Também na pedra, o
homem
deixa raízes.
Placa de
mármore, encontrada em 2011, numa Vila Romana, perto de
S. Bartolomeu de
Messines.
Dessas raízes levanta-se a árvore que de folha em folha
conta a sua vida, o seu tempo, a sua história. Olhando-a a nós próprios nos
vemos, num passado que faz o nosso presente e traça o nosso futuro.
A data provável da mesma é de 390,final do séc. IV e nela
se destaca o nome de Yehiel, nome que aparece frequentemente referenciado nos
livros hebraicos.
De acordo com os peritos podemos ainda ler "O Judeu é
abençoado por D.S"
A questão que se levanta é de saber qual a relação da
pessoa a quem este nome pertencia com a Vila Romana. Proprietário? Escravo?
Podemos então dizer que nos fins do séc. IV foi dada
sepultura a um Judeu no espaço futuramente português.
Esta placa de dois metros de largura parece ser uma laje de
sepultura e foi encontrada por uma equipa de arqueólogos alemães dirigida por
Friederich Schiller, numa camada de entulho e de pedras.
Quando terão chegado? O momento da sua vinda tem sido incansavelmente estudado.
Com os Fenícios? No tempo da destruição do 1º Templo com
Nabucodonosor? Depois da vitória do General Tito? Quando o Imperador
Adriano arrasa Jerusalém? Como teriam vindo? Atravessando o Mediterrâneo? Por
caminhos terrestres?
Uma outra lápide
de mármore foi encontrada no cemitério paleo-cristão de Mértola e guardada no
Museu desta cidade.
O epitáfio escrito em latim e
está incompleto. Algumas indicações nos dá… “Despediu-se da vida em paz" e
a data da sua morte: no quarto dia das Nonas de Outubro de 520. Ou seja no dia
4 de Outubro de 482. A acompanhar as palavras e a data um menorah, símbolo do
Judaísmo.
Encontra-os D. Afonso Henriques, em Santarém, quando
conquista a cidade. Dedicavam-se maioritariamente a actividades artesanais,
comerciais e intelectuais.
O seu grão-rabino, Yahia ben Yahia, foi escolhido pelo
nosso primeiro rei como homem da sua confiança com funções comparáveis às de
ministro de Finanças.
No que diz respeito à Sinagoga terá sido uma das mais
antigas no que hoje é território português, dado que aparece já referida em
1095, no Foral que D. Afonso VI de Leão outorga a esta cidade. Dela conhecemos
apenas a sua localização junto à extremidade oriental de S. João de Alpram.
O mesmo não
acontece relativamente às fundações das Sinagogas da Judiaria Velha no tempo de
D. Dinis e da Sinagoga de Monchique, no Porto, no tempo de D. Fernando.
Lápide em pedra de calcário da
Sinagoga Grande de Lisboa, mandada construir por Judá, filho de Guedelha, no
tempo de D. Dinis, primeira década do sec. XIV.
Foi
encontrada após o terramoto de 1755, em Lisboa e encontra-se hoje na
Sinagoga-Museu Luso-Hebraico de Abraão Zacuto, em Tomar.
De acordo
com a tradução do texto:
"Esta é a porta do Senhor
pela qual os justos entrarão. Entrai pelas suas portas com
graças e em seus átrios com louvor. Vós que ides no caminho do
Senhor acorrei à casa de culto. Três vezes por dia vinde a suas
portas em acção de graças. E tomai nas vossas mãos cítaras
e cantai um cântico de graças. Edifício formoso e belo
construiu Guedaliah que tem o seu assento nas Assembleias do Justos e da
Congregação. Ao nome do Senhor levantou esta
obra magnífica. E acabou a obra do nosso D.S no
primeiro dia do nosso famoso Atanim no ano de cinco mil e sessenta e sete do
nosso cômputo."
Inscrição
hebraica que pertenceu à Sinagoga de Monchique no Porto, erguida no tempo de D.
Fernando, sob a orientação do Rabi-mor, D. Judá Aben Menir.
Lápide da Sinagoga de Monchique,
no Porto.
Nela consta o nome do arquitecto que a desenhou e
construiu: José ben Arieh. Guardada, hoje, no interior do Museu Arqueológico do
Carmo, em Lisboa.
Diz o texto hebraico nas oito linhas traduzidas para
português:
1 - “Quem disser “como não foi resguardado o edifício
nomeado por meio dum muro”, 2 - acaso não saberá que eu tenho um familiar que
conhece altas personagens, 3 - que me guarda? Acaso não dirá: “Ágil e ardoroso,
eu sou um muro”? 4 - O mais nobre dos judeus, o mais forte dos exércitos, ei-lo
firme na coluna dos príncipes! 5 - Bom protector do seu povo, serve a Deus com
a sua integridade; construiu uma casa ao Seu Nome, de pedras aparelhadas. 6 -
Segundo depois do rei, à cabeça é contado em grandeza e na presença dos reis
tem assento. 7 - É ele o rabino Dom Judá ben Maneyir, luz de Judá, e a ele
pertence a beleza da autoridade. 8 - Por ordem do rabino, que viva, Dom José
ben Arieh, intendente, encarregado da obra).
Lápide hebraica guardada no
Espaço " Arte e Memória" de Gouveia..
O processo da Inquisição de Lisboa relativo a João Lopes,
mercador, Cristão-Novo de Gouveia, indica-nos que os Judeus se tinham
localizado, em redor da Igreja de S. Pedro, habitando aquele uma casa defronte
do Templo. Constava que ele era Rabi dos Cristãos-Novos e a sua casa Sinagoga.
O denunciante Aires Pinto, Cristão-Velho, acrescentava que na casa de João
Lopes existia uma inscrição que parecia ser em hebraico:
"A glória desta última casa
será maior do que a primeira, diz o Senhor dos Exércitos. Concluída a casa da
nossa santificação e da nossa glória, no ano de 5257. E os resgatados do Senhor
voltarão e virão para Sião em alegria."
Este trabalho foi realizado na
integra pela minha querida amiga,
Dora Caeiro
Muito obrigada J