No antigo calendário
campestre, esta festa era marcada pela oferta no Templo dos primeiros frutos
das colheitas. No ciclo da memória judaica, o Shavuot marca o dia do encontro
no Sinai, onde Deus se revelou a Moisés e ao povo judeu. Ouviu-se a Voz
promulgando os Dez Mandamentos. A piedade judaica comentou de mil maneiras o
sentido deste encontro. Entre as mais imaginativas e as mais poéticas,
referimos a ideia de que, no Sinai, se celebrou o «casamento» de Deus com
Israel (esta é a interpretação rabínica essencial do Cântico dos Cânticos). (…)
«Os teus dois seios (são como)
duas crias de corças, gémeas de uma gazela…»
(C. dos Cânt. 4, 5) é uma alusão às duas tábuas sobre as
quais foram gravados os Dez Mandamentos, cada tábua «gémea» da outra.
O Livro de Rute
É costume ler o “Livro de Rute” na sinagoga no segundo dia
da celebração de Shavuot. Há várias explicações para este costume. Uma delas
associa-o ao facto do episódio narrado neste livro se ter passado na época das
colheitas. Outra alude ao facto de Rute ter sido bisavó do rei David que,
segundo a tradição, nasceu e morreu nessa data. Uma outra apoia-se no facto de
Rute se ter convertido ao Judaísmo; por outras palavras, Rute aceitou o
presente de Deus – a Torá.
É oportuno recordar a história de alguém que aderiu à fé e
ao povo judeu com toda a força do seu coração, porque ao receber a Torá, todos
os israelitas, de uma certa forma, foram convertidos ao Judaísmo.
O Livro de Rute é uma história lindíssima que fala de amor
e devoção entre Rute e a sua sogra, Naomi. É um livro que mostra como o amor, a
lealdade e a compaixão, seja entre membros da família ou entre completos
estranhos, pode criar um sentido de comunhão que consegue vencer sentimentos de
perda e de sofrimento.
Rute deixa a terra dos seus antepassados, para se integrar
totalmente na família do seu falecido marido, seguindo a sogra e adotando o seu
povo, a sua fé, a sua terra. Livro de Rute 1:16 – E Rute disse:
«Não me obrigues a abandonar-te,
a desistir de te acompanhar, pois para onde fores, eu irei também; o teu povo
será o meu povo e o teu Deus será o meu Deus.»
O outro participante, Boaz, por sua vez, apesar de ter
riquezas e posição elevada, não deixa de atender aos necessitados, procurando,
sem qualquer interesse, proteger e ajudar Rute e Naomi.
Livro de Rute 2:15 – Ela (Rute) se foi a trabalhar e Boaz
ordenou aos servos, dizendo:
«Que ela colha entre nossas
espigas sem que ninguém a embarace.»
As atitudes destes dois justos, Rute e Boaz, são de tal maneira
louváveis que mereceram fazer parte da Torá, através da sua história e da sua
descendência, porque é da sua descendência que virá o Mashiach, o Messias.
Livro de Rute 4:13:
E Boaz tornou Rute sua esposa e
o Eterno a fez conceber e dar à luz um filho. 16 E Naomi levou a criança ao
colo e se tornou sua ama. 17 (…) E o chamaram Obed, que se tornou pai de Jessé,
que por sua vez se tornou pai de David.
A História de Rute
Filme dobrado em português
(02.11h)
Com os
agradecimentos, sempre especiais para a minha querida amiga que mais uma vez me
ofertou este belíssimo artigo.
Sónia Craveiro
Muito obrigada J
Fontes:
Fontes: HERTZBERG, Arthur,
JUDAÍSMO, Editorial VERBO; A Lei de Moisés – Torá, editora &livraria Sêfer.
Fig.2 – Julius Schnorr von
Carorlsfeld, Rute no campo de Boaz, 1828;
Fig.3, 4 e 5 – Thomas Mathews
Rooke, A História de Rute, 1876.
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