Um olhar mais profundo sobre Chana
A história começa no ano 2830 quando o marido de Chana, Elkanah, leva sua
família numa peregrinação a Shiloh, o local do Tabernáculo, o centro espiritual
temporário que precedeu o Templo. Elkanah é casado também com outra mulher,
Penina. Chana, sem filhos, sofre humilhações por parte da sua rival mais
afortunada, que tem muitos filhos.
Solenemente, Chana entra no local sagrado em silêncio, oferecendo preces
sinceras por um filho. Eli, o Sumo-sacerdote, desacostumado a preces tão
sinceras e silenciosas, pensou que ela estivesse embriagada.
“Durante quanto tempo ficará bêbada? Trate de ficar sóbria!”, Eli repreende
Chana.
Chana responde: “Não, meu senhor, sou uma mulher de espírito triste. Não
bebi vinho nem licores, mas abri minha alma perante D’us.”
Eli conclui: “Vá em paz, e que o D’us de Israel conceda seu pedido.”
No ano seguinte nasce Shmuel, filho de Chana. Quando é desmamado, Chana o
leva ao Tabernáculo para ser ensinado por Eli. Shmuel cresce e se torna o
destemido Profeta que coroou os primeiros Reis de Israel, Shaul e David.
Fonte:
Numa
primeira leitura retiramos uma mensagem igual a tantas outras, uma mensagem de
fé inabalável, mas depois podemos imaginar esta história como sendo um tronco
de uma árvore, acrescentar vários ramos e a cada um o número de
folhas que serão as mensagens que conseguimos retirar.
Acredito
que cada um de nós irá ter uma árvore com poucas folhas e para que a mesma seja
saudável, será necessário juntar todos os ramos e folhas de todas as histórias
e principalmente de todas as passagens da Torah.
Depois
de completa, só temos que pensar um pouco de como podemos usar estas mensagens
na nossa vida, nos dias de hoje, caso contrário esta árvore nunca dará frutos ou flores, só sombra.
A
minha vai ficar com pouco verde, vou precisar de estudar o resto da minha vida
para a transformar numa árvore mais forte e com uma vida mais longínqua, e será
o meu filho e os meus netos que a irão completar e plantar mais. (assim espero)
Se
eu conseguisse desenhar, desenhava um tronco a que chamaria Vida e colocaria os
meus ramos com as respetivas folhas… vou tentar e agora vamos ver quantos ramos eu consigo e com
quantas folhas ficará em cada um:
Ramo
1 – Chana
Folha
1 – Chana entrega o seu futuro na fé em Hashem e vai ao centro espiritual rezar
com todas as forças que tem e ainda as que não tem. Ela é uma das duas esposas,
não tem filhos e sente-se humilhada perante Penina que tem muitos. Vou chamar
esta folha de Sofrimento.
Folha
2 – Ela corrige o Sumo-sacerdote, não por arrogância, mas pelo direito que tem
de o fazer. Hashem ensinou-nos que não devemos de acatar tudo de todos. No entanto
ela responde com sinceridade mas com respeito, apesar de ter acabado de ser
retratada como bêbeda e repreendida pelo Sumo-sacerdote! Vou chamar a esta
folha de Humildade. Também a podia chamar de compreensão.
Folha
3 – Chana, foi uma mulher com muita fé, dedicada ao seu marido, educada,
paciente e persistente. E a última folha deste ramo e vou chamar de
Sabedoria. Sabedoria, porque é necessário saber lidar com estas situações, mesmo em momentos muito difíceis.
O
ramo 1 só tem 3 folhas L
Ramo
2 - Elkanah (marido de Chana)
Folha
1 – Elkanah partiu em peregrinação com sua família para um centro espiritual.
Sua família atravessava algumas dificuldades e não estava feliz. Como crente
que era, ele sabia que a solução passava pelo sacrifício, orientação de um
Sumo-sacerdote e não hesitou em procurar essa ajuda. Vou chamar esta folha de
Iniciativa. Não podemos apenas lamentar o que de menos bom nos acontece, temos que assumir uma atitude activa e partir para a luta.
Folha
2 – Ao partir nesta peregrinação com sua família e com todos os sacrifícios,
ele não está só a pedir, ele já está a dar, ao ensinar os seus filhos que nesta
vida as coisas não caem do céu, que temos que lutar por elas e que o cumprir
com os mandamentos, é o mais acertado. Por isso vou chamar a esta folha de
Educação. A nossa educação, não pode ficar apenas pelo que lemos nos livros, passa pela experiência de vida e nem sempre é fácil, mas sempre vale a pena.
O
Ramo 2 só tem 2 folhas L
Ramo
3 - Sumo-sacerdote Eli
Folha
1- Quando pensamos num Sumo-sacerdote, assumimos que este ser por ter mais
conhecimentos que os demais terá menos probabilidades de errar que qualquer um
de nós, mas não nos podemos esquecer que ele é humano e também ele tem as suas
justificações para os seus atos menos favoráveis. Ele erra quando apelida Chana
de bêbada e a repreende, dois erros seguidos. Vou chamar esta folha de
Injustiça. Todos nós cometemos um sem fim de injustiças, mesmo aqueles de quem nós não estamos à espera, e este é o caso. Aprender a perdoar é preciso.
Folha
2 – Mas Eli não estava habituado a preces tão “sinceras e silenciosas”, pelo
que não compreendia a atitude de Chana, tirando assim uma conclusão precipitada
e errada, porém não temos o direito de julgar os outros pelos outros ou por nós,
só D’us pode julgar. Vou chamar esta folha de Juízo. O mais facil de fazer em vez de julgar, é tentar colocarmo-nos no lugar da outra pessoa, fazer perguntas, tentar entender e isso só se consegue através do Diálogo.
Folha
3 – Eli porém escuta a resposta de Chana compreende e aceita, percebendo assim
o seu erro, e diz-lhe: “Vá em paz, e que o D’us de Israel conceda seu pedido.”
Aqui não está escrito um pedido de desculpas por parte de Eli que apesar da sua
falta de hábito em receber pessoas tão crentes, nada justifica o seu erro, mas
pode estar escrito nas entrelinhas porque ao manda-la seguir em paz e pedindo
que o D’us de Israel oiça as suas preces, ele próprio estaria pedir por ela
também. Vou chamar esta folha de Compaixão, mas com pena de não lhe poder
chamar arrependimento. Sabemos que os tempos eram outros e que existiam ainda muitos diamantes com arestas por limar, mas hoje sabemos que não é errado e nem é vergonha admitir que fomos injustos e cruéis. Não devemos hesitar em pedir desculpa sempre que temos consciência que cometemos um erro. Por outro lado, tal como aqui, podemos receber estas mensagens camufladas, cada um pode acabar por usar uma forma diferente de o fazer.
E
o ramo 3 só tem 3 folhas (isto não me está a correr nada bem)
Ramo
4 – Shmuel
Folha
1 – Shmuel é o resultado de muita fé, cumprimento, devoção a Hashem e à família.
Tornou-se no destemido Profeta que coroou os primeiros Reis de Israel, Shaul e
David. É por isso fruto de muito amor, sacrifício, educação, coragem e iniciativa.
Vou chamar esta folha de Sucesso. Chana e sua família foram compensados por Hashem que lhes dá uma criança e ainda volta a colocar Eli no caminho da mesma para que possa receber uma melhor educação e preparação para a vida. Afinal, tudo acaba bem, quando o caminho que escolhemos é o correto.
Ou quase tudo...O
ramo 4 só tem 1 folha. Vou de mal a pior, ou talvez não, ainda tenho poucas mas
boas e úteis. Não estou infeliz, até porque só agora iniciei o meu caminho.
Conclusão:
Tenho
uma árvore com um tronco, quatro ramos e nove folhas. É uma árvore nova, muito frágil
ainda, mas vou pensar em todas as folhas e tentar perceber quais eu uso mais no
meu dia-a-dia e as que ainda preciso de adquirir. Das 9 folhas, uma delas eu
sei que não devo usar, a do Juízo, mas não vou retira-la da árvore porque ela
está lá para me lembrar que a vida tem imperfeições e que sou eu que tenho que
ter a coragem de escolher aquilo que acredito ser o mais correto. Talvez um dia eu saiba ser como a Chana!
Agora conto com a Torah e com todos vós para continuar a crescer e a multiplicar as minhas folhas. ZD
Eu disse mais acima: Se eu conseguisse desenhar...se..., mas não é o caso e tive vergonha de pedir ao meu filho que desenha muito bem para o fazer por mim...Mas como tudo na vida, temos que ser nós a fazer e isso acontece com um passinho de cada vez.
ZD
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