Tratar o próximo como gostaríamos de ser tratados, é um princípio de
compaixão que reside no coração de todas as religiões ou tradições éticas e
espirituais. O sábio Chazon
Ish dizia das pessoas boas, cujos atos são um modelo para quem as rodeia, que
são “anjos que caminham entre os mortais”.
“e amarás o próximo como a ti mesmo”
(Levítico 19:18) – esta é a mensagem fundamental do Judaísmo, mas é também, com
certeza, a MENSAGEM de Deus à Humanidade. Porventura é esta a razão pela qual
podemos encontrar, nos mais diversos lugares do planeta, pessoas com um elevado
sentido de ética e responsabilidade social.
Dessas pessoas que escolheram
dedicar a sua vida em prol dos direitos humanos, defendendo os interesses morais da humanidade como se fosse uma causa
sua, pessoal, vamos lembrar dois homens que escolheram um caminho
honroso, que honra toda a humanidade. Os dois têm em comum serem políticos, e
ambos galardoados com o Prémio Nobel da Paz. Um deles tem uma história de vida
muito difícil. Advogado dos Direitos Humanos, combateu o apartheid, foi
prisioneiro de consciência, mas nunca se deixou vencer pelo ódio. O outro, não
se lhe conhece tragédia, mas é um exemplo de uma luta incessante pela Paz, sem nunca
se ter acomodado a uma vida fácil. Um é judeu, o outro não. Como nos ensina a
Torá, o amor ao próximo é um preceito que designa qualquer homem, sem distinção de raça, cor ou credo.
A primeira
personalidade de que vamos falar é Nelson Mandela, Mandiba como é
carinhosamente tratado. Nelson Mandela é uma figura de tal forma inspiradora,
que a ONU lhe dedicou um dia: O Nelson
Mandela International Day., comemorado a 18 de Julho, a data de aniversário
do líder africano
É através da Fundação Nelson Mandela - Nelson Mandela Centre of Memory -, que
se desenvolvem programas de educação, ou saúde. Mas, é com iniciativas como o Nelson Mandela International Day, cujo
objetivo é o de animar os cidadãos comuns a tomarem iniciativas simples que
ajudem a transformar o mundo num sítio melhor para viver, que aprendemos uma
lição valiosa: aquilo que cada um de nós decide “fazer” ou “não fazer”, faz a
diferença.
O Nelson Mandela International Day propõe
iniciativas tão simples como ler para quem não pode, abrindo-lhe novos mundos;
acompanhar um vizinho idoso ou doente às compras; proporcionar uma “hora de
leitura” na biblioteca municipal, às crianças do seu bairro; se é advogado,
oferecer pro bono os seus serviços a
quem precisa; dar um pouco do seu tempo para conversar com doentes
hospitalizados; oferecer um computador que já não quer (desde que em bom estado)
a uma instituição; oferecer um cobertor a quem precisa; voluntariar-se para
trabalhos de jardinagem nos espaços verdes do seu bairro; ajudar num abrigo
para animais abandonados; etc. Estas são algumas das 67 propostas de tarefas
que cada um de nós pode fazer, porque em todas as esferas da vida, o “fazer” e o “não fazer” de cada um de nós
faz a diferença.
A segunda personalidade é Shimon Peres.
Shimon Peres é o atual Presidente de Israel e trava desde sempre uma luta
vigorosa pela paz e pela democracia no Médio Oriente. Em 1993 levou a bom termo
a assinatura do Acordo de Paz de Oslo, e em 1994 foi galardoado, juntamente com
Yistzhak Rabin e Yasser Arafat, com o Prémio Nobel da Paz. Em 1996 funda o
Centro Peres para a Paz, a que ele chama “Uma fundação fraterna”.
As palavras que
se seguem são de Shimon Peres, mais concretamente do seu livro Tempo para a Guerra, Tempo para a Paz, e
dispensam comentários. Diz assim:
“Uma fundação fraterna”
“Acredito
que se deve lutar incessantemente pela fraternidade entre os povos e o triunfo
da democracia. À minha maneira e com os meus modestos meios, quis contribuir
para a causa da democracia. Foi neste espírito que foi criado o Centro Peres
para a Paz. Este centro tem por missão essencial manter relações fraternas
entre todos os povos do mundo. (…) O Centro, que atribui bolsas a
investigadores, não é subsidiado pelo governo mas recebe donativos privados.
Fazem parte dele bibliotecas, teatro, serviços médicos, especialmente de
oftalmologia. Graças ao Centro, é possível, à distância, examinar os olhos dos
doentes e prescrever tratamentos adequados. Criámos um fundo especial de ajuda
às crianças palestinianas feridas ou doentes. Não beneficiando de segurança
social e sendo as suas infraestruturas muito deficientes, testemunhamos
tragédias que atingem crianças que correm o risco de morrer ou de ficarem
enfermas para sempre, quando são perfeitamente curáveis. Este fundo
permitir-lhes-á serem tratadas em hospitais israelitas de alto nível. É
praticamente a única estrutura israelita com a qual a Autoridade Palestiniana
continua, contra ventos e marés e apesar das dificuldades atuais, a manter
relações.”
UMA EQUIPA PARA A PAZ
O Centro Peres para a Paz promoveu a
criação de uma equipa de futebol composta por 9 rapazes israelitas e 9 rapazes
palestinianos, cujo objetivo é o de estimular a resolução de conflitos através
da prática do desporto.
Os promotores da Equipa para a Paz sabem
que este é um pequeno passo, mas é um passo na direção certa. O facto de os
rapazes lidarem uns com os outros na prática desportiva, explora a capacidade
de se conhecerem e de, a pouco-e-pouco, irem vencendo barreiras de incompreensão,
de ódio, de ignorância.
GRACELAND – UM ÁLBUM PARA A PAZ
Terminamos este pequeno artigo com a
canção “Diamonds on the soles of her shoes”, do álbum Graceland, do compositor Paul Simon. A interpretação, gravada ao
vivo em pleno regime de apartheid, é de Paul Simon, do grupo vocal Ladysmith
Black Mambazo e outros músicos sul-africanos.
O grupo Ladysmith Black Mambazo embora
famoso na África do Sul, conheceu uma merecida projeção internacional com a sua
colaboração no álbum Graceland de
Paul Simon.
Nota: Chazon Ish – “A Visão do Homem” -, é o
título de um livro do sábio Avrohom
Yeshaya Karelitz (1878-1953) que ficou para a posteridade como Chazon Ish.
Este artigo foi uma oferta da minha querida amiga,
Sónia Craveiro.
Muito obrigada
Beijinhos.
Fontes:
A Lei de Moisés,
Torá,
editora & livraria SÊFER
PERES, Shimon, Tempo para a Guerra, Tempo para a Paz,
Dom Quixote
Imagem: Marc Chagall, O Anjo Azul
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