sexta-feira, 1 de março de 2013

O dia de hoje na História Judaica - 19 Adar 5773




Kibbutz Ein Gedi, Dead Sea, Israel


Após a Guerra da Independência, Israel precisava assegurar suas fronteiras contra as nações árabes hostis que o cercavam. 
Ein Guedi, a costa oeste do Mar Morto, foi garantida no domingo 20 de Março de 1949.

Um lugar chamado Ein Gedi

Este artigo foi retirado na integra  (texto e fotos), do Blog do Sr. Ezion Geber, e poderá aceder ao mesmo através do link colocado nas fontes deste artigo.

Há muitos lugares surpreendentes no mundo. Este, eu tive a oportunidade de conhecer agora, aquando do nosso retorno a Israel. Trata-se de Ein-Gedi, nome hebraico para Fonte dos Cabritos. Além do nome pomposo, o lugar é fartamente citado na Bíblia, e em situações que atiçam nossa imaginação.




Ein Gedi é um lugar de povoação muito antiga, o que é atestado por sua citação entre as cidades de Judá ainda nos tempos da conquista de Canaã (Jos 15.62). Escavações conduzidas desde 1949 confirmam a antiguidade do sítio. Arqueólogos encontraram nas imediações um templo antigo e o dataram do período calcolítico (entre 4.300 a 3.300 a.e.C). Ossos e cinzas de animais encontrados em covas circulares eram os remanescentes dos sacrifícios ali oferecidos. Onde seria esse lugar? Onde se situa Ein Gedi? Há pistas no texto bíblico sobre sua localização. O profeta Ezequiel é quem nos fornece a primeira dica:

Na visão das águas purificadoras, registadas no capítulo 47, Ezequiel vê águas que fluem do Templo se derramarem, saírem pelas portas de Jerusalém, e descerem até o Mar Morto (Ez 47.8). Ali, um lugar onde não há qualquer tipo de vida, as águas cheias de minerais do mar tornar-se-iam doces, e enxames de peixes povoariam o Mar, o que atrairia pescadores e estes estenderiam suas redes “desde Ein Gedi até Ein Eglaim” (Ez 47.10). Na descrição de sua visão, Ezequiel situa Ein Gedi na região do Mar Morto. 



Estávamos em Tiberíades, às margens do Mar da Galileia, e dirigimos aproximadamente 200 km rumo ao Sul, seguindo a Rodovia 90, que corta o país de Norte a Sul (da fronteira com o Líbano, até a fronteira com o Egito, em Eilat, no Mar Vermelho).




No Mar da Galileia já estávamos a pouco mais de 200 metros abaixo do nível do mar, em pleno “Vale da Grande Fenda da África”. Este é um dos grandes caprichos do Criador: uma gigantesca falha geológica que se estende desde o vale do Jordão, no norte de Israel, até Moçambique, num incrível total de 6.400 quilómetros!


A Estrada 90 contorna a margem ocidental do Mar da Galileia e continua a seguir a Grande Fenda, através do Vale do Jordão, que enfim desagua no Mar Morto. Do mar da Galileia ao Mar Morto descemos mais 200 metros e atingimos o ponto mais profundo da Terra, 400 metros abaixo do nível do mar!

Seguimos pelas margens do Mar Morto por alguns quilómetros e pudemos perceber o quão inóspito é aquele lugar. O sol é intenso, a estrada corre espremida entre o Mar Morto e os penhascos marrons que caracterizam os paredões da Grande Fenda na sua região de maior profundidade. Porém, seguindo as indicações do profeta Ezequiel estamos próximos a Ein Gedi.



(…) Se existe um lugar no deserto onde podemos encontrar seres vivos, no caso, cabras monteses, e seres humanos que fizeram dali seu lugar de habitação, então este lugar tem água. Estamos falando de um oásis, o maior oásis na margem ocidental do Mar Morto: Ein Gedi.

(…) Muito cedo entendi o porquê do nome do lugar: “Fonte dos Cabritos”. Pude ver cabras monteses, pequenas e grandes caminhando e pastando tranquilamente... Pastando? - Sim, no cenário quente e seco, uma corrente permanente de água garante vegetação que quebra a monotonia marrom da paisagem e irrompe um verde que alimenta as cabras monteses.




O cenário corresponde perfeitamente à descrição do texto de  Samuel. Fugindo de Saul, Davi procura esconderijo nestes penhascos cheios de cabras monteses (I Sm 24.2).




Vou seguindo o caminho da água através de David pois acredita-se que foi por aqui que David com seus homens procurou esconderijo. Quando se lê I Sm 23.29, encontramos: “David subiu e permaneceu nas fortalezas de Ein-Gedi”. O que seriam estas fortalezas? Uma cidade murada? Algum tipo de estrutura militar? Não, não. Olho em torno e percebo que as fortalezas de Ein Gedi eram os inacessíveis refúgios nas rochas da montanha!




Aqui, posso entender muito melhor as palavras do jovem David expressas no Salmo 18.2. Para Davi, Ein Gedi significou livramento, proteção, cuidado de Deus através daquela perene fonte de água, fortaleza, refúgio:

“O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador; o meu Deus, o meu rochedo, em quem me refugio; o meu escudo, a força da minha salvação e a minha torre de protecção.”

Aqui em Ein Gedi, estas palavras assumem um sentido ainda mais forte!




Mais acima da pequena Cascata de David está a Caverna de Dodim. Lembro então da narrativa pitoresca e interessante, que bem pode ter acontecido aqui: Buscando um lugar para aliviar uma aguda pressão intestinal, o Rei Saul fez uma breve pausa em sua caça ao seu genro David, ao encontrar uma caverna nos penhascos de Ein Gedi. Entrou na caverna, e imediatamente, aproveitou a privacidade e escuridão do lugar para satisfazer suas necessidades fisiológicas (I Sm 24.3), sem saber que era assistido por David e seus soldados! Enquanto realizava sua obra fecal, Saul não percebeu que seu manto estendido no solo teve um pedaço de sua orla cortado por uma espada misteriosa.

Ao sair, o Rei Saul foi surpreendido pelo grito de David que com uma ponta de seu manto na mão, ratificava sua lealdade e fidelidade. 



Não podemos deixar de falar sobre outra citação importante feita no texto bíblico acerca de Ein Gedi. Trata-se de um trecho do Cântico dos Cânticos:


“O meu amado é para mim como um ramalhete de flores de hena das vinhas de Ein Gedi” (Cant 1.14).


As vinhas incluem uvas, mas não se limitam a essas frutas. Segundo o texto havia em Ein Gedi plantações de hena, cujas flores juntas num ramalhete eram sinónimo de beleza, o que mais alto poderia existir em padrão estético. Hena é uma especiaria ainda hoje utilizada como matéria-prima para produção de cosméticos. As flores de Hena de Ein Gedi eram as melhores das melhores...
Escavações em Ein Gedi encontraram instalações industriais nas casas, as quais foram interpretadas pelos arqueólogos como oficinas para preparação de um produto exclusivo – talvez um perfume de bálsamo, o qual, pelo que se sabe, foi o produto mais importante dessa região durante o período do segundo templo.
Além de tudo, Ein Gedi era a Paris dos cosméticos de Israel... a Sulamita sabia o que dizia, em comparar as flores de Ein Gedi com a beleza do seu amado. Ninguém melhor de que uma mulher para avaliar tais coisas!



Fontes:

O dia de Hoje na História Judaica:



Um lugar chamado Ein Gedi

Kibutz de  Ein Gedi

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