quarta-feira, 7 de maio de 2014

O dia de hoje na história judaica - 7 Iyar 5774





Gueto de Veneza (1516)


Praça principal do gueto de Veneza.



A 7 de Iyar de 1516, o Conselho da Cidade de Veneza decretou que todos os judeus fossem segregados numa área específica da cidade. O Gueto de Veneza era cercado pela água, com um canal levando aos seus portões. À noite os “guardas cristãos” patrulhavam as águas ao redor do gueto para garantir que o toque de recolher nocturno não estava sendo violado. Na mesma época da criação deste gueto, numerosas outras leis degradantes foram decretadas, incluindo a exigência de que todos os judeus portassem estrelas amarelas como identificação.




Apesar de todas essas restrições, a comunidade judaica prosperou e funcionava normalmente. Em 1797, o gueto foi abolido por Napoleão durante a Revolução Francesa.





O local escolhido para acomodar os judeus certa vez tinha abrigado as fundições, gettos em italiano – e assim a palavra “gueto” se popularizou em toda a Europa para descrever as partes da cidade onde os judeus eram forçados a residir.



Os judeus em Veneza



Do Campo San Polo (no bairro do mesmo nome) para Cannnaregio, um dos sestieri, menos concorridos por turistas, recorremos pois à sola dos sapatos, com o fim de penetrarmos em mais um pouco da história veneziana, depois de recordarmos outra obra, esta nada policial, mas acesamente polémica e poética: “O Mercador de Veneza”, do Grande Shakespeare. 




O Ghetto é a zona de Veneza na qual numerosos judeus, desde 1516 a 1797, viviam confinados, do nascer ao pôr-do-sol, guardados por portões e guardas vigilantes. Seria aqui, neste primeiro Ghetto do mundo (a palavra veneziana “ghetto” provém de uma ilha onde existia uma fundição que fabricava peças para a artilharia da cidade de Veneza, o nome foi depois dado a todos os enclaves judeus em todo o mundo) que viveria Skylock, o “nosso” mercador de Veneza.




Aos judeus era permitido construir casas mais altas do que no resto da cidade, para que daquela zona não saíssem, bem entendido, por isso esta é a zona da cidade na qual os edifícios chegam a ter oito andares, apesar de termos contado apenas o máximo de sete.




Os judeus não podiam adquirir terra fora dos guetos portanto, durante períodos de crescimento populacional, os guetos ficavam estreitos, altos e as casas super populadas. Residentes tinham o seu sistema de justiça. À volta do gueto havia por vezes muros e durante pogroms eram fechados desde o interior ou desde o exterior durante o Natal e Páscoa. Frequentemente, os residentes do gueto tinham de ter um passe para se poderem dirigir a sítios fora do gueto.




O termo gueto vem do Gueto de Veneza do século XIV. Antes da designação desta parte da cidade para os judeus, era uma fundição de ferro (gueto), e daí o nome. Outras etimologias sugeridas para a palavra incluem a palavra grega Ghetonia (Γειτονία, vizinhança), a italiana borghetto para "pequena vizinhança" ou a palavra hebraica get, literalmente "nota de divórcio."




A partir do exemplo do gueto de Veneza, o nome foi usado para vizinhanças judaicas. Em Castela, em Maiorca e em Portugal eram chamadas de "Judiarias". Curiosamente, o quarteirão judaico de Veneza era uma zona rica da cidade, habitada por mercadores e emprestadores de dinheiro.



Shylock, o “judeu” de Veneza, foi o primeiro
Banqueiro que conhecemos



Hoje em dia, muitas famílias judaicas ainda vivem na zona, procedendo orgulhosamente a visitas guiadas pelas sinagogas ainda existentes e no Museu hebraico.




Também o Holocaust Memorial ali está para evocar as atrocidades cometidas pelos nazis contra os judeus.




Fosse porque as memórias eram dolorosas, ou porque a Dama queria mostrar o seu lado mais cinzento, o certo é que a partir do Ghetto Novo, o céu se pintou de negro, e a borrasca caiu-nos literalmente em cima.






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