Shemot
O diálogo entre D-us e Moisés na
nossa Parsha, prepara o terreno para o resgate iminente e êxodo do Egipto do
nosso Povo.
Moisés está preocupado que o Povo Judeu não venha a
acreditar nas suas palavras e, em resposta D-us apresenta numerosos milagres.
Estes milagres, diz D-us a Moisés, farão com que as pessoas tenham confiança na
sua mensagem. Em primeiro lugar, a vara de Moisés é transformada numa cobra
voltando depois à sua forma original. Imediatamente depois, a mão de Moisés é
afligida com uma lepra terrível e depois curada.
D-us então diz a Moisés: "Se eles não acreditarem em
ti ao ouvir a voz do primeiro sinal, eles ouvirão a voz do segundo sinal."
(Shemot 4:8) Por que é que seria necessário mais do que um milagre? Poderia um
milagre ser mais eficaz do que o outro em persuadir as pessoas a confiar em
Moisés? E o que é a "voz" de um milagre?
Explica Dom Abarbanel que estas ocorrências milagrosas não
eram simplesmente uma demonstração de capacidade inquestionável de D-us, mas
que cada milagre continha uma mensagem específica. Cada milagre tinha uma
"voz" e uma lição a serem internalizadas.
A serpente representa o Faraó. Embora aparentemente
assustador, D-us indica que o Faraó seria eventualmente superado. Assim como
Moisés transforma a cobra de volta em vara, também o Faraó acabaria por se
transformar e permitir ao Povo Judeu deixar o Egipto.
No entanto, este milagre, diz D-us, pode não ser suficiente
para convencer o Povo Judeu de que seriam eventualmente resgatados. Mesmo que
eles confiassem em Moisés que D-us os iria resgatar, sabendo das suas próprias
falhas, talvez estivessem duvidosos sobre se seriam ou não dignos de ser
redimidos.
Assim, diz Dom Abarbanel, o segundo milagre e sinal estão
focados numa mensagem completamente separada. A mão de Moisés coberta de lepra
é análoga ao modo como o Povo Judeu se via a si próprio no Egito. O Povo Judeu
aceitou a influência da cultura egípcia ficando assim longe e de forma
irreconhecível da sua tradição e valores.
É justamente esta sensação de que D-us aborda com o segundo
milagre. Quando a mão de Moisés está coberta de lepra, D-us simplesmente
diz-lhe para "retornar a mão ao peito," (4:6) e ele é imediatamente
curado.
Tudo o que era necessário, para a "lepra" - a
influência estrangeira - desaparecer, era a mão de Moisés "voltar"
para o interior, revertendo ao seu estado original. A mensagem de D-us era
simples e ponderosa. Mesmo nas profundezas do exílio no Egipto, o Povo Judeu
pode sempre retornar à sua verdadeira identidade e essência.
E esta era a importante mensagem que o Povo Judeu precisava
de ouvir. Para terem fé e confiança de que seriam resgatados, primeiro precisavam
de reconhecer o seu próprio potencial e de acreditarem em si mesmos.
Shabat Shalom!
Cortesia de Rabino
Eli Rosenfeld
chabadportugal.com
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