nada de mal contra os judeus a partir do momento que conhecer algo que lhe mostrarei hoje.”
 
 
O rei prometeu e então o rabino pediu para ele se disfarçar de cidadão comum para não ser reconhecido na sinagoga, ao seu lado. Estavam no meio da festa de Pêssach. O Rabino Eibeshitz subiu na bimá e anunciou que depois da oração da noite ele queria fazer um anúncio. Suas palavras se espalharam como um incêndio e em apenas alguns instantes todos os lugares estavam tomados e a sinagoga lotou.
 
“Todos vocês sabem,” falou o rabino no salão silencioso, “que é proibido por decreto real ter consigo qualquer quantidade de seda. Ora, quero que cada um de vocês vá para sua casa e traga toda a seda que tiver. ”(Os judeus vendiam seda para os alfaiates para que não afundassem na pobreza).
 
 
Em poucos instantes o salão estava vazio e logo depois repleto novamente. Cada homem trouxe um rolo ou dois de seda, escondidos por baixo do casaco. O Rabino olhou rapidamente para os rolos de tecido e então anunciou.
“Muito bem! Agora quero que cada um leve de volta sua seda e volte assim que possível com todo o Chamêts (bolos e biscoitos fermentados, que são proibidos em Pêssach) que vocês tiverem em suas casas.
 
 

”As pessoas olharam com horror para o Rabino. “Mas rabino!! Isso é impossível. Ninguém tem Chamêts! D’us nos livre! Ninguém nunca sonharia em ter Chamêts em Pêssach! Chass ve shalom!!”
“Muito bem!” Falou o rabino, “É isso que eu queria ouvir. Chag Samêach a todos vocês! D’us abençoe a todos!!
 
 

”O Rabino se virou então para o rei e falou: “Sua majestade tem muitos soldados e policiais em todos os lugares e qualquer um que for pego em posse de qualquer quantidade de seda será multado pesadamente e até aprisionado. No entanto, o senhor viu como alguns judeus têm seda consigo. Mas nenhuma dessas pessoas jamais viu D’us e Ele não tem soldados e nem policiais.
 
 
De fato hoje um judeu pode, D’us nos livre, transgredir todos os mandamentos divinos e não receber nenhuma multa, nenhuma prisão, e nem mesmo uma palmatória; ou mesmo qualquer tipo de castigo! Mas apesar disso tudo, ninguém sequer pensa em ter posse de Chamêts durante Pêssach.
 
 

É por isso que os judeus são ‘escolhidos’, não porque D’us necessariamente os favoreça (embora acreditamos que logo Mashiach tornará D’us, sua Torá e seu Povo precioso aos olhos de todo o mundo) mas porque nós favorecemos D’us, acima de qualquer lógica e razão!”
 
 
Isso responde a nossa pergunta:

A razão para o Tabernáculo ter sido concluído no oitavo dia especificamente foi porque o número oito significa além do sagrado.

A santidade é apenas uma revelação de Divindade, enquanto que os judeus estão ligados à essência de D’us mesmo; acima de qualquer lógica ou sentido.
 
 
 

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