Ilha
Terceira
O
Cemitério dos Hebreus, também referido como Campo da Igualdade, localiza-se no
Caminho Novo, no centro histórico de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos
Açores. Destaca-se por ser um dos únicos vestígios da cultura hebraica no
arquipélago.
As primeiras referências ao
estabelecimento de famílias judaicas nos Açores datam da primeira metade do
século XIX, oriundas do Marrocos, de onde saíram devido às restrições económicas
que ali lhes estavam sendo impostas à época. No mesmo período, a acção do Santo
Ofício declinara em Portugal, e o advento do Liberalismo, nomeadamente após a
Revolução Liberal do Porto (1820), atraíram essas populações, com provável
ascendência portuguesa. Desse modo, diversas famílias começaram a acorrer para
os Açores, registando-se a fixação dos Abohbot, Benarus, Levy, Zagory ou
Besabat. O arquipélago chegou a dispor de várias sinagogas, nas ilhas de São
Miguel, Terceira e Faial. A aceitação dos hebreus nessas comunidades à época,
contrasta com as perseguições movidas pelo Santo Ofício nos séculos anteriores.
Este campo foi adquirido à
Câmara Municipal em 1832 pelos hebreus da cidade de Angra para aqui poderem
sepultar os seus mortos de acordo com os ritos de sua religião.
Aqui se encontra sepultado Mimom
ben Abraham Abohbot, fundador da Sinagoga Ets Haim em Angra.
A Sinagoga Ets Haim (possível
tradução: "Árvore da Vida") localizava-se no centro histórico de
Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores.
Fundada na segunda metade do
século XIX, a sua história está ligada à vida e obra do comerciante judeu Mimom
ben Abraham Abohbot, que foi seu fundador, nela tendo exercido as funções de
oficiante e mestre de religião.
Foi instalada na sua residência, inaugurada
quando este obteve emprestada uma torah pertencente ao rabino Judah Azagury,
que saiu dos Açores para ir viver em Lisboa.
A monarquia liberal portuguesa
permitiu em sua Constituição a existência de cultos religiosos diversos, embora
mantendo o catolicismo como religião oficial do Estado. Isso levou, por
exemplo, a que as sinagogas não tivessem autorização para comunicar directamente
com a via pública, devendo existir um pátio ou zona intermediária de ligação.
Mimon Abohbot era um judeu
sefardita nascido no Mogador. Era filho de Abraham Abohbot e Raquel Abohbot e
foi educado nos estudos e teologia hebraicos. Não se sabe a data de sua chegada
aos Açores ou a Angra, mas o historiador Pedro de Merelim, a primeira
referência a seu respeito data de 5 de março de 1827, no Livro da Porta da
Capitania Geral dos Açores.
Em 1835, aproveitou a venda em
hasta pública de bens nacionais dos conventos extintos em 1834, e adquiriu o
imóvel do antigo Convento da Esperança, à esquina da rua da Sé com a rua da
Esperança, onde actualmente se encontram as instalações do RIAC e a loja da TAP.
Remodelou e reconstruiu este antigo edifício, dando-lhe o aspecto que hoje
conserva, e onde fixou residência. Posteriormente, em 1857, adquiriu uma quinta
na Canada dos Folhadais.
Na Terceira tornou-se um comerciante
de projecção, com estabelecimentos em Angra, vendendo a crédito e emprestando
dinheiro a juros. Exportou ainda laranjas para a Grã-Bretanha. Os periódicos da
época e as referências públicas mostram-no como uma figura socialmente
respeitável, não apenas entre a comunidade judaica, mas em toda a cidade.
Faleceu em Angra do Heroísmo a
21 de Julho de 1875, "rezando psalmos de David", sendo sepultado no
Campo da Igualdade, no Caminho Novo, na mesma cidade.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cemit%C3%A9rio_dos_Hebreus
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