Pirquei Avot Capítulo 5
No Capitulo 5 de Pirquei Avot, a
Mishná descreve quatro abordagens diferentes à dádiva de caridade.
“Há quatro tipos de pessoas que contribuem para a caridade.
Aquele que quer dar mas não quer que os outros deem porque invejam os outros.
Aquele que quer que os outros deem mas não quer dar porque tem inveja dele
mesmo. Aquele que quer que dar e que os outros deem, é um “chassid”. Aquele que
não quer dar e que nem os demais deem, é um malvado.” (5:13)
Numa análise penetrante, Dom Abarbanel ilumina a natureza e
a motivação destes diferentes tipos de pessoas e o seu comportamento.
“Porque é que alguém colocaria
objecções a outra pessoa dar caridade?”
Dom Abarbanel explica que o “chassid” o Homem por
excelência no Pirquei Avot, quer garantir que quem precisa tem a ajuda que
necessita.
Para que tal aconteça, ele está disposto a dar dos seus
próprios meios, e em última análise não se interessa com a honra que possa vir
deste acto de ajudar o próximo. Não tem o menor problema em partilhar a ribalta
para garantir que outros também contribuam. O que interessa é que o problema
seja resolvido.
As categorias intermediárias são de
pessoas que observaram este comportamento e com ele aprenderam, mas que não
estão na disposição de abandonar as suas tendências naturais.
Um está pronto a contribuir mas a honra
que daí advém é importante para ele, e assim não encoraja os outros também a participar.
Outro não se preocupa com as questões de estatuto e de fama mas tem grande
dificuldade de se separar das suas possessões materiais.
Finalmente, naturalmente, há a pessoa
que luta contra estas duas tendências. Este não está disponível nem para contribuir
e nem para ver os outros na ribalta.
O Rebe Lubavitcher retira uma fascinante
lição do facto que a Mishná inclui estes dois últimos arquétipos.
Aqui temos pessoas que simplesmente não
contribuem para a caridade e ainda assim a Mishná refere-se a eles e inclui-os
na categoria de “aqueles que dão caridade”. Porquê?
Diz o Rebe – ainda que nem todas as
pessoas tenham sempre a força e a coragem para fazer o que é apropriado, a
nossa Neshamá, a nossa Alma quer sempre ajudar os outros.
Ainda que tal não seja exteriormente
visível, a Neshamá em nós, está sempre cheia de uma força ardente. Por isso,
mesmo quem ainda não mostre características de bondade e compaixão a pessoa é
ainda assim um “dador de caridade” em potencial.
Shabat Shalom!
Cortesia do Rabbi
Eli Rosenfeld
chabadportugal.com
Pinturas de Richard Weisberg
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