UM
VIOLINO DA ÁSIA CENTRAL
Há dias, a deambular pelo blog do meu amigo Carlos – Por Terras de Sefarad -, deparei com
este vídeo. Fiquei encantada com a música, com o timbre do instrumento solista,
com os intérpretes, enfim, com tudo. Nele a orquestra – Ashkelon Andalusian
Orchestra de Israel -, dirigida pelo maestro Tom Cohen, acompanha o músico Mark
Eliyahu, intérprete de kamancheh, um
tipo de violino típico da Ásia Central. Pareceu-me, pois, apropriado escrever
ente apontamento no Dia Internacional da Música.
Mark
Eliyahu
Mark Eliyahu, nasceu em
1982 na República do Daguestão, e cresceu numa família de tradição musical. Aos
quatro anos de idade começou a estudar violino, continuando o estudo deste
instrumento depois da família se ter mudado para Israel. Aos dezasseis anos,
encorajado pelo pai, o compositor Piris Eliyahu, viajou para a Grécia com o
objetivo de continuar os seus estudos musicais. Foi lá que ouviu o kamancheh, tendo então decidido viajar
para o Azerbaijão, onde estudou este instrumento sob a orientação do mestre
Adalat Vazirov.
KAMANCHEH
Kamancheh
tradicional (3 cordas de seda)
O kamancheh é
um instrumento de cordas friccionadas, originário da Pérsia, e descende do rebab, um instrumento que se conhece
desde o século VIII, associado à cultura islâmica e antecessor do moderno
violino. O kamancheh tradicional tem
três cordas de seda, ao contrário do moderno que tem quatro cordas de metal, e
uma caixa de ressonância em madeira, em forma de cabaça, habitualmente coberta
com uma membrana, que pode ser de pele de carneiro, bode e às vezes de peixe. A
palavra kamancheh significa “pequeno
arco” em persa (kæman, arco, e cheh, diminuitivo). É um instrumento
muito popular na música clássica do Irão, Arménia, Azerbaijão, Uzbequistão e
Turquemenistão.
Kamancheh moderno (4 cordas de
metal)
Detalhe, Bahram Gur e a Princesa no Pavilhão
Vermelho, Irão, período safávida, c.
1560
Nesta pintura do século
XVI, que descreve uma festa na corte do rei persa Bahram Gur (421-438), podemos
observar, da esquerda para a direita, o daf (percussão de pele), uma harpa
arqueada, o kamancheh e o santur persa (semelhante ao saltério na
Europa).
Executante de kamancheh, desenho a carvão, 1996, Mehrdad
Jamshidi, Irão
Dia
Internacional da Música
O Dia
Internacional da Música foi proposto pelo grande músico e violinista Yehudi
Menuhin, na altura Presidente do
Conselho Internacional da Música (International Music Council). Foi celebrado pela primeira vez a 1 de Outubro
de 1975 e são seus objetivos:
«-a
promoção da arte musical em todos os sectores da
sociedade;
- a aplicação dos
ideais da UNESCO de paz e amizade entre os
povos;
-a evolução
das culturas, a partilha de experiências e a apreciação mútua dos diversos
valores estéticos (...)»
É
justamente neste espírito, que fechamos com uma canção da antiga Pérsia, mais
concretamente do Afeganistão – Laili Djân. A gravação pertence ao CD
Orient – Occident, do grupo Hespèrion XXI, sob a direção de Jordi Savall. Os
músicos desta faixa são: Khaled Ahrman (rebab), Osman Ahrman
(tulak), Dimitris Psonis (santur), Driss al Maloumi (alaúde), Siar
Hashimi (dardouka), Pedro Esteban (pandeireta).
Este artigo foi copiado na integra do Blog " Por Terras de Sefarad", de: Carlos Baptista
Fontes:
Sónia Craveiro
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