O Bairro Judeu de Jerusalém é a região da cidade que é menos histórica, mas ao mesmo tempo tem mais historia para contar.
Andar pelas ruas do bairro chega a ser estranho pois tudo é tão novo e bem conservado, em relação ao resto da cidade que é feita de prédios com 4.000 anos de história.
O motivo? O bairro Judeu foi totalmente destruído pelos Nazis em 1948, depois invadido pela legião Árabe foi governado pelos Jordanos por dezanove anos até que o Estado de Israel foi então formado, e o bairro reconstruido do zero em 1967.
Em 1948 existiam 1600 pessoas no bairro, muitas morreram nos conflitos, algumas foram levadas para Jordânia como prisioneiros de guerra, e os demais foram expulsos da cidade através do Portão de Zion – que na crença Judaica tem um enorme significado religioso, acredita-se que foi ali que o Rei David foi enterrado. Depois da expulsão dos habitantes, o bairro foi completamente queimado, com a intenção de que nada sobrasse.
Tudo foi destruído Templos, Sinagogas e vários locais históricos. Em 1967 o processo de reconstrução recomeçou, e até hoje não terminou.
A principal Sinagoga do bairro (e da cidade) a novíssima Sinagoga Hurva, foi apenas “inaugurada” há poucos meses atrás (tanto que nem sequer é mencionada nos guias manuais, e tem causado conflitos e pisado em alguns calos Árabes, já que ambos os bairros são são próximos e tão interligados.
Mas a área principal mesmo da cidade, é o Muro das Lamentações , que ao contrario do que o nome sugere, não é usado para lamentar no sentido literal da palavra, mas acima de tudo, para agradecer a Hashem, para rezar por paz, por algum familiar ou amigo doente, por alguém que já partiu, por alguém que vai nascer, etc... É o lugar mais sagrado e mais importante de Israel.
Hoje em dia já não existem templos judaicos no topo e a área é considerada território Muçulmano, mas tudo que sobrou foi o muro, e é lá que Judeus e não judeus de outras partes do mundo se reúnem em fé e oração.
A praça do muro no "auge" do Shabath
Outro local para ser visitado no bairro Judeu, é a Via Cardo, que é uma avenida romana antiga e central, construída em Jerusalém no século IV, onde ainda hoje se podem ver as colunas e a estrutura da mesma. Como a cidade foi construída e reconstruída em vários níveis e “camadas” essa parte da cidade Romana ficava na verdade no subterrâneo do antigo bairro Judeu, e portanto sobreviveu as destruições Nazis.
O Bairro também tem alguns museus interessantes: O Museu Arqueológico Whol, onde estão expostos alguns dos artefactos resgatados dos escombros do bairro durante a sua reconstrução depois de 1967, incluindo mosaicos, objectos pessoais, moveis, louças e varias outras coisas que contam um pouco da historia da antiga Jerusalém Judaica.
Outro museu importante no bairro é a “Casa Queimada” que nos conta um pouco da historia das escavações, da reconstrução do bairro, através de varias relíquias arqueológicas, inclusive alguns pedaços do que se acredita ser parte do Segundo Templo, destruído pelos Romanos em 70D.C.
Mas não dá para negar a energia do lugar… Todos dias, no final dos nossos passeios turísticos voltávamos para o bairro Judeu, e ficamos a admirar a vista e absorvendo a energia do local, assistíamos ao por-do-sol que ilumina o Muro e o Domo da Rocha.
Depois de ter visitado lugares como Auschwitz na Polónia e os monumentos do Holocausto em Berlim fez-me apreciar o que aquele pequeno bairro significa para o povo de crença Judaica.
Escrito por: Adriana Miller
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