quarta-feira, 9 de maio de 2012

Os judeus e Sinagogas na Venezuela




Sinagoga Beth Aharon Caracas, Venezuela.

A história dos judeus da Venezuela tem início no século XVII. Quando, em 1601, Felipe III, rei de Portugal e Espanha, permitiu aos conversos portugueses, a "Gente da Nação", estabelecer-se nas suas colónias d'ultra-mar, muitos partiram para o Novo Mundo, inclusive para a Venezuela.

Sabe-se de conversos que se estabeleceram em Maracaibo e Caracas. Viviam em tranquilidade; a atividade da Inquisição era esporádica, pois seus algozes nunca demonstraram zelo excessivo e, em toda a história do país, somente Joseph Diaz Pimienta foi preso e condenado à morte pelo Santo Ofício, em 1720.

Além de conversos ibéricos, estabeleceram-se na Venezuela outros grupos de judeus sefarditas, de Livorno e da Holanda, e destes últimos se originará a comunidade judaica venezuelana, nos séculos XVII, XVIII e XIX.



Sinagoga Adam y Clara Slimak - Union Israelita de Caracas, Venezuela.



A presença judaica no restante do Caribe também remonta às primeiras décadas do século XVII. Judeus holandeses, atraídos pelas oportunidades de comércio entre o continente e as Antilhas, assentam-se nas ilhas e territórios insulares no Mar do Caribe. Foram seguidos por outros grupos sefarditas, fugindo à Inquisição. Na ilha de Curaçao, então sob domínio holandês, os judeus prosperaram rapidamente. Tornam-se influentes comerciantes marítimos, com frequentes contatos com os venezuelanos, a quem se uniram para combater a pirataria que vitimava a região. A história dos judeus de Curaçao vai-se entrelaçar com as futuras comunidades judaicas da Venezuela.

Atualidade

Na Venezuela, os judeus cresceram e prosperaram, criando associações sociais, culturais e desportivas e fundando escolas, sinagogas e centros comunitários. Rapidamente se integraram na sociedade local, enquadrando-se como classe média alta. Este quadro harmonioso, no entanto, modificou-se nas últimas décadas, após a recessão que assolou o país; mais acentuadamente, de fato, desde 1998, com a subida de Hugo Chávez ao poder.


Sinagoga Adam y Clara Slimak - Union Israelita de Caracas, Venezuela.



Em termos económicos, a comunidade judaica vem acompanhando a tendência de empobrecimento da sociedade venezuelana, em geral, e os outrora bem-remunerados profissionais vêem despencar o seu poder aquisitivo. A parcela judaica atendida pela assistência social comunitária também aumenta, a olhos vistos. Outro sinal de decadência foi o encerramento de uma das principais escolas da capital, no bairro judaico de São Bernardino.


Sinagoga Bet El  CARACAS, Venezuela. 


Desde que Chávez assumiu o poder, a organização americana ADL, a Liga Anti-difamação, tem denunciado o crescente anti-semitismo local, em grande parte em recorrência da própria retórica presidencial e de seus partidários, à frente de importantes pastas e controlando a mídia governamental. Decorrente da insegurança económica e política, cresce o ritmo de emigração judaica.


Mesmo que os problemas económicos sejam preocupantes, a emigração é hoje o principal desafio da comunidade. Segundo Pynchas Brenner, Rabino-chefe da Unión Israelita, há três cenários possíveis para o futuro judaico na Venezuela. Se Chávez continuar no poder por longo tempo e se mantiver a política atual, os judeus continuarão a emigrar a uma média de 2% a 3% ao ano; sem dúvida, uma tendência lenta, porém contínua. Se Chávez obtiver êxito com o que chama de "Revolução Bolivariana", bem ao estilo de Fidel Castro, e adotar políticas de extrema esquerda, 50% da comunidade deixará o país rapidamente. E o terceiro cenário: se Chávez deixar o poder, a vida comunitária será revigorada pelo retorno de 30 a 50% dos que tiverem partido. Somente o tempo dirá que perfil terá, na próxima década, esta comunidade, que já foi uma das mais bem sucedidas do continente latino-americano.



Jabad de Caracas,Venezuela. 



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