A comunidade judaica, estimada em cerca de 500 000 pessoas, implantou-se em solo francês há muitos séculos. Os primeiros indícios de sua presença datam do século I. Outros fluxos migratórios, quase sempre motivados por perseguições, tiveram origem na Espanha e em Portugal, nos séculos IX, X e XV ; na Alemanha, Europa central e oriental, Turquia e Egito nos séculos XIX e XX ou, mais recentemente, na Argélia, Tunísia e Marrocos, entre 1957 e 1964.
O itinerário dos « Judeus do
Papa »
Começamos nosso périplo pela região sul. Expulsos da Provença e do
Languedoc no século XIV, os judeus acabaram encontrando refúgio em
Avignon, a terra dos Papas.
A atual região de Vaucluse também acolheu uma importante comunidade judaica nos bairros conhecidos por« carrières ». Seu papel econômico, político e intelectual foi considerável na região.
de Cavaillon
A magnífica sinagoga de Cavaillon foi reconstruída em 1772, com o nome de
Contadine. A sinagoga era dividida em três níveis: o mais baixo era usado para o
ritual de lavagem das mãos, netilat iadaim, além de abrigar um forno para assar
matzot, os pães ázimos de Pessach. Contrastando com essa simplicidade funcional,
os níveis superiores tinham luxuosa decoração em estilo rococó. É muito
interessante ver esse tipo de construção, em vários andares, para as funções
comunitárias; especialmente em Carpentras, onde, por trás de uma estreita
fachada, muito simples, encontra-se verdadeiro complexo, com vários edifícios.
Comunidades alsacianas Sinagoga de Alsácia
Judeus de Paris
A memória da cultura judaica
está gravada em incontáveis pontos da capital. A visita pode começar pelas ruas
de comércio do Marais, como a rue des Rosiers, ou pela região do 9° arrondissement, entre as ruas du
Faubourg Montmartre, Richer e Trévise, onde degusta-se excelentes produtos
casher. A história do povo judeu está relatada no Museu de Arte e História do Judaismo e no
museu de Arte Judaica, etapas obrigatórias deste trajeto. Quanto às sinagogas,
há mais de cem na capital ! Caso tenha que escolher uma, opte pela Grande
Sinagoga de Paris, na rue de la Victoire, ou pela sinagoga da comunidade
Ortodoxa de Paris, situada na rue Pavée. Enfim, não se deve esquecer os
memoriais, que lembram episódios trágicos da história do judaismo : o do Martir Judeu
Desconhecido, no 4° arrondissement, ou o Memorial de Drancy, na
região Seine-Saint-Denis.
O Marais bairro judaico
A história do
Marais tem estreita relação com aquela dos judeus em Paris, pois boa
parte da colônia judaica francesa, apesar das perseguições e expulsões em várias
ocasiões, estabeleceu-se nesse bairro desde a Idade Média. Tristes lembranças da
época da ocupação nazista estão presentes em vários lugares do Marais. A memória
de atos de fraternidade e bravura está perpetuada na placa da “Allée des
Justes”, ao lado do Memorial ao Mártir Judeu Desconhecido, indicando que tal
rua, anteriormente chamada “Grenier sur l’Eau”, mudou de nome “en hommage aux
justes qui sauvèrent les juifs durant l´occupation” (“em homenagem aos
justos que salvaram os judeus durante a ocupação”). Ultimamente, a comunidade
judaica do Marais tem se concentrado nas proximidades da rue des Rosiers,
onde existem restaurantes típicos, casher (preparados segundo regras da religião
judaica ou não), e sinagogas. Aliás, os pães pita recheados de falafel, vendidos
em balcões que se abrem para a rua, são deliciosos!
O Pós-Guerra e a recuperação do bairro do Marais
Sinagoga
No pós-guerra,
pouco a pouco os sobreviventes da população original do Marais foram retornando
e reabrindo suas lojinhas e ateliês. A França estava, entretanto, exaurida; não
havia dinheiro para nada, e pouco foi feito para se conservar os antigos e belos
imóveis do Marais.
Sua recuperação começou somente em 1969, amparada por uma lei de proteção do patrimônio histórico e cultural da cidade. Os imóveis do Marais foram restaurados, com o compromisso de serem mantidas as suas linhas originais, e valorizaram-se enormemente, o que provocou muita gritaria em razão do aumento dos aluguéis.
Sua recuperação começou somente em 1969, amparada por uma lei de proteção do patrimônio histórico e cultural da cidade. Os imóveis do Marais foram restaurados, com o compromisso de serem mantidas as suas linhas originais, e valorizaram-se enormemente, o que provocou muita gritaria em razão do aumento dos aluguéis.
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