…e as dez tribos perdidas de Israel.
Mapa de 1759 com a divisão clássica das doze tribos de
Israel
António de Aharon Levi Montezinos, nasceu na Vila Flor no
seio de uma família cristã-nova. Até 1644 viveu nas Índias Ocidentais. Por esta
altura viaja para Amesterdão e após uma estadia de seis meses retorna ao
Recife, acabando por falecer dois anos depois.
Vila Flor
Em Amesterdão, a 18 de Julho de 1644, perante Menasseh bem Israel
e de outros membros da nação Portuguesa, relata o seu encontro, dois anos e
meio antes com os índios dos planaltos da actual Colômbia. Segundo António de
Montezinos seriam os descendentes da tribo de Rúben. Este relato foi inserido na
obra messiânica de Menasseh ben Israel, “Esperança de Israel”, escrita em 1650,
obra que inflamaria os espíritos dos judeus e prepararia o terreno para o
movimento messiânico de Sabatai Zvi.
“Esperança de Israel”
Menasseh ben Israel
De acordo com o seu relato, esta aventura teve lugar após a
sua prisão nos carceres da Inquisição de Cartagena, nas Índias. Teria sido o
seu guia índio, Francisco, que lhe fizera alusão a um “povo escondido”.
Montezinos e Francisco iniciam uma viagem de montanha e ao
cabo de uma semana chegam às margens de um grande rio, (suspeita-se que seja o
Rio Cauca), que Montezinos, na sua Relação, compara ao Douro. Do outro lado do
rio encontram uns índios estranhos que vêm ao seu encontro e lhe recitam a
profissão de fé judaica em hebraico: “ Escuta Israel, o Senhor é o nosso D’us,
o Senhor é Um”. Afirmam pertencer à posteridade de Abraão, Isaac, Jacob e Rúben
e esperam a chegada de doze homens que saibam escrever para deixarem o seu refúgio.
Para Montezinos não havia dúvidas. Aqueles índios eram descendentes de uma das
dez tribos perdidas e do seu retorno dependia a redenção de Israel. E tal, foi
o entendimento de Menasseh bem Israel.
“O Desembarque”
Alfredo Roque Gameiro e António Conceição Silva
Tribos Perdidas foi o nome porque ficaram conhecidas as dez
tribos de Israel (Rúben, Simeão, Dan, Neftali, Gad, Aser, Isaacar, Zabulão,
Efraim e metade de Manassés) que constituíam o reino de Israel após a sua
separação de Judá, depois da morte do Rei Salomão. Em 722 a.e.c., o reino de
Israel foi conquistado pelos assírios que deportaram os israelitas para Hala,
sobre o Habor, rio de Gozan, e para as cidades dos medos. A crença no seu
regresso é um elemento de escatologia judaica e assenta nas palavras dos
profetas Isaías (Is: 11,12) e Ezequiel (Ez 27, 15-28), no Talmude e no Midrash.
As lendas sobre elas são numerosas e delas existem elementos em escritos de
Benjamim de Tudela (séc. XII). O tema é retomado no séc. XVII pelo Padre
António Vieira na obra “Esperanças de Portugal”. Sobre o assunto existem
numerosas obras que podem ser consultadas. A este tema, Arthur Koestler dedicou
anos de pesquisa.
“Esperanças de Portugal”
Este artigo foi-me oferecido pela minha amiga
Dora Caeiro
Muito obrigada
Pintura de Ryszard Tyszkiewicz
Beijinhos
Fonte:
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