sexta-feira, 31 de julho de 2015

Cartas de Lisboa | Vaetchanan‏




Vaetchanan




"A partir de aí procurarás o Senhor vosso D-us e encontrá-lo-ás se O procurares com todo o teu coração e toda a tua alma." (Devarim 04:29)



Este é um verso da nossa Parsha claro. Se buscarmos D-us, vamos seguramente encontrá-Lo.


O que precisa de ser esclarecido é a expressão "de aí." A que é que o verso se refere? A que local ou que situação se refere?


Muitos comentaristas entendem a expressão "de aí" como uma situação em que erramos. A Torá estaria portanto a incentivar uma pessoa que fez más escolhas para retornar a D-us.


Dom Abarbanel questiona esta premissa. O verso seguinte diz: "Quando estiveres em perigo... voltarás para D-us."


Que sentido faria ter ambos os versos a descreverem a mesma experiência?


Assim, explica Dom Abarbanel, "de aí" significa algo completamente diferente. É uma referência diz ele, aos membros do Povo Judeu forçados a deixar publicamente a sua fé. É para essas pessoas que o versículo chama "A partir de aí você procurará D-us."


É por isso que, diz Dom Abarbanel, o verso continua "com todo o teu coração e toda a tua alma." Embora limitados na sua capacidade de expressar em comportamentos os seus compromissos mentais, D-us garante-lhes que Ele ouvirá o chamamento do seu coração e da sua alma.


Vamos honrar todos aqueles que permaneceram fiéis a D-us com o coração e alma fazendo o que eles queriam fazer mas não conseguiram. Exibindo orgulhosamente a nossa identidade Judaica ao estudarmos a Torá e ao executarmos os Mitzvot.


Shabat Shalom!




Cortesia do Rabino
Eli Rosenfeld

chabadportugal.com

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Árvore das Lágrimas | Cartas de Lisboa





Devarim - Tisha B'av
B”H




Árvore das Lágrimas


O dia Nove do mês de Av marca o aniversário da destruição do Templo em Jerusalém.


Embora seja um momento de luto e tristeza, é também um momento de resiliência. Um momento em que nos lembramos do nosso passado e olhamos para a frente para um futuro radioso.


O livro de Echá (Lamentações) descreve-nos Jerusalém em perigo mas termina com um apelo à ação - ao retorno e à reunião do Povo Judeu com D-us.


Este tem sido o padrão de resiliência seguido pelo Povo Judeu ao longo da nossa história. Numa peça escrita de grande poder e com enorme carga emocional, o Rabino Abrão Sabá conta-nos a sua "destruição" pessoal em Portugal.


"Por decreto real, a minha biblioteca no Porto foi confiscada ... arriscando a minha vida mantive comigo um manuscrito, o meu comentário à Torá ... o meu bem mais precioso.


Ao chegar a Lisboa, - que seja reconstruída rapidamente e nos nossos dias – espalharam-se aterrorizantes notícias. Quem pegasse em textos judaicos ou objetos religiosos seria morto.


Fora de Lisboa, juntamente com dois companheiros Judeus, cavámos um buraco. E debaixo de uma oliveira eu enterrei o trabalho da minha vida.



Era uma linda oliveira, salvaguardando as minhas ideias e pensamentos sobre a Torá. Para mim, era uma árvore de lágrimas."



Depois de ter sofrido o rapto e a prisão dos seus filhos, o Rabino Sabá chegou eventualmente á segurança em Marrocos.


"Lá eu decidi reescrever de memória o meu comentário da Torá. Para ser capaz de compartilhar o que havia sido perdido, e para restaurar a coroa à sua antiga glória."


O Rabino Sabá não desistiu. Depois de tudo o que tinha sofrido, ele começou mais uma vez a registar os seus ensinamentos da Torá para compartilhar com todos nós.


No entanto, às vezes, na reconstrução do seu comentário, ele escreve: "Eu tinha uma bela explicação para esta passagem difícil, mas não me lembro o que era ..." Muitos dos seus preciosos ensinamentos permaneceram escondidos debaixo de uma oliveira em Portugal.


Aqui em Portugal, ao lermos as palavras do Rabino Sabá e ao sermos inspirados pela sua sabedoria, temos também a esperança de poder transformar a árvore de lágrimas numa árvore de alegria.



Shabat Shalom!

Cortesia de Rabino
Eli Rosenfeld
chabadportugal.com







Fontes das imagens:

https://en.wikipedia.org/wiki/Devarim_(parsha)
http://gigantesdafloresta.blogspot.pt/2011/11/oliveira-milenar.html
http://www.artsandactivities.com/AA0414.html

quinta-feira, 16 de julho de 2015

O dia de hoje na história judaica | 29 Tamuz 5775




Falecimento de Rashi (1105)



Rabi Shlomo Yitschaki, conhecido como "Rashi", faleceu em 29 de Tamuz, 
no ano 4865 da era judaica. (1105 EC).


Rashi nasceu em Troyes, França, em 1040. Os seus comentários sobre a Torá, Profetas e Talmud são universalmente aceites como um instrumento fundamental para a compreensão destes textos, tanto para eruditos como para estudantes.


Casas antigas com estrutura de madeira na Rua Emile Zola, Troyes.
(Bairro antigo desta cidade mas já posterior à época do seu nascimento)


Diversos comentários foram feitos sobre seus próprios comentários. Nas suas famosas "Palestras sobre Rashi", o Rebe demonstrou repetidamente como o estilo de Rashi, de "significado simples do texto", abrange muitas camadas de significado, sendo que algumas vezes  resolve dificuldades profundas no texto e apresenta interpretações novas e inovadoras com uma simples escolha de palavras ou apenas parafraseando uma passagem do Midrash.



Ler mais sobre Rashi:




Pintura do Rashi:
http://shesileizeisim.blogspot.pt/