Sinagoga Beth Aharon Caracas, Venezuela.
A história dos judeus da Venezuela tem início no século XVII. Quando, em 1601,
Felipe III, rei de Portugal e Espanha, permitiu aos conversos portugueses, a
"Gente da Nação", estabelecer-se nas suas colónias d'ultra-mar, muitos
partiram para o Novo Mundo, inclusive para a Venezuela.
Sabe-se de conversos que se estabeleceram em Maracaibo e Caracas. Viviam em tranquilidade; a atividade da Inquisição era esporádica, pois seus algozes nunca demonstraram zelo excessivo e, em toda a história do país, somente Joseph Diaz Pimienta foi preso e condenado à morte pelo Santo Ofício, em 1720.
Além de conversos ibéricos, estabeleceram-se na Venezuela outros grupos de judeus sefarditas, de Livorno e da Holanda, e destes últimos se originará a comunidade judaica venezuelana, nos séculos XVII, XVIII e XIX.
Sinagoga Adam y Clara Slimak - Union Israelita de Caracas, Venezuela.
A presença judaica no restante do Caribe também remonta às primeiras décadas
do século XVII. Judeus holandeses, atraídos pelas oportunidades de comércio entre
o continente e as Antilhas, assentam-se nas ilhas e territórios insulares no
Mar do Caribe. Foram seguidos por outros grupos sefarditas, fugindo à
Inquisição. Na ilha de Curaçao, então sob domínio holandês, os judeus
prosperaram rapidamente. Tornam-se influentes comerciantes marítimos, com
frequentes contatos com os venezuelanos, a quem se uniram para combater a
pirataria que vitimava a região. A história dos judeus de Curaçao vai-se
entrelaçar com as futuras comunidades judaicas da Venezuela.
Atualidade
Na Venezuela, os judeus cresceram e prosperaram, criando associações sociais,
culturais e desportivas e fundando escolas, sinagogas e centros comunitários.
Rapidamente se integraram na sociedade local, enquadrando-se como classe média
alta. Este quadro harmonioso, no entanto, modificou-se nas últimas décadas, após
a recessão que assolou o país; mais acentuadamente, de fato, desde 1998, com a
subida de Hugo Chávez ao poder.
Sinagoga Adam y Clara Slimak - Union Israelita de Caracas, Venezuela.
Em termos económicos, a comunidade judaica vem acompanhando a tendência de
empobrecimento da sociedade venezuelana, em geral, e os outrora bem-remunerados
profissionais vêem despencar o seu poder aquisitivo. A parcela judaica atendida
pela assistência social comunitária também aumenta, a olhos vistos. Outro sinal
de decadência foi o encerramento de uma das principais escolas da capital, no
bairro judaico de São Bernardino.
Sinagoga Bet El CARACAS, Venezuela.
Desde que Chávez assumiu o poder, a organização americana ADL, a Liga
Anti-difamação, tem denunciado o crescente anti-semitismo local, em grande
parte em recorrência da própria retórica presidencial e de seus partidários, à
frente de importantes pastas e controlando a mídia governamental. Decorrente da insegurança económica e política, cresce o ritmo de emigração
judaica.
Mesmo que os problemas económicos sejam preocupantes, a emigração é hoje o
principal desafio da comunidade. Segundo Pynchas Brenner, Rabino-chefe da Unión
Israelita, há três cenários possíveis para o futuro judaico na Venezuela. Se
Chávez continuar no poder por longo tempo e se mantiver a política atual, os
judeus continuarão a emigrar a uma média de 2% a 3% ao ano; sem dúvida, uma tendência
lenta, porém contínua. Se Chávez obtiver êxito com o que chama de
"Revolução Bolivariana", bem ao estilo de Fidel Castro, e adotar
políticas de extrema esquerda, 50% da comunidade deixará o país rapidamente. E
o terceiro cenário: se Chávez deixar o poder, a vida comunitária será
revigorada pelo retorno de 30 a 50% dos que tiverem partido. Somente o tempo
dirá que perfil terá, na próxima década, esta comunidade, que já foi uma das
mais bem sucedidas do continente latino-americano.
Jabad de Caracas,Venezuela.
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