terça-feira, 27 de março de 2012

Arquipélago


Ilha Terceira






O Cemitério dos Hebreus, também referido como Campo da Igualdade, localiza-se no Caminho Novo, no centro histórico de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira, nos Açores. Destaca-se por ser um dos únicos vestígios da cultura hebraica no arquipélago.





As primeiras referências ao estabelecimento de famílias judaicas nos Açores datam da primeira metade do século XIX, oriundas do Marrocos, de onde saíram devido às restrições económicas que ali lhes estavam sendo impostas à época. No mesmo período, a acção do Santo Ofício declinara em Portugal, e o advento do Liberalismo, nomeadamente após a Revolução Liberal do Porto (1820), atraíram essas populações, com provável ascendência portuguesa. Desse modo, diversas famílias começaram a acorrer para os Açores, registando-se a fixação dos Abohbot, Benarus, Levy, Zagory ou Besabat. O arquipélago chegou a dispor de várias sinagogas, nas ilhas de São Miguel, Terceira e Faial. A aceitação dos hebreus nessas comunidades à época, contrasta com as perseguições movidas pelo Santo Ofício nos séculos anteriores.

Este campo foi adquirido à Câmara Municipal em 1832 pelos hebreus da cidade de Angra para aqui poderem sepultar os seus mortos de acordo com os ritos de sua religião.

Aqui se encontra sepultado Mimom ben Abraham Abohbot, fundador da Sinagoga Ets Haim em Angra.

A Sinagoga Ets Haim (possível tradução: "Árvore da Vida") localizava-se no centro histórico de Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, nos Açores.




Fundada na segunda metade do século XIX, a sua história está ligada à vida e obra do comerciante judeu Mimom ben Abraham Abohbot, que foi seu fundador, nela tendo exercido as funções de oficiante e mestre de religião. 



Foi instalada na sua residência, inaugurada quando este obteve emprestada uma torah pertencente ao rabino Judah Azagury, que saiu dos Açores para ir viver em Lisboa.


A monarquia liberal portuguesa permitiu em sua Constituição a existência de cultos religiosos diversos, embora mantendo o catolicismo como religião oficial do Estado. Isso levou, por exemplo, a que as sinagogas não tivessem autorização para comunicar directamente com a via pública, devendo existir um pátio ou zona intermediária de ligação.





Mimon Abohbot era um judeu sefardita nascido no Mogador. Era filho de Abraham Abohbot e Raquel Abohbot e foi educado nos estudos e teologia hebraicos. Não se sabe a data de sua chegada aos Açores ou a Angra, mas o historiador Pedro de Merelim, a primeira referência a seu respeito data de 5 de março de 1827, no Livro da Porta da Capitania Geral dos Açores.







Em 1835, aproveitou a venda em hasta pública de bens nacionais dos conventos extintos em 1834, e adquiriu o imóvel do antigo Convento da Esperança, à esquina da rua da Sé com a rua da Esperança, onde actualmente se encontram as instalações do RIAC e a loja da TAP. Remodelou e reconstruiu este antigo edifício, dando-lhe o aspecto que hoje conserva, e onde fixou residência. Posteriormente, em 1857, adquiriu uma quinta na Canada dos Folhadais.





Na Terceira tornou-se um comerciante de projecção, com estabelecimentos em Angra, vendendo a crédito e emprestando dinheiro a juros. Exportou ainda laranjas para a Grã-Bretanha. Os periódicos da época e as referências públicas mostram-no como uma figura socialmente respeitável, não apenas entre a comunidade judaica, mas em toda a cidade.

Faleceu em Angra do Heroísmo a 21 de Julho de 1875, "rezando psalmos de David", sendo sepultado no Campo da Igualdade, no Caminho Novo, na mesma cidade.



Fontes:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cemit%C3%A9rio_dos_Hebreus

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinagoga_Ets_Haim

Sem comentários:

Enviar um comentário