A comunidade de Roma é a mais antiga do Ocidente. Durante muitos séculos a história dos judeus italianos coincidiu com a história dos judeus romanos.
Edda Bergmann
A vida dos judeus romanos sempre foi condicionada pelas atitudes
assumidas a seu respeito, de quem exercia o poder, primeiramente as atitudes
bastante favoráveis dos imperadores, depois os primeiros problemas com o
surgimento do Cristianismo, e em seguida, os acontecimentos dramáticos com o
aparecimento e as atitudes do Papado com a intransigência maior ou menor dos
papas.
Os primeiros contatos com Roma remontam à época dos macabeus que
enviaram para lá seus embaixadores e com eles, por razões políticas e comerciais
vários grupos de mercadores se transferiram para lá, a eles se uniram mais tarde
(Século I a.C.) os escravos judeus libertados trazidos da Palestina por Pompeu
que constituíram o primeiro núcleo da comunidade.
César lhes concedeu o direito a reuniões públicas, reconheceu sua importância, mas quem os hostilizou foram os literatos e escritores romanos incapazes de compreender as tradições judaicas e as orientais, e por vezes a confusão que faziam deles com os primeiros cristãos.
Mas foi após a destruição do Templo (70 d.C.) que
muitos prisioneiros libertados chegaram à capital, dando um incremento decisivo
ao desenvolvimento da Comunidade.
Fala-se no mínimo de 40.000 judeus
divididos em 13 grupos religiosos, comunidades com diversas nomenclaturas de
acordo com o seu local de origem, com constituição interna, individualizadas,
autónomas, chefes e mestres, cemitérios próprios em forma de catacumbas em
vários locais da cidade.
Viveram tranquilos até o final do império. Com as invasões dos bárbaros variava o estado de bem estar. Os godos, por interesse político lhes foram favoráveis. Honório os dispensou de trabalhar no sábado e lhes concedeu liberdade de culto.
Viveram tranquilos até o final do império. Com as invasões dos bárbaros variava o estado de bem estar. Os godos, por interesse político lhes foram favoráveis. Honório os dispensou de trabalhar no sábado e lhes concedeu liberdade de culto.
Teodorico opôs-se a qualquer
violência contra eles e ás conversões. O Império Bizantino foi difícil e os
longobardos no ano de 568 não lhes foram hostis.
Mas enquanto isso crescia o prestígio e a influência do Papado que começava a condicionar a vida dos judeus. Em realidade, a sua história durante treze séculos dependeu da personalidade dos vários pontífices.
Mas enquanto isso crescia o prestígio e a influência do Papado que começava a condicionar a vida dos judeus. Em realidade, a sua história durante treze séculos dependeu da personalidade dos vários pontífices.
Gregório Magno (590-604) hostil ao judaísmo como religião tentou as conversões, mas sem violência e lhes proibiu de ter escravos cristãos.
Entre os séculos VII e XI enquanto Carlos Magno e os francos dominavam, o Papado teve que interferir várias vezes contra as hostilidades do Clero e as conversões forçadas.
Não faltaram episódios
marcantes como aquele do rico banqueiro Baruk, que se converteu com os filhos
Pedro e Leão, e de cuja família Píer Leoni foi eleito Papa em
Roma.
Benedetto II acusou os judeus de ter profanado as imagens sagradas e promoveu uma grande perseguição. Mas, em seguida, a vida dos judeus voltou à tranquilidade.
O Clero e o Papado ocupados com as cruzadas e as investiduras não se preocuparam com os judeus, dos quais recebiam geralmente um apoio económico.
Assim foi que as leis anti judaicas, postas em prática no restante da Europa, não tiveram atuação em Roma e nem a comunidade teve restrições ao seu funcionamento e liberdade.
Em seguida, os papas lhes foram favoráveis e um deles, Alexandre III (1149 – 81), teve um conselheiro judeu: Jechiel Anaw.
Tiveram um tempo precioso e tranquilo e puderam se dedicar ao comércio da seda e dos tapetes.
Mas em 1215 com o “Concílio do Laterano”, Inocêncio III segregou os judeus num espaço especial e lhes impôs o uso de um círculo amarelo na roupa para os homens e duas fitas azuis para as mulheres.
Surgiram tempos difíceis nos anos 1200. Honório III demoliu uma
sinagoga e Gregório IX fez queimar em toda a Europa os livros religiosos
sagrados. Carlos D’Angió (1266-78) senhor da capital foi hostil ao judaísmo e Bonifácio VIII
não conseguiu evitar a matança do Rabino Elie.
Fotos dos intervinientes, pela ordem do texto acima, temos: Honório III, à esquerda; Gregório IX, no centro e na imagem da direita, Bonifácio VIII.
Isso tudo continuou quando os grupos que se alternavam no poder impunham aos judeus novos impostos empurrados pelo Papa Gregório XII.
Mas, durante as lutas internas do Papado, os judeus tiveram sossego até o final dos anos 1300. Isto favoreceu o desenvolvimento da cultura e das letras. Tornaram-se famosos na literatura, amigos de Dante Alighieri no campo das letras, filosofia, da medicina e como banqueiros e iniciaram uma emigração para o Norte.
Até o ano
1500 viveram tranquilos, realizaram congressos e a comunidade de Roma teve uma
função diretiva na península.
Com o Papa Sisto IV começaram a chegar a Roma grupos de marranos fugitivos da Inquisição da Espanha e sob o Papado de Alexandre V e de seus sucessores vieram judeus da África e de todas as partes da Europa, e se iniciou um período realmente feliz para a comunidade de Roma, após vencer as diferenças entre as várias imigrações.Mas outras crises vieram e em 1555 com a Bula de Paulo IV, os judeus foram obrigados a viver segregados, em guetos, o que perdurou até o século XVIII quando se unificou a Itália como país independente.
Esta parte da história pouco conhecida reflete como as
intransigências do Papado influenciaram negativamente a vida dos judeus, através
dos séculos.
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