Kibbutz Ein Gedi, Dead Sea, Israel
Após a Guerra da Independência, Israel precisava
assegurar suas fronteiras contra as nações árabes hostis que o cercavam.
Ein
Guedi, a costa oeste do Mar Morto, foi garantida no domingo 20 de Março de
1949.
Um lugar chamado
Ein Gedi
Este artigo foi retirado na integra (texto e fotos), do Blog do
Sr. Ezion Geber, e poderá aceder ao mesmo através do link colocado nas fontes
deste artigo.
Há muitos lugares surpreendentes no mundo. Este,
eu tive a oportunidade de conhecer agora, aquando do nosso retorno a Israel.
Trata-se de Ein-Gedi, nome hebraico
para “Fonte dos Cabritos”. Além do
nome pomposo, o lugar é fartamente citado na Bíblia, e em situações que atiçam
nossa imaginação.
Ein Gedi é um lugar de povoação muito
antiga, o que é atestado por sua citação entre as cidades de Judá ainda nos
tempos da conquista de Canaã (Jos 15.62). Escavações conduzidas desde 1949
confirmam a antiguidade do sítio. Arqueólogos encontraram nas imediações um
templo antigo e o dataram do período calcolítico (entre 4.300 a 3.300 a.e.C).
Ossos e cinzas de animais encontrados em covas circulares eram os remanescentes
dos sacrifícios ali oferecidos. Onde seria esse lugar? Onde se situa Ein Gedi? Há pistas no texto bíblico sobre sua localização. O
profeta Ezequiel é quem nos fornece a primeira dica:
Na visão das águas purificadoras, registadas
no capítulo 47, Ezequiel vê águas que fluem do Templo se derramarem, saírem
pelas portas de Jerusalém, e descerem até o Mar Morto (Ez 47.8). Ali, um lugar
onde não há qualquer tipo de vida, as águas cheias de minerais do mar
tornar-se-iam doces, e enxames de peixes povoariam o Mar, o que atrairia
pescadores e estes estenderiam suas redes “desde
Ein Gedi até Ein Eglaim” (Ez 47.10). Na descrição de sua visão, Ezequiel situa Ein
Gedi na região do Mar Morto.
Estávamos em Tiberíades, às margens do Mar da Galileia,
e dirigimos aproximadamente 200 km rumo ao Sul, seguindo a Rodovia 90, que
corta o país de Norte a Sul (da fronteira com o Líbano, até a fronteira com o
Egito, em Eilat, no Mar Vermelho).
No Mar da Galileia já estávamos a pouco mais
de 200 metros abaixo do nível do mar, em pleno “Vale da Grande Fenda da
África”. Este é um dos grandes caprichos do Criador: uma gigantesca falha
geológica que se estende desde o vale do Jordão, no norte de Israel, até
Moçambique, num incrível total de 6.400 quilómetros!
A Estrada 90 contorna a margem ocidental do Mar da Galileia
e continua a seguir a Grande Fenda, através do Vale do Jordão, que enfim desagua
no Mar Morto. Do mar da Galileia ao Mar Morto descemos mais 200 metros e
atingimos o ponto mais profundo da Terra, 400 metros abaixo do nível do mar!
Seguimos pelas margens do Mar Morto por alguns
quilómetros e pudemos perceber o quão inóspito é aquele lugar. O sol é intenso,
a estrada corre espremida entre o Mar Morto e os penhascos marrons que caracterizam
os paredões da Grande Fenda na sua região de maior profundidade. Porém, seguindo as indicações do profeta
Ezequiel estamos próximos a Ein Gedi.
(…) Se existe um lugar no deserto onde podemos
encontrar seres vivos, no caso, cabras monteses, e seres humanos que fizeram
dali seu lugar de habitação, então este lugar tem água. Estamos falando de um
oásis, o maior oásis na margem ocidental do Mar Morto: Ein Gedi.
(…) Muito cedo entendi o porquê do nome do
lugar: “Fonte dos Cabritos”. Pude ver cabras monteses, pequenas e grandes caminhando
e pastando tranquilamente... Pastando? - Sim, no cenário quente e seco, uma corrente
permanente de água garante vegetação que quebra a monotonia marrom da paisagem
e irrompe um verde que alimenta as cabras monteses.
O cenário corresponde perfeitamente à descrição
do texto de Samuel. Fugindo de Saul,
Davi procura esconderijo nestes penhascos cheios de cabras monteses (I Sm
24.2).
Vou seguindo o caminho da água através de David pois acredita-se que foi por aqui
que David com seus homens procurou esconderijo. Quando se lê I Sm 23.29,
encontramos: “David subiu e permaneceu nas fortalezas de Ein-Gedi”. O que
seriam estas fortalezas? Uma cidade murada? Algum tipo de estrutura militar? Não,
não. Olho em torno e percebo que as fortalezas de Ein Gedi eram os inacessíveis
refúgios nas rochas da montanha!
Aqui, posso entender muito melhor as palavras
do jovem David expressas no Salmo 18.2. Para Davi, Ein Gedi significou livramento, proteção, cuidado de Deus através
daquela perene fonte de água, fortaleza, refúgio:
“O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador;
o meu Deus, o meu rochedo, em quem me refugio; o meu escudo, a força da minha
salvação e a minha torre de protecção.”
Aqui em Ein Gedi, estas palavras assumem um
sentido ainda mais forte!
Mais acima da pequena Cascata de David está a
Caverna de Dodim. Lembro então da narrativa pitoresca e interessante, que bem
pode ter acontecido aqui: Buscando um lugar para aliviar uma aguda
pressão intestinal, o Rei Saul fez uma breve pausa em sua caça ao seu genro
David, ao encontrar uma caverna nos penhascos de Ein Gedi. Entrou na caverna, e
imediatamente, aproveitou a privacidade e escuridão do lugar para satisfazer
suas necessidades fisiológicas (I Sm 24.3), sem saber que era assistido por
David e seus soldados! Enquanto realizava sua obra fecal, Saul não percebeu que
seu manto estendido no solo teve um pedaço de sua orla cortado por uma espada
misteriosa.
Ao sair, o Rei Saul foi surpreendido pelo grito de
David que com uma ponta de seu manto na mão, ratificava sua lealdade e
fidelidade.
Não podemos deixar de falar sobre outra
citação importante feita no texto bíblico acerca de Ein Gedi. Trata-se de um
trecho do Cântico dos Cânticos:
“O meu amado é para mim como um ramalhete de flores de hena das
vinhas de Ein Gedi” (Cant 1.14).
As vinhas incluem uvas, mas não
se limitam a essas frutas. Segundo o texto havia em Ein Gedi plantações de
hena, cujas flores juntas num ramalhete eram sinónimo de beleza, o que mais
alto poderia existir em padrão estético. Hena
é uma especiaria ainda hoje utilizada como matéria-prima para produção de
cosméticos. As flores de Hena de Ein Gedi eram as melhores das melhores...
Escavações em Ein Gedi encontraram instalações
industriais nas casas, as quais foram interpretadas pelos arqueólogos como
oficinas para preparação de um produto exclusivo – talvez um perfume de
bálsamo, o qual, pelo que se sabe, foi o produto mais importante dessa região
durante o período do segundo templo.
Além de tudo, Ein Gedi era a Paris dos
cosméticos de Israel... a Sulamita sabia o que dizia, em comparar as flores de
Ein Gedi com a beleza do seu amado. Ninguém melhor de que uma mulher para
avaliar tais coisas!
Fontes:
O dia de Hoje na
História Judaica:
Um lugar chamado Ein Gedi
Kibutz de Ein Gedi
Sem comentários:
Enviar um comentário