quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Um poema sobre o Shabat!




KI ESHMERA SHABBAT

Abraham ibn Ezra
 
 
 

Ki eshmera Shabbat/E-l Yishmreini, ot he l’olmei ad beino uveini.
 
“Se observo o Shabbat, D’us me protegerá/Este é o sinal eterno da aliança entre Ele e eu.”
 

 
  
    Ki Eshmera el Shabbat é um poema de Abraham ibn Ezra (Rabino Abraham ben Meir ibn Ezra/Abenezra - Tudela, 1089/Calahorra 1167?). O poema explica o que é o Shabbat, o que é permitido e o que é proibido fazer nesse dia. Explica igualmente que nesse dia não se fazem tarefas quotidianas, que o melhor é estudar a Torá. Shabbat é um dia solene, mas de prazer e alegria.
 

     Propomos a audição de Ki Eshmera Shabbat pelo Grupo Música Antigua, sob a direção de Eduardo Paniagua (especialista de músicas da Espanha medieval) e de Jorge Rozemblum (especialista em canto hebraico).
 
 
 
 
Abraham ibn Ezra

(Tudela, 1089/Calahorra, 1167?)
 

 
    Abraham ben Meir ibn Ezra nasceu em Tudela (Navarra), quando a cidade estava sob domínio muçulmano. Ali passou a sua infância e juventude, tendo estudado tanto a cultura judaica, como a árabe, nos seus diversos campos. Ibn Ezra, além de profundo estudioso e conhecedor da Torá, foi poeta litúrgico e secular, filósofo, gramático, tradutor, matemático, médico, astrónomo e astrólogo.
 Ibn Ezra era amigo de Judah Halevi. Diz a tradição que casou com a filha de Judah Halevi. Depois da morte de três dos seus filhos e de um outro se ter convertido ao Islão, Ibn Ezra tornou-se um viajante. Viajou pela África do Norte, passando pelo Egipto e atingindo Terras de Israel; na Europa, por Itália, França e Inglaterra. Foi durante o exílio que impôs a si mesmo, que escreveu algumas das suas obras mais brilhantes. Em Itália, descobriu que os judeus não conheciam a gramática hebraica. Escreveu, então, um tratado sobre a língua hebraica que se tornou um best-seller do seu tempo.


   Introduziu o sistema decimal nas comunidades judaicas da Europa cristã, usando as letras hebraicas de alef a tot, para os números de 1 a 9, acrescentando um sinal especial para o número 0.
 
Página com um dos manuscritos de comentários da Torá, de Abraham ibn Ezra (Manuscritos, séc. XIV-XV, Seminário Teológico Judaico, Wrocław)

 
    O trabalho mais famoso de Ibn Ezra, são os comentários da Bíblia. Ao contrário de Rashi, Ibn Ezra não usou o midrash para as suas explicações, concentrando-se na gramática e no significado literal do texto. Abraham ibn Ezra foi fortemente influenciado por Solomon ibn Gabirol, introduzindo nos seus comentários bíblicos muitas reflexões de Gabirol, particularmente no que respeita à interpretação do Jardim do Éden. Ibn Ezra sugeriu que o mundo inteligível emana diretamente de D’us, e tal como D’us é eterno, mas o mundo terrestre teria sido criado no tempo e através da mediação do mundo inteligível.
 
Bereshit bará Elohim et hashamayim ve’et ha’aretz
“No princípio criou D’us os céus e a terra”
 
     Segundo Ibn Ezra a descrição bíblica da Criação, relata apenas no que concerne ao mundo terrestre. De acordo com esta posição, Ibn Ezra interpreta a palavra Elohim (“D’us” – Génesis 1:1) como o mundo inteligível ou os anjos, e a palavra bará (criou) como “Ele limitou”.
     Ibn Ezra dividiu o Universo em três “mundos”: “o mundo superior” da inteligibilidade ou dos anjos; “o mundo intermédio” das esferas celestes; e o, “mundo inferior sublunar”, que teria sido criado no tempo.
As suas imagens da Criação influenciaram profundamente gerações futuras de cabalistas.
Gén. 1:1
 
Nota: A cratera Abenezra, da Lua, foi assim chamada em homenagem a Abraham ibn Ezra.
 


Este artigo foi elaborado na íntegra pela minha querida amiga,

Sónia Craveiro,

que me presenteou com mais uma magnífica partilha.

Muito obrigada J

Beijinhos




Imagens: Fig. 1, 2 e 3 – Kaufmann Haggadah (Catalunha), séc. XIV.
Fontes:


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