“HATIKVÁ”
“Hatikvá”, o Hino nacional de Israel, interpretado em violinos recuperados do Holocausto
“Hatikvá” [“A Esperança”], é o Hino
Nacional de Israel. “Hatikvá” reflete a esperança de quase dois mil anos do
povo judeu em regressar à Terra de Israel, sua pátria ancestral e berço do
Judaísmo no século XVIII a. e. c..
Naphtali
Herz Imber
“Carul cu boi”
Cartão
de participante do Primeiro Congresso Sionista
14 de Maio de 1948, Dia da Independência em Tel Aviv
Em 1945 o famoso maestro
Bernardino Molinari chega à Palestina (ainda sob mandato britânico), para
dirigir a Orquestra da Palestina, futura Filarmónica de Israel. Uma das
primeiras coisas que Molinari faz é harmonizar “Hatikvá” para coro e orquestra;
fá-lo com grande mestria ao estilo de um coral de Bach. A versão do maestro
italiano continua, ainda hoje, a ser interpretada.
Foi Bernardino Molinari quem dirigiu “Hatikvá”, quando Ben-Gurion proclamou a independência do Estado de Israel, a 14 de Maio de 1948, em Tel Aviv. Nesse mesmo ano, quando Israel inicia a sua busca a colaboradores nazis, o maestro desaparece misteriosamente. Mais tarde transpirou que Molinari era um simpatizante fascista e que se tinha correspondido com Joseph Goebells, o ministro da propaganda nazi.
Em 2004, após um longo debate no
Knesset, “Hatikvá” torna-se oficialmente no Hino Nacional de Israel.
A Melodia de “Hatikvá”
Se não
há dúvidas quanto à autoria do poema, o mesmo não se pode dizer da música. Esta
continua a ser tema de debate. É consensual entre os musicólogos que a raiz do
Hino de Israel se encontra numa canção de Guiseppino del Biado, um compositor
italiano do século XVII, intitulada “La Mantovana”, que começa com a letra
“Fuggi, fuggi, fuggi dal questo cielo”.
Giuseppino del Biado-Fuggi, fuggi, fuggi, Kaltrina Miftari & Safet Berisha
A melodia de del Biado depressa se espalhou pela Europa, integrando-se nos folclores locais, sob títulos tão variados como “Pod Krakowem” (uma canção popular polaca), “Kateryna Kuheryava” (Ucrânia), “Virgen de la Cueva” (Espanha), “Cucuruz cu frunza-n sus” ou “Carul cu boi” (Roménia), esta última usada por Samuel Cohen.
“La Mantovana” também inspirou o compositor checo Bedřich Smetana que a usou em Vltava (“Moldava”), um dos seis poemas sinfónicos que compõem o ciclo Má Vlast (“A Minha Pátria”). Aliás, há muito quem defenda que a melodia de “Hatikvá” foi roubada a Smetana. Certo é que ambas comungam da mesma estrutura melódica.
Bedřich Smetana (1824-1884)
Arie Vardi
conducting Smetana Moldau (Vltava)
Israel
Philharmonic Orchestra
UMA
HERANÇA DE 600 ANOS
Segundo Astrith Baltsan, uma pianista e musicóloga israelita que ao
longo de oito anos investigou a história de “Hatikvá”, a melodia está associada
a uma oração sefardita – Birkat Hatal
-, escrita em Toledo pelo rabino Isaac bar Sheshet, no século XIV. Baltsan tirou
esta conclusão depois de consultar o trabalho Tesouros das Melodias Hebraico-Orientais de Abraham Zvi Idelsohn,
pioneiro na área da etnomusicologia judaica.
Ainda segundo Astrith Baltsan, a melodia
sefardita terá encontrado o seu caminho para Itália, após a expulsão dos judeus
de Espanha, em 1492, sendo que muitos se refugiaram em Itália, dando assim origem
à melodia de Guiseppino del Biado, – Fuggi,
fuggi, fuggi al cielo mio. No entanto, vários etnomusicólogos contestam a
teoria de Baltsan, pois consideram as transcrições de Idelsohn pouco
fidedignas, à luz da ciência atual.
Sobreviventes de Bergen
Belsen cantando “Hatikvá” no dia 20 de Abril de 1945
No vídeo que mostramos
abaixo sobre o trabalho de Astrith Baltsan, podemos ouvir um dos testemunhos
mais comoventes da história de “Hatikvá”, quando um grupo de sobreviventes do
campo de concentração de Bergen Belsen canta “A Esperança”. A gravação história
foi realizada pela BBC, no dia 20 de Abril de 1945, cinco dias após a
libertação.
Este pequeno resumo sobre a história de
“Hatikvá” dá-nos uma ideia do muito que se tem investido para esclarecer a
origem da sua melodia. Mas talvez isso não seja o mais importante. O mais
importante é que “Hatikvá” está no coração dos judeus.
Hatikvah – IN LA. MATI GALA NIGHT
MAY 19, 2012
Este artigo foi mais um
miminho da minha amiga
Sónia Craveiro
A quem agradeço com o mesmo
carinho de sempre.
Beijinhos
Fontes:
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